Sverdssen: Bastardos do Mar da Espada
Contos de Espadas e Escudos - Brisa Nova
[Manhã ensolarada, dia quente, dentro da Saliva da Dríade]
Vestida como um homem a garota de cara emburrada cortou a taverna até ficar frente a frente com Thomas, no balcão.
— Você é o amigo orc do nortista, certo? — Ela indaga quase impertinente.
Thomas que limpava algo a olha de lado. Pele morena, cabelos castanhos, olhos claros. Desbocada.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Você não é muito nova para se interessar por um homem velho?— Ele pergunta com tom sarcástico.
Alguns bêbados começam a rir.
— Quem você pensa que é para tratar de quem eu me interesso ou não? — Dessa vez ela soou impertinente.
Thomas bufou, cansado.
— Jovenzinha, se seu objetivo aqui é falar com Hadgard, saiba que 'nortista' o fará negar qualquer ajuda.. — Comentou, enquanto avaliava a menina de cima a baixo - Seja lá o que você quer com ele.. — E termina de falar ao mesmo tempo em que termina de limpar a caneca.
Den, o ajudante de Thomas, aparece de uma porta e vê a menina e o orc conversando. Ele se aproxima.
— O que a garota quer? — Pergunta despretensiosamente.
— Bom, ela parece querer uma coisa, mas diz que quer outra — Responde o garçom alfinetando a menina, que o fulmina com os olhos.
Levando a mão ao seu cavanhaque, o ajudante, pergunta.
— O que você quer com ele? Saiba que não é a primeira mulher que o procura.. — Diz com seriedade.
A expressão da garota é de surpresa e nojo.
— Eu não quero dar pra ele, seu bosta! — Exclama, fazendo os bêbados rirem ainda mais.
Thomas e Den se entreolham.
— Ouvi dizer que ele é um Hvitt, quero que ele me ensine — Ela fala colocando a mochila sobre o balcão.
— Eu pago — Retira uma sacola com aparência pesada - E pago bem!— Diz batendo com força a sacola na madeira.
A dupla reage de formas diferentes. Den parece se encantar pelo som, enquanto Thomas desconfia.
— Você.. acha que ele vai te ensinar, o que? A lutar? — Questiona.
Den toma a fala, sendo mais rápido que a menina.
— Não liga para ele, Hadgard vai te ajudar, com certeza! — A sua voz está claramente alterada pela promessa de bom pagamento.
Thomas bate com sua mão no balcão, chamando a atenção de Den, que se acalma.
— Ele é um nortista, um mercenário — Ela fala séria, até ser interrompida por um pigarro do garçom.
— Digo, um nortenho, ele é um mercenário, um guerreiro por natureza. E eu quero ser uma guerreira também — Continua com firmeza.
Os bêbados são expulsos do balcão por Thomas que pede para a garota chegar mais perto. Ela atende, mas mantem certa distância.
— O nortenho abandonou a vida de soldado, não acho que ele vá aceitar a oferta — Ele diz com sua voz rouca e tomada por sinceridade.
Den pula em silêncio logo ao lado.
— Mercenários trabalham por prata, não importa. Ele vai aceitar — Diz ela pretensiosa.
Um sorriso se abre no rosto do orc.
— Então pergunta você mesma a ele.. — Diz enquanto aponta para frente, fazendo-a se virar para olhar.
O soldado carrega um barril, com uma das sobrancelhas levantadas ele encara a garota.
O local é escuro, mas a garota enrubesce. Thomas ri enquanto Den se debulha em tristeza, o dinheiro fácil parece ir embora.
— Chama-me de mercenário, diz que aceitarei qualquer quantia — Ele fala enquanto coloca o barril no chão.
A garota procura algum lugar para se esconder.
— Mas não sei o que desejas. Conte-me o que é pequena — Ele ordena.
Os olhos do ajudante ganham cor novamente. O tom do amigo revela uma chance. Thomas já do outro lado do balcão, parece não ligar.
A menina engole seco, a sua frente, encoberto pela sombra, o soldado nortenho que todos falam. Ele é enorme, parece ameaçador, ela pensa.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— E-eu.. — Tenta falar, mas não pode. Sua voz não sai.
— Venha— Ele diz, mas para ela soa como uma ordem. Hadgard pega-a pelo braço com delicadeza e a puxa para uma área, outro cômodo, nos fundos da taverna.
O garçom só observa Den, que fica hipnotizado pelo saco de moedas. Seus olhos parecem dois imãs.
— Seu saco de batatas, vá trabalhar! — Ele grita, jogando uma caneca no ajudante.
O quarto é simples, geralmente usado pelas meretrizes e seus clientes, ou viajantes cansados.
O homem branco se senta numa cadeira, estende sua mão convidando a garota a se sentar na cama.
— Qual teu nome? — Pergunta sério.
Sentada, tomada pelo receio, quase encolhida, ela tenta uma vez e não consegue dizer.
— É Neola! - Ela exclama, ao forçar, na segunda tentativa.
— Muito bem, Neola. Chamo-me Hadgard Sverdssen — Diz - Como posso ajuda-la? — Pergunta em sequência.
A garota não consegue responder.
— Você falou que sou um mercenário — Ele comenta - E você está certa, trabalho por prata — Afirma.
— Para o que deseja me contratar? - A questão soa como um ultimato a resposta.
Respirando fundo e com a voz tremula ela responde.
— Me ensinar a lutar.. — Diz em um sussurro.
O nortenho não entende muito bem.
— Queres que eu lute por você? — Ele volta a perguntar.
— Não! — Ela exclama - Quero que me ensine a lutar! — Diz, tirando uma expressão surpresa do soldado.
Minutos depois os dois saem do cômodo. Ela sorrindo, mas notoriamente envergonhada. Ele, como entrou, com o semblante fechado.
— Até amanhã.. — Comenta a garota enquanto pega sua bolsa de moedas e sua mochila. Ele apenas acena com a mão enquanto da um sorriso.
Den espera a menina sair para falar.
— Ela é menor de idade, isso que você fez é muito errado!— Sua voz trás um tom jocoso.
Thomas olha para o ajudante e encara Hadgard, esperando ouvir uma resposta negativa.
— Não, não a possui — Ele fala, pegando o barril de onde deixara - Aceitei o trabalho que ela me propôs — Comentou.
O orc se impressionou com a resposta, enquanto Den salta no meio do salão com a felicidade tomando seu corpo.
— E por quantas moedas você vai vender seu tempo? — Pergunta o ajudante animado.
Levando o barril aos ombros, o nortenho deu de costas, voltando a programação diária normal.
— Nada — E entrou por um portal, deixando o ajudante desolado, sentando em um banco, enquanto Thomas apenas ria.
Fale com o autor