「II • Marie」 Jardim

Marie estava no camarote do segundo andar, observando satisfeita o suntuoso palco onde os vinte escolhidos para o projeto tinham se reunido há algumas horas.

As peças estavam postas, e o jogo havia começado.

O senhor Jang entrou no camarote trazendo consigo uma pasta cheia de documentos e sentou-se ao lado da presidente.

— Trouxe tudo que a senhora pediu para hoje.

A mulher deu um pequeno sorriso e pegou os arquivos das mãos do homem, começando a examinar um por um.

Vivienne Choi. Francis Oh. Astrid Yoon. Hansol Lacroix. Jieun Clermont…

Cada pessoa escolhida para o projeto era especial, e se tudo ocorresse como o planejado, seus destinos se mesclariam como um saboroso smoothie colorido. O mistério que ela plantou havia brotado inesperadamente em suas vidas, assim como uma pequena flor. Se isto os beneficiaria ou prejudicaria, a decisão seria apenas deles.

De qualquer forma, a poderosa Marie iria sair ganhando como sempre. E isso era o que mais importava.

— Hã… Peço perdão pela interrupção, mas eu tenho algumas perguntas, senhora.

Marie desviou o olhar dos documentos e encarou o homem friamente. Seu olhar sério o fez engolir em seco antes de prosseguir.

— Alguns desses indivíduos parecem perigosos demais para a estabilidade da empresa. Não vão se tornar pedras em nossos sapatos? Estamos com problemas demais para novos empecilhos, e eu acho que--

— Eles são a solução. — O sorriso nos lábios de Marie era enigmático e firme. Ela sabia o que estava falando e estava deixando isso claro.

— Por favor, escute o que tenho para dizer. Não acho sábio usar essas pessoas. Por exemplo, esse Wallace é um hacker e já expôs vários empresários corruptos. Len é procurado pela polícia por envenenar alguém e por agredir oficiais da justiça. E Yeri e Astrid são apenas crianças! Não entendo como iriam contribuir com o projeto...

— Senhor Jang, cada uma das vinte pessoas foi escolhida por ter potencial. Não por mim, mas pelos melhores do ramo. Há gente encarregada em garantir que não haja interferências em meus planos. Acredite, os escolhidos vão cooperar... E caso não cumpram as tarefas que receberem, receberão suas punições e procurarei por outra organização para selecionar minhas peças.

— Mas...

— Sem mais “mas”, senhor Jang. A não ser que queira perder o emprego agora, então sinta-se livre a continuar expressando suas objeções.

— Você não ousaria me demitir — alterou-se.

— Teste-me.

Um silêncio avassalador preencheu o teatro por alguns minutos, com Jang chocado pela ameaça de sua superior.

Ela sorriu novamente e jogou o cabelo para trás.

— Os vinte têm duas semanas para cumprirem a tarefa. Se não a decifrarem até lá, receberão as devidas punições e, consequentemente, deverei efetuar o descarte das peças defeituosas do nosso jogo. Mas até lá, veremos como irão se virar.