Emma

Capítulo 2


Ela estava intrigada, não parava de pensar na menina que mais cedo esteve em seus braços. Seus olhos! São os mesmos olhos, olhos que a encheram de esperanças com promessas veladas. Promessas nunca cumpridas. Promessas que a machucaram. Sua mente em um turbilhão de pensamentos e emoções tornando difícil manter o foco. Ouvindo a voz de Wendy, a técnica em DNA substituta de Sanders, ela desperta de suas divagações.

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- Você está bem? - ela se pergunta se está tão evidente o quão mexida ela está com a situação em que se encontra dado a quantidade de vezes que perguntaram por seu bem-estar.

- Estou ótima. - as duas se encaram alguns segundos até Sara desviar o olhar para os papéis nas mãos de Wendy, na mesma hora em que Vartann chega.

- O resultado da análise de sangue. Eu comparei o sangue encontrado na garrafa e bate com o da vítima, mas o da segunda amostra é desconhecido, só posso dizer que é feminino. - esclarece entregando os papeis com os dados da análise da amostra na garrafa e os dados da amostra encontrada no chão do quarto da menina.

- Sabemos com certeza que não é da menina, é presumível que seria compatível em alelos com a vítima se o sangue fosse da filha. - Vartann articula.

- Correto, comparei as duas amostras e não há nenhum alelo em comum, portanto, a segunda amostra, ou é do assassino, ou...

- Ou a menina não é filha da vítima ou assassino deixou rastros de sangue quando foi atrás da menina. - Sara conclui.

- Se for mesmo isso então por que não a matou? - Vartann questiona.

- Talvez não tenha tido tempo. - assim que terminou de falar Sara sai deixando-os confusos.

~.~

- Olá doutor! - Sara cumprimenta forçando um sorriso a fim de evitar mais questionamento.

- Soube que Grissom está de volta. - ele diz animado, devolvendo o sorriso.

- Não se anime tanto doutor, é só por alguns dias. - doutor Robbins desmancha o sorriso e decide mudar de assunto.

- Vamos a vítima. - se volta para mulher estendida no balcão - A julgar pela quantidade de perca de sangue eu diria que sua vítima morreu de hemorragia externa, o corte feito pelo assassino não seria o suficiente para matá-la se tivesse recebido ajuda de imediato - mostra o local abaixo do abaixo das costelas esquerdas, um corte raso de aproximadamente seis centímetros - também encontrei algumas escoriações nos braços- desloca o braço esquerdo e depois o direto para mostrar as marcas que começam a ficar roxas, próximas as axilas - o assassino a segurou forte com as duas mãos e a jogou no chão causando um pequeno galo na cabeça. - ele olha para Sara e percebe sua inquietação - Algum problema?

Ela o olha.

É claro que eu não estou bem. Grita mentalmente Mas se eu não ficar vão me tirar do caso.

- Não. - fala convicta e sai decidida a falar com a menina

~.~

- Oi! - ela adentra a sala e encontra a menina sentada em uma cama de colchão fino, e com as pernas flexionadas ao peito - Posso sentar? - ela pergunta, a menina a olha e acena positivamente. Ela senta próxima a criança que imediatamente sobe em seu colo agarrando-se a seu pescoço - Tudo bem. - Sara afaga seu cabelo como na primeira vez.

- Você vai encontrar quem fez aquilo com a minha mãe não é? - ela engole seco com a confiança que a menina deposita nela.

- Sim eu vou. - promete. E ela faria. Sem saber por que ela se pegou pensando que faria qualquer coisa por essa menina.

- E o meu pai? - pergunta inclinando o rosto para encarar Sara.

- Seu pai?

- Ele tá viajando. - explica secando as lágrimas.

- Tudo bem, primeiro me diga qual é o nome do seu pai. - pergunta temendo a resposta.

- Thomas. - Sara quase engasga com a própria saliva. Olhando a garota silenciosamente ela medita na esperança de ser apenas coincidência.

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- E o seu nome?

- Samantha. - ela afasta-se da menina em choque. Como ele foi capaz?

Respirando fundo ela tenta acalmar-se - Ok, Samantha, nós vamos falar com o seu pai o mais cedo possível. - aproxima-se novamente.

- Aí eu vou poder sair daqui?- arqueia a sobrancelha em um gesto conhecido por Sara.

- Sim você vai, mas antes preciso que me diga o que você viu noite passada. - a menina a olha com novas lágrimas nos olhos, enxugando-as rapidamente com a manga da camisa.

- Depois do jantar mamãe foi lavar a louça, ela gosta de lavar louça, ela diz que acalma. - ela sorrir pela primeira vez - Eu fui para o meu quarto esperar por ela pra meu beijo de boa noite, quando percebi que ela estava demorando, desci e quando estava na escada eu a vi discutindo com a Emma, perguntei o que estava acontecendo e ela disse que não era nada e que era pra mim voltar pro quarto que logo ela iria subir. Eu voltei e esperei, mas ela não apareceu ai eu fui até a escada e vi que a Emma já tinha ido e não vi minha mãe - funga tentando conter o choro - chamei por ela e ela nã-não respondeu - vacila na explicação, as lágrimas correndo soltas - de-de-desdesci para procurá-la e e-e-ela tava caída no chão, eu fiquei com muito medo, cheguei p-perto dela e chamei de novo, mas ela não respondeu - funga novamente esfregando furiosamente a manga da camisa sobre os olhos - lembrei de quando meu pai disse que se acontecesse qualquer coisa estranha era pra ligar pra polícia e sempre deixa o número na porta da geladeira, ai eu liguei e fui pro meu quarto.

- Então quando você encontrou sua mãe, não viu mais ninguém? - pega as mãos da menina fazendo círculos com o polegar carinhosamente.

- Não. - fala baixinho.

- E essa Emma quem é?

- É amiga do papai, ela foi algumas vezes lá em casa. - colocas as pernas para fora da cama balançando-as distraidamente enquanto olha para o chão.

- E tem sobrenome essa Emma?

- Murrie. - olha de relance para Sara - A Emma tá com problemas? - pergunta cautelosamente.

- Eu não tenho certeza. - decide não mentir para a menina - E ela trabalha com seu pai?

- Não.

- Você sabe onde encontrá-la?

- Mais ou menos, eu já fui com papai lá, mas não lembro bem onde fica, mas é um lugar bem bonito, é um prédio alto e fica numa rua com muitas lojas e também tem um monte daquelas máquinas de jogos, acho que o nome é Belájo...

- Você quer dizer Belágio?

- Sim.

- Obrigada Samantha, você é uma menina muito esperta e fez tudo direitinho. - sorrir para a menina.

- Eu só quero que encontrem quem fez isso com minha mãe e sair daqui.

- Logo seu pai virá e você irá sair. - conforta.

Antes de voltar ao laboratório Sara liga para Vartann informando sobre as descobertas durante a conversa com Samantha.

~.~

- Sara. - cansada ela está deitada em um dos bancos do vestiário quando o detetive a encontra - Encontrei a garota e advinha? - ele diz enquanto Sara senta-se dando espaço para ele - Ela só tem 17 anos.

- Uma menor?

- Sim, ela está na cidade há alguns dias com um tutor provisório. Os pais morreram a algumas semanas, deixando a guarda provisória para um tio até que encontrassem seus pais biológicos. Eles estão aqui.

- En... - antes que Sara fale algo mais Wendy entra com a expressão assustada.

- Sara até que enfim te encontrei.

- O que aconteceu para estar com essa cara?- Sara apressa-se a dizer levantando-se.

- Lembra a amostra que encontrou no quarto da menina e que eu não estava encontrando o doador da amostra? - Sara assente - Então resolvi procurar no CODIS por algum familiar, ver se encontrava alguém com alelos em comum e encontrei.

- Isso é bom.

- Eu sei, eu sei, mas é que tem algo mais que você precisa saber, a pessoa que encontrei é do laboratório...

- E?- Sara a corta.

- E é você. - diz de supetão fazendo Sara dar um passo para trás assustada com a afirmação de Wendy.

- O que? Tem certeza. - estreita os olhos para a morena.

- Olha, eu também quase não acreditei, por isso fiz a busca por mais três vezes para ter certeza e sempre aparecia você. - assim que Wendy termina de falar Sara sente os joelhos fracos e a tremerem, senta-se no banco e põe a mão direita na cabeça e a outra em cima da coxa.

Um parente? Não pode estar certo.

- Qual alelo em comum?

- O doze, foi por isso que eu precisei ter certeza, eu sei que você nã...- ela para ao notar que Sara não está prestando atenção. O olhar distante, o rosto pálido.

Vartann olha para Wendy pedindo em silêncio para que se retire. Assim que ela sai, ele senta-se ao lado de Sara e põe a mão em cima da dela.

- Não pode ser. - lágrimas teimosas correm por seu rosto - E se for realmente verdade? - ela o olha tristemente.

Uma filha? Como?

Confuso ele não sabe o que dizer. Eles não são amigos, porém o tempo de trabalho juntos e o comprometido com os casos por parte dela é determinante para que cada dia ele a admire mais, por isso ele sente o desejo de confortá-la, mas sem saber como, silenciosamente ele aperta a segura a mão.

Nesse mesmo instante, Catherine chega, sem ser notada ela observa a cena antes de pigarrear para notarem sua presença fazendo-os assustarem-se. Vartann solta à mão de Sara instantaneamente. Sara vira-se escondendo o rosto e limpando as lágrimas imediatamente.

- Desculpem-me não queria atrapalhar. - ela os olha, curiosa, notando os olhos inchados de Sara.

- Não se preocupe. - Sara levanta-se - Nós já estávamos saindo, temos um interrogatório.

Os dois saem em silêncio. No corredor perto da sala de interrogatórios Vartann decide quebrá-lo.

- Você está bem? Posso fazer isso sozinho.

- Estou bem. - ela fala com firmeza, ele a olha cético - É sério, estou ótima. - força um sorriso e ele mesmo ainda não acreditando abre a porta para que ela entre primeiro.