All Of The Stars

Gratidão


Aquela noite não poderia ficar pior; algo dizia a Thalia que, como Nico se rendeu e refez seu caderno inteiro, o universo teve uma interferência drástica, então todo o sentimento ruim que ele sentia por ela, retornou em volta de karma, já que, depois de ter coberto o moreno, bateu o dedinho na quina da mesinha de centro, o cotovelo na mesa de jantar, sua calça tinha ficado presa um dos enfeites da cadeira pelo passador do cinto e, agora, estava enlouquecendo.

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— Thalia, eu...eu vou aí te ajudar, só fica calma que vai dar tudo certo. – Lysse repetia pela quinta vez no telefone que estava na viva voz, já que a garota estava procurando loucamente por seu pen drive.

— Eu não acredito que isso está acontecendo, não é possível. – Ela queria chorar, sentar no chão e se encolher, xingar-se por ser uma péssima profissional.

— Não é sua culpa, mantenha isso em mente, ok? – A diretora tentava ajuntar os papeis espalhados pela sua mesa o mais rápido possível, segurando o celular com o ombro contra a orelha. – É apenas um erro, isso é normal acontecer.

— Lysse, as provas obtiveram um erro e foram apagadas, como isso pode ser considerado um erro?

Finalmente Thalia achou o objeto, jogando as folhas que estavam na escrivaninha no chão, ligando o pen drive no computador e começando a procurar pelo arquivo de provas, desligando o viva voz do telefone e colocando-o na orelha.

Um único soluço escapou de seus lábios assim que percebeu que não tinha os arquivos, tentou recuperar de todo jeito, indo até a lixeira e caçando-os, não obtendo sucesso.

— Por favor, não chora garota, é apenas algumas provas, nós podemos adiar isso, você sabe, né? – Lysse xingou a impressora, segurando-se para não dar um chute na máquina, não sabendo ao certo o que deveria sentir, mas tendo certeza de que deveria ajudar a professora.

— Vai atrasar o ensino dos alunos, Emelysse! – A morena murmurou pressionando as têmporas distraída.

Do outro lado da linha, a profissional não pode deixar de se sentir incomodada com o fato de Thalia ter dito seu nome todo, coisa que ela nunca faria em situações normais.

A Grace teve um sobressalto ao sentir o aparelho ser arrancado de suas mãos, olhando para trás assustada.

— Pode ficar por aí, Lysse. Mantenha-nos informados, eu ajudo ela.

Thalia não pode deixar de ficar surpresa ao ver o Di Ângelo ali, em pé, com uma cara de sono, afirmando que estava disposto a ajudar ela com mais de quarenta provas que teria que refazer em algumas horas.

— Você...ajuda? – A diretora questionou um tanto confusa, mas resolveu deixar para lá e apenas concordar, encerrando a ligação e saindo de sua sala, correndo pelos corredores do instituto atrás de sua amiga, para ver se conseguiriam solucionar o problema.

A Grace mirou os olhos negros por apenas alguns segundos, não sabendo se deveria agradecer ou deixar seu orgulho dizer que não precisava de ajuda, mesmo precisando.

— Não precisa agradecer agora, vamos ao trabalho. – Nico tomou a frente, vendo a hesitação nos olhos azuis elétricos, tomando liberdade de sentar na cama dela e pegar sua bolsa, tirando de lá um caderno que sempre via ela escrever o que tinha dado ou não aos alunos.

Ela apenas suspirou, virando se para o computador e abrindo um novo arquivo, começando a colocar o tão costumeiro cabeçalho do instituto, abrindo o navegador e forçando-se a lembrar que sites costumava pegar as questões. Um segundo mais tarde, sentiu uma mão segurar a sua em cima do mouse, se xingando por sentir arrepios ao toque da mão quente com a sua, que no momento estava gelada, dando um pequeno choque térmico, indo em direção a guia de procura, para logo em seguida soltar-lhe e começar a digitar um site, fazendo-a engolir em seco notando que o italiano estava praticamente a abraçando por trás.

- Use este, normalmente tem exercícios bom de limite. É isso que estão aprendendo, não?

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Thalia assentiu meio desnorteada, mas logo suspirou e se recompôs quando ele se afastou.

— Se quer me ajudar, vai precisar do computador de Jason. – Proferiu olhando por cima do ombro, vendo-o assentir e deixar o quarto, provavelmente indo atrás de seu melhor amigo.

Ela continuou a navegar pelo site, convencendo-se que tinha sido uma boa ideia não negar a ajuda dele, repuxando o canto dos lábios para cima levemente, fazendo-a se questionar se aquilo era um sorriso ou não.

Assim que ele voltou para o quarto com o computador em mãos, a morena o olhou por alguns segundos, acabando por fazer um contato visual.

— Você está cansado demais, tem certeza de que quer...- Começou, vendo rolar os olhos.

— Grace, apenas fique quieta. – A cortou, fazendo suas sobrancelhas subirem em descrença, mas não disse nada, apenas se virou para a máquina e mudou os números dos exercícios, deixando um espaço grande para ser efetuado. – Eu vou separar alguns exercícios aqui, ok?

Ela assentiu sem o olhar, dando por encerrada uma prova, enviando uma mensagem para Lysse, avisando que estava enviando tudo por e-mail para ela.

E assim a noite passou para madrugada, várias posições foram trocadas, muitas vezes ela encolhia uma das pernas e colocava sobre a cadeira, colocava os pés em cima da mesa, deitava na cadeira, fazia de tudo para ficar confortável; e a cada prova finalizada, era um alivio interno.

Para finalizar a madrugada, Nico estava terminando de editar uma das últimas provas da última série, e teve a surpresa de ver a morena caminhar até a cama e se aconchegar ao lado dele, sem falar uma palavra, apenas encostou sua cabeça em seu ombro, cedendo ao cansaço e observando-o terminar os exercícios, assentindo em concordância a cada questão terminada.

— Estou te incomodando? – Questionou assim que percebeu que ele havia ficado um pouco desconfortável com sua presença.

— Não, é que é estranho você se aproximar tanto assim de mim.

Thalia deu uma risadinha interna.

— Cale a boca, Di Ângelo.

Ele não pode deixar de sorrir de canto, finalizando a última prova e enviando para Lysse, checando o horário e sabendo que ambos tinham só três horas para descansarem.

Assim que virou o rosto devagar para a observar, notou que a Grace estava com uma expressão serena em seu rosto, tendo os olhos fechados e a respiração leve, fazendo-o concluir que ela estava dormindo.

Nico rolou os olhos e negou em reprovação, desligando o computador e tomando cuidado ao tirar a cabeça dela de seu ombro e apoiar no travesseiro, repetindo a bondade que ela tinha feito com ele mais cedo e cobrindo seu corpo.

Colocou os computadores na mesinha e deixou o quarto, saindo pelas portas de vidro e seguindo direto para o jardim da casa, decidido a ir para casa e aproveitar as horas para descansar mais um pouco, já que teria que enfrentar as reclamações dos alunos sobre a aula cansativa, porém necessária que tinha planejado.

{...}

— Você é demais, garota! – Lysse recebeu Thalia na entrada do instituto, vendo-a suspirar e dar um sorriso pequeno, tendo uma cara ótima para quem tinha refeito muitas provas.

— Eu não, o Di Ângelo é. – Murmurou sentindo o amargo reinar em sua boca ao proferir essas palavras, se arrependendo logo em seguida ao sentir alguém se apoiar em seus ombros e reconhecer o perfume que sentiu quando se encostou nele na noite passada.

— Então quer dizer que eu sou demais? – Questionou com a voz rouca, fazendo a morena rolar os olhos e tirar seu braço de seus ombros.

— Di Ângelo, não pense que só porque nossas implicações diminuíram, que eu estou alegre com sua presença, ok?

— Não vou negar, vocês trabalham bem juntos. – A diretora tinha uma das mãos no queixo, como se pensasse em algum plano diabólico, fazendo ambos os professores trocarem um olhar preocupado.

— Eu vou para a sala principal, enquanto não dá a hora dos alunos chegarem, ok? – Thalia murmurou antes que a morena a sua frente desse alguma ideia terrível.

Emelysse deu passagem para ela e para o italiano, que andou ao lado dela em silêncio, até que ambos pararam próximos da sala.

— Obrigada. – Ela sussurrou baixinho, evitando olhar para Nico, que a garota tinha certeza que levava um sorriso nos lábios.

— O que?

— Você ouviu! – Acusou, cedendo a brincadeira que ele tinha criado.

— Eu não ouvi, o que você disse, Grace?

— Obrigada. – Ela repetiu em alto e bom som, rolando os olhos ao encara-lo.

— E que gosto sentiu ao dizer isso?

— Um gosto horrível. – Thalia negou em reprovação e deu risada, vendo-o rir também.

É, talvez não fosse tão ruim assim conversar de vez em quando com o moreno.