Sverdssen: Bastardos do Mar da Espada

Contos de Espadas e Escudos - Sangue Pútrido


[Dia nublado, som de pássaros, o cheiro de mato recém-molhado, bosque aberto]

Duas fileiras de dez soldados caminham lideradas por um cavaleiro. Cruzam um bosque próximo a entrada principal da cidade portuária.

O urro pesado e carregado de raiva de algum animal chama a atenção de todos.

Rapazes, cuidado, deve ser a criatura que nos avisaram! — bradou o cavaleiro de barba branca, ao sacar sua espada e baixar a viseira de seu capacete.

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Os soldados desembainham suas espadas e levantam seus escudos buscando alguma referência de onde o animal esta.

A brisa fria da garoa chega ao encontro do pelotão e logo depois uma neblina fina começa a se formar.

—--

Na estrada principal da cidade Hadgard ouvia as histórias de Thomas enquanto conduzia a carroça lotada com barris de cerveja.

Então é assim que vocês se reproduzem? — Diz o nortenho espantando.

Reproduzir? Não, é assim que nos divertimos meu caro! — Responde o orc, Thomas, entre rizadas.

A rizada da figura acinzentada é interrompida quando um cavalo sujo de sangue passa assustado na frente da carroça.

Homem e orc são pegos de surpresa pela cena.

Por Niord, o que será isso? — Comenta o nortenho.

Thomas só tem tempo de por a mão na testa, o susto o tira do ar por um instante.

Pafluth é uma cidade tranquila, esse tipo de coisa não costuma acontecer.. — Ele comenta enquanto se levanta levemente do acento para tentar olhar para onde o animal foi.

O orc repara o olhar atento do companheiro que encara o lado oposto ao do que o cavalo tomou.

Essa neblina, ela vem exatamente de onde o cavalo saiu — Hadgard mostra certeza.

O orc vira sua cabeça e começa a observar o que o companheiro falava. E era verdade.

Melhor continuarmos an.. —A carruagem balançou e o fez parar de falar.

Pode ir na frente, sinto cheiro de sangue — O soldado sacou sua espada longa falando com assertividade.

Thomas fez o que o amigo pediu, sabia que não adiantava contrariar o instinto guerreiro daquele nortenho. Mas justo naquele dia, em que ele não estava com sua armadura algo tinha que acontecer?

Tome cuidado Sverdssen, nem tudo é um chamado de seu deus.. — Clamou em tom sério e em alto tom, para que o amigo ouvisse.

—--

O bosque estava em silêncio. Havia sangue em algumas folhas, plantas e troncos. O solo estava remexido.

O soldado já caminhava a alguns minutos e não via nada além dos indícios de luta.

Não havia corpos, armas, nada.

Estava atento, sabia que não faz silêncio em meio a natureza sem bons motivos.

Por Niord! — Brada apontando a arma para uma direção aleatória.

Mostre-se, besta assassina! —Ele diz em sequência.

O silêncio se manteve. Então soube que realmente havia algo de errado.

Caminhou na direção de uma grande árvore, buscando um ponto de referência. Notou que a neblina ficava mais expeça.

Agora só podia ver pouco mais do que um metro a sua frente, estava em apuros.

Demonstrando pouca malícia baixou a espada e tocou o tronco largo com a mão vazia.

Da neblina o animal duas vezes maior que um cão normal salta em sua direção. O guerreiro se vira com velocidade e mostra grande habilidade com a espada, pois com um movimento talha o corpo do animal que grunhe caindo de mau jeito no chão.

Criatura covarde, pagará com a vida.. — Diz enquanto caminh na direção do animal, que tinha pelos acinzentados, que o faziam se perder entre a neblina.

Levantou sua espada.

O urro pesado e carregado ecoa bem próximo. Hadgard sorri, seu plano estava indo muito bem.

O passo pesado do animal urrante está bem próximo e, o soldado pode sentir o cheiro de carne morta.

Era tua cria? — Perguntou em um grito.

Um rosnado indecifrável vem da neblina a sua esquerda.

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Pois sua cria vai morrer — Exclama com raiva na voz.

O rosnado torna-se mais intenso. Ele se move, parece caminhar procurando um brecha para atacar.

Vem me matar seu cachorro imundo! — Hadgard grita com um misto de raiva e agressividade.

É o suficiente, o imenso animal salta em sua direção. Tem a pelagem mais escura, tem quase o dobro do tamanho do filhote, sua boca facilmente pode engolir um braço completamente esticado.

A besta atinge o nortenho no peito o jogando para frente e para o alto ao mesmo tempo. Ele grita, mas não por dor, é um grito de excitação.

Por Niord! — Fala enquanto se agarra a pelagem do monstro com uma das mãos e perfura a seu corpo com sua espada, empunhada pela outra.

Impedido de continuar seu ataque, o animal recua, com seu corpo ferido. Hadgard toca o chão de mau jeito, mas mantem a pose. Seu pé está torcido.

A grande fera está entre seu filhote e o nortenho. Ela abre sua bocarra mostrando uma quantidade enorme de dentes pontiagudos. O cheiro é horrível, mas o soldado pode reparar que ao fazer aquilo, de alguns lugares de sua pelagem algo é expelido e, em instantes se transforma na neblina que vai se acumulando com o restante do ambiente.

Criatura desprezível, me dê uma batalha digna.. — Ele resmunga com os dentes trincados. Falava isso, mas sabia que não podia ir até o monstro.

Segundos se passaram, enquanto homem e besta se encaram. O ambiente vai sendo tomado pela estranha neblina.

O som de galopes logo chama a atenção do animal que parece tomar um susto. O guerreiro só nota o mesmo barulho depois da atitude da criatura.

A neblina está densa e, ao contrário do que o nortenho podia esperar, a fera se vira, desaparecendo.

Mas... o que? — Ele fala em voz alta com uma expressão de desapontamento.

Por Niord.. que animal covarde —Disse ao notar que os cavalos estavam bem próximos.

—--

Na cidade, atrás dos muros feitos de toras de madeira, o grupo de cavaleiros é recebido por alguns guardas ansiosos.

Encontraram o Sr. Kernel?— Perguntou um visivelmente angustiado.

E a criatura misteriosa? Pegaram ela? — Questionou outro, com certo desdém.

Um dos cavaleiros com seu rosto coberto por um elmo desce de seu cavalo e golpeia a barriga do guarda que desdenhava da situação.

Hadgard esta montando em um dos cavalos, mais atrás, mas pode ver o que ocorre.

Cale-se seu bastardo! — Grita o cavaleiro com voz feminina. Ela pisa no rosto do homem caído.

Agatha, não faça isso! — Um outo cavaleiro, este sem seu capacete, empurra com delicadeza a moça de cima do guarda.

Se acalme, vamos encontrar teu pai! — Ele diz segurando-a pelos braços e olhando em seus olhos.

De trás, o nortenho compreende quem é quem e, percebe que talvez tenha a resposta para a questão feita.

Ao todo são doze cavaleiros. O homem que acudiu a mulher, é Sir. Donavan, o comandante da cavalaria de Pafluth.

A dama, é Agatha Kernel, a filha do Comandante da cidade, Sir. Adullac Kernel.. — Diz em um tom baixo, como num cochicho, Sir Robert, o cavaleiro que ajudou o soldado. Vieram conversando e cavalgando o mesmo cavalo.

O que aconteceu afinal? — Murmurou Hadgard enquanto acalmava o cavalo que montavam.

Sir.Kernel pegou um pelotão inteiro e foi atrás do monstro da neblina — Dizia Robert, enquanto retirava as rédeas do animal.

Hadgard notou a pontada de desdém do cavaleiro ao falar do monstro e logo invertei-o.

Não fale como se não fosse real, ele é — Disse com seriedade. Sir Robert notou a irritação do novo amigo.

Não que eu não acredite.. mas Sir.Kernel já estava caducando a alguns anos.. — Falou baixinho, não querendo que outros ouvissem.

O nortenho levou a mão ao queixo, pouco coberto por sua barba fina.

Há lobos do tamanho de cavalos por aqui? — Pergunta com genuína curiosidade.

Um sorriso quase idiota surge no rosto de Sir Robert.

Lobos do tamanho de cavalos? Matamos a última alcateia faz 6 anos — Ele responde quase de forma pretensiosa.

E eram do tamanho de lobos normais.. — Continuou, mostrando com as mãos a estatura de um dos lobos.

Hadgard olhava para o cavaleiro indignado, estava claro que ele zombava de sua pergunta.

Não zombe de minhas palavras, cavaleiro! — Ele bradou sacando sua espada.

O cavaleiro tomado por um susto inesperado cai no chão batendo com as costas em uma viga de madeira.

Olhe! Está é a prova, o sangue negro da criatura! — Diz o nortenho, enquanto mostrava a lâmina de sua espada.

Sir Robert coloca a mão na cabeça, enquanto observa a espada, manchada com algo quase negro, com um odor forte e pútrido.

Dois outros cavaleiros surgem com suas espadas apontadas para o nortenho. Um dos auxiliares do local vê a cena de longe e some, num passe de mágica, do local.

Robert, vamos leva-lo para a prisão, não se preocupe — Falou um dos cavaleiros, o que tinha uma longa barba castanha. O outro apenas encarava Hadgard, com uma expressão reprobatória.

Mesmo ameaçado o soldado nortenho não se movia, sequer tirava seus olhos do rosto de Sir Robert.

Você quer mesmo que eu acredite que isso é sangue de um lobo do tamanho de um cavalo? — Perguntou Sir Robert enquanto se levantava e afastava as espadas de seus companheiros que não compreendiam o que estava acontecendo.

Feri um filhote e torci meu pé ao combater o maior — Falou tomado de certeza.

Eram dois? Você os viu? — Bradou Robert com um misto de preocupação e animação.

Você é burro cavaleiro? Acabo de dizer que os vi e feri um deles! — Reclamou rispidamente o nortenho, fazendo os outros cavaleiros novamente levantarem suas armas.

Temos que ir imediatamente falar com o Barão! — Exclama Sir Robert indo em direção a porta, uma da saída do estábulo onde estavam.

Venha, Hadgard, você precisa conhecer o Barão Von Jorgg — Disse enquanto sai apressado pela passagem.

Hadgard guarda sua espada e ao dar o primeiro passo e parado pelos dois outros cavaleiros.

Quem você pensa que é para responder dessa forma a um cavaleiro? — Disse o barbudo, enquanto o outro, com uma cicatriz no rosto, colocava a mão no ombro do nortenho.

O soldado olhou para mão do cavaleiro da cicatriz, olhou para o seu rosto e em seguida para o barbudo.

Por Niord, tire sua mão de mim ou vou mata-los aqui mesmo — Sua voz extremamente calma espanta o cavaleiro barbudo.

Antes dos ânimos esquentarem, contudo, Sir Robert volta ao local.

Vamos nortenho desgraçado, isso não pode esperar! A vida de Sir.Kernel está correndo perigo! — Fala enquanto pega a mão o homem de pele bem clara, puxando-o.

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Antes de sair, Hadgard e os dois cavaleiros se entreolharam uma vez mais.