O Garoto do Coturno Azul.

Chapter 6 - Dani Fisher and The Kiss.


Chapter 6 - Dani Fisher & The Kiss.

Saí do elevador e me deparei com um saguão medianamente cheio e me dirigi direto para o 'restaurante' que tinha uma mesa enorme com todos os tipos de pães e frios, e várias pessoas se serviam. Entrei naquela fila enorme e no meio do caminho, após pegar uma baguete, pão de queijo e alguns outros, mais presunto e queijo, achei meus amigos sentados numa mesa para seis, onde Luke já estava. Lily ria com Cameron e Judith sorria vendo a interação entre eles, Luke tinha um sorriso mínimo no rosto, olhando para os brincalhões da mesa.

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—Bom dia, pessoinhas. - Falei, me sentando e ouvindo-os me responder. Comemos com as eventuais brincadeiras de Cameron e conversas alheias. Assim que estávamos de barrigas cheias e completamente satisfeitos saímos para ir andar na praia.

O lado de fora do prédio agora podíamos ver direito, por estar de dia, era lindo, uma fachada branca com uma tenda nos protegendo, caso tivesse chuva. A praia estava ao redor de todo o prédio, era linda, uma areia meio bege e marrom, um mar interminável e de diferentes tons de azul.

—Nossa, mano, que lindo. - Lily falou, andando em direção ao mar.

Peguei meu celular e o ergui, entrando no Instagram e tirando uma foto daquela visão linda. Luke parou ao meu lado enquanto todos corriam para a água, ignorando totalmente que tínhamos acabado de comer, tirando suas roupas leves, revelando roupas de banho, para caso aquilo ocorresse.

—Não vai para a água? - Luke perguntou, tirando a camiseta azul e jogando-a no chão ao seu lado enquanto sentava. Olhei um pouco, admito.

—Não, acabei de comer e, literalmente, acabei de sair da água. - Falei e o vi assentir. Retirei minha camiseta, junto da minha touca, e deixei ao meu lado, sentando. Passei as mãos no cabelo, sentindo as mechas entre os dedos. E então meu celular começou a tocar, o peguei de dentro do bolso da calça e vi no identificador que era minha mãe. - Um momento. - Pedi à Luke, que assentiu. Levantei e aceitei a chamada.

"Oi, mãe." - Falei, um pouco frio ainda, justamente por nossa última briga.

"Oi, filho, como tem estado?" - Ela perguntou e respondi que estava bem, a fazendo a mesma pergunta - "Estou bem sim, querido, obrigada.".

"Me ligou... Para?" - Tive que ser direto.

"Eu queria falar com você, ouvir sua voz e pedir desculpas por ter sido grossa quando e ter começado a discussão quando você quis ir para Nova York." - Ela falou e eu senti meu coração apertar. - "Eu fui insensível pensando que você tinha vergonha de nós.".

"Eu nunca tive, eu só quis ir embora, pois eu queria viver a vida. Eu tinha que começar a sair debaixo da 'asa' de vocês. Eu nunca tive vergonha de vocês, vocês podem ser um pouco louquinhos, mas é por isso que amo vocês." - Brinquei, sentindo algumas lágrimas caírem.

"Me desculpa, meu filho, me desculpa mesmo." - Ela falou e eu chorei, limpei a angústia que fora ficar dois anos sem falar com ela e ver ela dando aquele passo, e a ouvi chorar do outro lado. - "Quando vem nos ver?".

"Mãe, não posso te prometer nada. Estou trabalhando e viajei a trabalho, estou em Vegas." - Avisei e ela riu.

"Parece que está se dando bem.".

"Estou. Consegui um trabalho bom e estou dando meu máximo para fazer um trabalho melhor do que já sou capaz de fazer. Estou aprendendo muito." - Falei e ela me parabenizou, falando que estava orgulhosa.

"Só venha nos ver logo, te amamos." - Ela disse e eu sorri, sentindo meu coração desapertar. Pude ser capaz de respirar novamente.

"Irei, também amo vocês." - Falei e assim ela encerrou a ligação.

Voltei para o lado de Luke limpando os olhos e bochechas.

—Está tudo bem? - Ele perguntou, visivelmente preocupado.

—Estou sim, obrigado por perguntar. É só que eu resolvi meus problemas com minha mãe. - Falei, sentindo mais uma lágrima cair e quando ia limpar, o outro levou o dedão para minha bochecha e a limpou, um sorriso, que julguei ser de orgulho, preenchia os lábios dele.

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—Fico feliz. - Ele falou, ainda próximo de mim com o dedão acariciando meu rosto. Arrepiei, sorrindo em agradecimento. E então ele me fez apoiar a cabeça no seu ombro esquerdo e pôs um braço ao redor dos meus ombros. E ali ficamos.

—Temos uma festa para ir. É mais informal, mas ainda sim é de publicidade. E terá que, consequentemente, assumir sua identidade para algumas pessoas dessa festa, mas eles não poderão divulgar até que você o faça. - Luke falou, enquanto entrávamos no elevador.

—Certo, então, quem irá? - Perguntei.

—Pessoas famosas internacionalmente. De todas as plataformas possíveis para uma comemoração que toda a companhia, no caso nossa revista e o nosso blog, estão indo extremamente bem. - Judith me explicou e eu assenti.

—Isso quer dizer muita gente? - Perguntei e vi Cameron negar.

—Não, se for mais de quarenta, já é muito. Nunca posso ir nessas viagens de negócio e diversão, mas sempre sei como são. - Ron explicou e eu ri assentindo.

—Temos vinte minutos para estar lá. - Luke falou e assim, a porta do elevador se abriu, e corremos.

Assim que entramos na festa, todos os olhares se viraram para nós cinco. Não havíamos sido anunciados, e ainda bem que não fomos, porque foi só entrar lá que éramos o centro de atração.

Lily trajava um vestido preto básico, mas ainda sim, longo e refinado e de tecido leve por ainda ser duas da tarde; enquanto Judith trajava um terninho cinza que se destacava de leve com a decoração de tecido branco da festa. Cameron usava uma camisa social rosa num lindo conjunto com a calça preta e os sapatos. Já eu, estava com um terno completo branco, usando um cinto preto na calça, meu cabelo era o destaque final da roupa, com combinação dos anéis prata nos dedos. Luke, que vinha ao meu lado, usava um terno completo feito sob medida preto, a camisa branca se destacando.

Luke pegou uma taça que um garçom lhe trouxe, e com uma colher, fez um leve tilintar, e todos ficaram em silêncio.

—Obrigado. Gostaria de agradecer a todos por comparecerem. Sei que muitos vêm amando as resenhas, as fofocas e informações partilhadas pelo Garoto do Coturno Azul. Mas como todo pseudônimo tem alguém por trás, conheçam, Rebel Randon, o Garoto do Coturno Azul. - Luke falou e todos aplaudiram. Então fui ao seu lado e sorri, agradecendo a todos.

—Eu gostaria de agradecer por todos os elogios e por todo o acompanhamento. Esse último mês tem sido incrível para mim, e de fato, vocês fizeram uma grande parte disso. - Agradeci e os aplausos ficaram mais fortes. E então saímos do centro do local e tudo voltou ao normal, conversamos com algumas pessoas e então fomos para um canto com Champagne. Lily e Judith falavam com algumas outras mulheres, Cameron cantava um garçom e me sentia contente com aquela recepção calorosa de todos.

—Rebel Randon... - Então ouvi a voz de uma mulher, uma mulher que quando eu virei constatei ser loira, usava um longo vestido prata - parecia papel-alumínio— e os cabelos eram loiros. Olhos castanhos envoltos com um mel fraco. Um olhar de gelo, de superioridade. - Sou Daniella Martinez, a atual comandante de matérias. Entrei um mês atrás...

—... Depois da sua entrevista na segunda-feira. - Falei, sabendo muito bem que era ela quem estava assumindo o que eu, inicialmente, queria assumir.

—Então você sabe?! - Foi mais uma pergunta retórica, mas eu assenti.

—Sim, eu iria tentar entrar também, mas não tive a oportunidade, pois não chequei meu e-mail, afinal, quem usa e-mail hoje em dia? - Ri, vendo Luke rir de leve comigo. - Mas, enfim... Você sabe meu nome, então não tenho porque me apresentar novamente.

—Parabéns pelo bom trabalho. - Ela disse, como se as palavras a fizesse enjoar. Sorri, o mais falso possível, e assenti agradecendo. - Luke, você vai no jantar hoje?

Ela se aproximou, inapropriadamente, devo dizer, de Luke e passou a mão no terno do outro que ficou sério.

—Irei. - Ele disse, simples, retirando a mão dela de seu peito.

Olhei para trás, procurando Lily, sem interesse na conversa que a outra tentava puxar com Luke. E tudo que eu menos queria ver, ou melhor, quem eu menos queria ver estava ali, com uma camisa social feia e amarelada, com aquele sobretudo preto barato. Arregalei os olhos e peguei o celular, digitando com pressa para Lily. O meu cobrador abria caminho pelas pessoas como se procurasse algo, ou melhor, alguém, eu.

Quando me virei novamente, pronto para correr, reparei que a megera havia ido embora.

—Está tudo bem, Rebel? - Luke perguntou e tentei bolar um plano de escape. Puta merda, aquilo era muito estressante. E eu recentemente havia criado mais dez mentiras para aquele bosta do cobrador imbecil metido a dono da razão.

—Sim, meu namorado stalker está ali abrindo caminho. - Apontei e vi o semblante de Luke mudar de preocupado para determinado.

—Eu vou ali. - Ele disse, começando a se mover.

—Mas nem fodendo. - Eu disse, já sem saber o que fazer.

—Então eu te acompanho. - Ele falou, o semblante mostrando que não estava entendendo.

—Ótimo. - Falei e o puxei pela mão.

Abri os olhos e coloquei as mãos embaixo da cabeça.

—Temos ainda o jantar para ir, não se esqueça. Agora que está calmo e já dormiu, já está pronto? - Luke perguntou e eu assenti. - Bom.

Me levantei e me vesti, calça social preta e camisa branca, sem blazer. Me olhei no espelho e sorri, estava ótimo. E então ambos saímos e fomos até o elevador, escutando I Kiss The Girl da Katy Perry até as portas se abrirem e nos dirigirmos ao restaurante, vendo a noite estrelada pelo teto. Apesar de o restaurante ser do hotel, ele era separado, então mesmo sendo no térreo, por conta da areia, tinha um suporte para o restaurante, nos deixando alguns - três - metros acima do chão. Enquanto Luke se dirigia para a mesa, fui para um corredor mais reservado só dar uma olhada no meu cabelo, já que eu iria me apresentar para três pessoas que não haviam comparecido a festa de cedo.

Me olhei no espelho e concluí que estava ótimo, cabelo lindérrimo como sempre. E quando ia entrar novamente no centro, alguém me puxou para a cozinha.

—O que estava fazendo lá?! Você tem que levar isso para as mesas. - O chef me repreendeu e apesar de tentar falar que eu não era um dos garçons, ele me interrompia. Então peguei a maldita da bandeja e fui para a mesa oito, que ele indicara, no caso, a mesa onde estavam as pessoas, cujo eu seria apresentado. Luke me olhou interrogativamente. Ri nervoso e coloquei os pratos.

—Mas e então, onde está esse Garoto do Coturno Azul? - A senhora perguntou e Luke me olhou nervoso.

—Só um minuto e tudo certo. - Ele disse, driblando. Coloquei os pratos e me virei, para deixar a bandeja em algum lugar, eu só não contava que teria alguém atrás de mim. Esbarrei nesse alguém, que esbarrou em outro, esse outro a Lily pegou, ela estava na mesa ao lado da nossa, enquanto o outro caiu, mas eu peguei a bandeja a tempo. Luke levantou rapidamente, ajudando o moço caído e pegou a bandeja da minha mão, já rindo, e serviu as pessoas ao nosso lado falando o que era aquilo, mesmo sem nem saber, ele só cheirou o prato e de repente saiu todas aquelas informações sobre culinária. - Macarrão com molho a puttanesca e temperado em alho com bife à milanesa.

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Naquele momento eu queria muito o puxar para um beijo.

Ele deu a bandeja para o garçom levantado e se sentou.

—Esse é o Rebel. O Garoto do Coturno Azul. - Ele me apresentou e vi os olhares arregalados das duas mulheres e do homem mais velhos após todas as quedas se transformarem em sorrisos e alegria em me conhecer.

—Seu trabalho é incrível. Você escreve muito bem com toda a comparação à moda. Ah! Desculpe meus modos, eu sou a dona da revista, Dani Fisher. - Ela disse e eu quase tive um enfarto.

—Meu Deus, prazer. A senhora é maravilhosa, você é incrível. - Eu falei, me sentando com pressa e sorrindo o maior sorriso que eu poderia ter. Até que Daniella surgiu pedindo desculpas pelo atraso, sem dar chance de Dani Fisher me responder.

—Então, do que estamos falando? - Ela perguntou e sorriu para Luke.

Conforme conversa vai-e-vem, Daniella ficava acariciando Luke, apesar, ela tinha sentado ao lado direito dele, e falando com animação falsa e aguda, furando meus ouvidos até eu querer me jogar no chão. Eu fizera uma amizade muito legal com Fisher e contei sobre algumas histórias minhas e a ouvi sobre as dela enquanto Luke nos encarava sorrindo, acompanhando e de vez em quando dizendo algo.

Após horas e horas conversando, rindo e de alegria por ter Dani Fisher e Luke ali e raiva por ter que aguentar Daniella Martinez quase ao meu lado, a dona da revista teve de ir embora e só ficamos ali nós três, Daniella, Luke e eu. Assim que a linda mulher que era meu exemplo de poder passou da entrada do local, eu pedi um vinho tinto de 1998 e assim que o tive na minha mão, me levantei.

—Licença. - Pedi e saí, indo para a sacada olhar as estrelas brilhantes e ver se descobria algum planeta visível a olho nu.

O vinho estava gelado, deixando que meus dedos sentisse isso pelo vidro, me fazendo arrepiar no vento leve que bagunçava meus cabelos, jogando algumas mechas contra meu rosto. Estava começando a ficar frio, eu percebia conforme soprava no ar só para ver a neblina saindo da minha boca.

Senti a aproximação de alguém, que se colocou ao meu lado. Virei meu rosto em direção a pessoa, vendo Luke ao meu lado sorrindo.

—Está tudo bem? - Ele perguntou.

—Sim.

—Frio? - Questionou e eu assenti, então o vi tirar o blazer preto.

—Mas não precisa.

—Mas eu quero. - Ele revidou e colocou em mim seu blazer e o perfume dele invadiu meu nariz, me inebriando.

—Feliz de conhecer Dani Fisher? - Ele perguntou e eu ri.

—Você ainda pergunta. Estou muito feliz, e nossa, me surpreendi por ver como ela é gente como a gente, sabe? - Falei e o vi assentir rindo.

—Eu vi como seus olhos brilharam quando ela falou com você, quando ela repetia seu nome. - Ele me encarou.

—É que ela é meu exemplo, sabe? Ela é o que eu vejo de poder. - Respondi.

—Sim, ela é muito poderosa.

—Por que deixou sua companheira sozinha? - Perguntei, estranhando.

—Eu estranhei que tenha saído de lá logo após Dani Fisher ir embora. E Daniella não é minha companheira. Falando nisso, por que saiu da mesa após Martinez ter dito que me queria? - Ele sorriu, como se soubesse a resposta.

—Sei lá, eu não gosto dela. Parece que ela tenta se dar bem com você. - Eu falei, vendo-o se aproximar mais de mim.

—Mas ninguém poderia se dar bem comigo. - Ele disse e eu devo ter ficado com o semblante quase com um ponto de interrogação, pois ele voltou a falar, explicando, me deixando de olhos arregalados. - Porque ninguém é você. - Ele colocou a mão direita no meu rosto, acariciando minha bochecha com o dedão e o sorriso iluminando tudo naquela sacada, ele aproximou seu rosto e eu senti meu rosto esquentar um pouco, os olhos dele mostravam estar felizes assim como eu me sentia.

E então, ele me beijou.