Ignorance

Atrasada


Alexia definitivamente tinha atingido a cota de aparartações em um dia para alguém que não estava acostumada. Sendo a terceira vez que fazia isso, ela soltou o braço de Theo suspirando fundo e piscando várias vezes para se acostumar com a repentina falta de equilibrio que a assolava. O homem, Theo, limpava seu óculos de lentes quadrada -que aparentemente tinha ficado embaçado na viagem- na barra da blusa, enquanto observava em volta.

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— Por aqui. - ele disse recolocando o objeto no rosto e avistando uma passagem completamente vazia que levava à rua principal do vilarejo vizinho à escola.

Alexia o seguiu um pouco distante, semicerrando os olhos para acostumar com o escuro. Suas vestes de Hogwarts arrastavam no chão sujo e a menina observava a escola ao fundo da paisagem.

— Theo. - ela chamou o homem que se virou para trás, levando, novamente, a mão nos óculos. - Hogwarts é por ali. - ela riu, apontando para uma pequena estradinha na direção contrária que estavam indo.

O homem parou de andar, desconcertado e olhou para a escola ao fundo.

— Ah sim, ah sim.... - ele falou seguindo a menina de perto. - Acho que tem algo errado com meus óculos. - falou retirando-o de novo e limpando-o mais uma vez.

— Isso é porque você não está limpando direito. - Alexia riu puxando o objeto da mão do menino. Ela soprou as duas lentes devagar e depois utilizou o cachecol de algodão para limpá-las. - Pronto.

Theo recolocou os óculos novamente, não precisando franzir o cenho para enxergar através das manchas que não estavam mais ali. Tomando a dianteira dessa vez, ele começou a andar na direção correta por uma pequena estrada de paralelepípedos, iluminada por postes de luz fraca, o suficiente para iluminar apenas um pedaço do chão abaixo delas.

— Hogwarts é tão linda à noite. - Lexi comentou levantando o olhar para o castelo à sua frente. Muitas das luzes já estavam apagadas, uma vez que o banquete já deveria ter acabado à essa hora e a maioria dos alunos deviam estar em seus salões comunais, senão já em seus dormitórios.

— É... - Theo comentou baixo pensando no quanto sentia falta da escola mesmo após poucos anos da sua formatura.

Quase que imediatamente após os dois pararem em frente ao portão, ele começou a se abrir lentamente, fazendo um alto barulho de rangido -devido à ferrugem-, que fez Alexia fazer menção de tampar os ouvido. De dentro um homem de vestes completamente negras, passos firmes e rápidos, começou a andar em direção à menina. Sua varinha estava em sua mão direita e sua feição estava fechada em clara irritação. Lexi respirou fundou ao deduzir que o professor que estava a recebendo era ninguem menos que Severo Snape, diretor da sua casa e professor de poções. Talvez essa fosse a hora para pedir a Merlim que ele estivesse de bom humor. Alexia e Theo andaram na direção do homem e a menina se limitou a cumprimentá-lo com um pequeno aceno de cabeça assim que passou pelo grande portão. Ele dirigiu seus olhos para ela e em seguida para Theodore e com um gesto ele colou a mão no peito do menino, impedindo-o de andar mais um passo para adentrar os terrenos da escola. Theo parecia estar congelado no lugar e foi preciso respirar fundo para tomar coragem que ele nem mesmo sabia ter, para falar com o homem em sua frente.

— Ahn... Professor Snape. - Theo começou, fazendo o homem arquear a sobrancelha e encará-lo nos olhos. - O pai dela me pediu para que as sinceras desculpas fossem enviadas ao diretor Dumbledore. - o menino disse rapidamente, desviando do olhar do Mestre das Poções e encarando o chão intimidado.

— Serão enviadas, Sr. Forbes. - Snape respondou quase como se estivesse entediado. - Boa noite.

Quase que imediatamente, ele se virou de costas e começou a andar na direção do castelo. Ele levantou sua mão direita no ar, e com um aceno de sua varinha, o portão começou a se fechar lentamente, deixando Theo com poucos segundos para jogar uma pequena bolsa na direção de Alexia. Ela segurou o objeto com firmeza e observou o menino com um pequeno sorriso no rosto. Acenando para ele, ela se despediu e pegou seu malão pela alça lateral, puxando-o atrás de si enquanto seguia Snape. O chefe da Sonserina havia parado a alguns passos da entrada e esperava a aluna com os braços cruzados. Assim que ela se aproximou, o homem não mexeu um músculo. Ao contrário, ele ficou parado, como se esperasse alguma coisa ou alguem. Alexia olhou em volta, procurando o motivo do homem estar parado e não encontrou.

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— Menos 10 pontos para a Sonserina. - ele falou, finalmente, depois de algum tempo.

— Ahn? - Alexia perguntou, encarando o homem com os olhos arregalados. - Por que?

— Sua falta de pontualidade consegue ser a pior que já presenciei em Hogwarts. - o homem falou, encarando a menina com certa irritação. - É a segunda vez que essa situação se repete, Srta.Sinclaire. - Alexia tinha aberto a boca para começar a falar, mas foi rapidamente interrompida pelo homem. - Eu não quero saber de seus motivos... Era sua obrigação, como aluna de Hogwarts e monitora, estar presente no trem e na seleção.

— Desculpe professor, eu...

— Se me fizer tirar pontos da minha própria casa novamente... - Snape disse, olhando-a nos olhos, interrompendo-a novamente antes mesmo que ela pudesse dizer alguma coisa. - Você irá passar todas as suas tardes em detenção.

— A culpa não foi minha, o senhor não pode...

— Pelo que eu me lembre, ainda sou seu professor e o diretor da Sonserina. Então eu... posso te infligir as punições cabíveis em cada situação. - seus olhos se desviaram dos da menina, para o malão que ela carregava com certa dificuldade. - Deixe aí, as bagagens estão passando por uma vistoria. - ordenou, apontando para uma pilha com malas de outros alunos.

— Vistoria? - Alexia perguntou intrigada deixando seu malão encostado em um outro. - Isso não acontece desde o terceiro ano com a fuga de Sirius Black.

— De fato. - Snape respondeu observando a menina com atenção e voltando a andar assim que ela se postou ao seu lado. - Obviamente se estivesse presente no banquete saberia que Dolores Umbridge, do Ministério, é a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas.

— Ministério? Em Hogwarts? Dumbledore permitiu isso? - perguntou mais para si mesma do que para o professor ao seu lado.

— Diretor Dumbledore. - Snape a corrigiu brevemente. - E esse assunto não cabe a você, Srta.

Lexi revirou os olhos irritada. Odiava o quanto professor Snape era indelicado e chato.

— Mas isso tem a ver com a volta de você-sabe-quem, certo? - continuou curiosa. - Quer dizer, depois dos acontecimentos do Torneio Tribruxo é óbvio que o Ministério ia tomar uma atitude. - concluiu, observando a expressão de Snape continuar impassível.

— Novamente, Sinclaire... Não cabe à você. - Severo respondeu abrindo a porta para o Hall de Entrada do Castelo.

— Mas só pode ser. - Alexia disse tentando arrancar alguma resposta sequer do diretor da sua casa. - Eles provavelmente querem que saibamos nos defender em tempos como esse... - a menina pensou por um momento e concluiu baixo. - Isso é... se Potter está falando a verdade.

Snape suspirou baixo, ignorando a menina, claramente sem paciência para escutá-la tagarelar sobre a interferência do Ministério em Hogwarts.

— Pelo menos é o que eu faria. - Lexi falou descendo as escadas para as masmorras ainda ao lado do homem. - O Ministério não poderia...

— Você não consegue ficar um segundo sem abrir sua enorme boca? - Snape falou interrompendo sua aluna e parando de andar abruptamente.

Alexia o encarou contrariada e fechou a boca em um bico irritado, agradecendo mentalmente por já estar nas masmorras e poder se livrar de Snape em questão de minutos quando adentrasse o salão comunal.

— Seus horários. - Snape falou entregando um pequeno pergaminho que ele havia retirado das vestes, contendo o horário de aula da garota. - Amanhã, você e o Sr. Malfoy vão me ajudar a entregar os horários para o restante dos seus colegas, entendido?

— Sim, senhor. - Alexia respondeu assentindo e já imaginando todas as tarefas a mais que teria como monitora naquele ano. Talvez não fosse um trabalho tão divertido assim.

— Boa noite, Sinclaire. - Snape falou se virando de costas e sumindo ao adentrar seu escritório no final do corredor, deixando-a ali nas masmorras.

Abrindo um sorriso, Alexia andou até o final do corredor, dobrando à esquerda e encarando uma parede de pedra.

— Puro-sangue. - murmurou, observando as pedras começarem a se mexer rapidamente, como se tivessem ganhado vida, e liberando uma passagem que dava entrada para o Salão Comunal da Sonserina.

Assim que adentrou o lugar, alguns olhares a encararam curiosos, outras pessoas acenaram. Mas uma pessoa em particular se levantou da poltrona que esteve sentado desde o final do jantar e andou na direção da menina.

— Lexi! - o menino falou assim que ficou de frente para a menina.

— Idiota, não vai nem me abraçar? - ela brincou, abrindo um sorriso para ele e o abraçando. Ele, incomodado, rapidamente se livrou do aperto e a encarou irritado. - Que foi Draco? Não gosta de receber abraços de meninas bonitas? - Alexia soltou uma gargalhada que o fez revirar os olhos.

— Tinha esquecido como você consegue ser insuportável. - Draco resmungou, sem retirar um sorriso irônico dos lábios.

Malfoy segurou a mão de Alexia e a guiou por entre alguns olhares curiosos para o lugar que ele estava, se sentando na mesma poltrona de antes, enquanto Lexi precisou pedir para que Crabbe se espremessem um pouco para poder se sentar de frente para Draco.

— Hey, Crabbe, Goyle! Como foi o verão de vocês? - perguntou simpática, recebendo comentários monossilábicos dos amigos de Draco. Não que eles não fossem seus amigos também, mas Alexia tinha a impressão que eles não eram muito de falar, ou de interagir. Ou de fazer qualquer coisa que não fosse perturbar primeiranistas alheios de outras casas.

— O meu verão você não pergunta como foi, né? - Draco falou atraindo os olhares dos amigos para ele. Não suportava que não fosse o centro das atenções.

Alexia se encostou na poltrona e cruzou a perna direita sobre a esquerda, rindo baixo do suspiro irritado de Draco por ter sido ignorado.

— Então Draco, me conte como foi o seu incrível verão. - falou sarcástica, observando o amigo encará-la irritado.

— Eu fiquei em casa mesmo, nada de mais. – Draco tencionou se rosto e encarou a parede preocupado.

— Parabéns, você ganhou. Melhor verão de todos nós. – a menina sorriu cínica, recebendo do loiro uma travesseirada no rosto que a fez soltar uma gargalhada. – Foi só isso mesmo? Nada de viagem incrível pela Europa? Nada de compras de artigos das trevas?

— Não, nada disso. – Draco respondeu pensativo, mas logo se levantou. – Grabbe, Goyle, eu já vou dormir. Porque não vão na frente?

Os dois meninos, que mais pareciam gêmeos, se levantaram ao mesmo tempo e, sem dizer uma palavra, partiram para o dormitório masculino do 5º ano, juntos. Draco, ainda de pé, encarava Alexia com uma expressão indecifrável no rosto. Mas, ele logo se sentou na poltrona novamente e projetou o corpo para frente.

— Snape ficou irritado quando soube que você não iria chegar à tempo para a seleção. – disse baixo, como se alguem pudesse ouvi-lo.

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— Eu sei. Ele me recebeu nos portões. – Alexia respondeu no mesmo volume. – Educado como sempre.

Draco soltou um riso baixo e continuou:

— Ficou sabendo de Dolores Umbridge? – perguntou, recebendo um aceno de cabeça positivo da menina. – Meu pai disse que ela é bastante competente, ao contrário de todos os outros professores que tivemos.

— Ei, eu gostava do Professor Lupin. – Alexia disse defendendo um dos professores que ela mais considerava.

— Aquele lobisomem? Por Merlim, Lexi, ele é patético. Usava vestes de segunda mão, é um pobre coitado, além de ser grifinório.

— Draco, cresça. – Lexi disse revirando os olhos. – Você não pode achar que vai passar a vida toda só do lado de sonserinos. Existem pessoas super competentes de várias casas. Olha só: Newt Scamender era lufano, Olivaras era da Corvinal e Dumbledore, bom, ele era da Grifinória.

— Dumbledore é um velhote. – Draco respondeu rindo irônico.

— Um velhote incrível. – Lexi suspirou baixo. Ela sabia que seu melhor amigo tinha a mente fechada e era impossível conversar com ele. – Enfim... Lupin era um ótimo professor, era lobisomem e era da Grifinória, e dai? Não muda o fato de ele ter sido nosso melhor professor de DCAT.

— Você é completamente louca. – Draco disse balançando a cabeça negativamente.

O silêncio se instaurou entre os dois amigos por um momento. De opiniões tão diferentes, de criações tão diferentes, mas de uma mesa casa. Alexia não deixou de pensar que talvez o chapéu seletor estivesse maluco quando os selecionou juntos.

Ele encarou o amigo por um tempo e tomou um pouco de coragem para tocar no assunto que ela tanto queria saber.

— Draco. Como estão as coisas... você sabe... desde o torneio. – falou receosa.

— Meu pai anda meio ocupado com esses boatos do Potter, cheio de compromissos e reuniões. Não sei onde isso vai dar. – suspirou alto e se reencostou na confortável cadeira de couro preta. - Ele também me proibiu de frequentar uma sala do quarto andar, pois transformou aquilo numa sala de reunião com o pessoal do Ministério, diz ele.

— Entendi... Sabia que você podia ter me escrito sobre isso? – a menina perguntou um pouco decepcionada. – Fiquei triste em não receber tantas cartas assim nesse verão. Estava muito ocupado?

— Não seja ridícula. Você é a única pessoa com quem troco correspondências fora de Hogwarts. – ele respondeu grosso, como se a respostas da pergunta dela fosse óbvia demais.

— Ah, então quer dizer que Pansy Parkison te deixou, finalmente, em paz? Nada de cartas quilométricas sobre o amor dela por você? – Alexia provocou com um sorriso divertido no rosto.

Draco revirou os olhos e se levantou mais uma vez.

—Boa noite, Sinclaire. – falou baixo e se aproximou da garota, depositando um pequeno beijo no topo da sua cabeça.

— Boa noite, Malfoy.