Fita Azul
1º Encontro - Parte II
“Eu vou te matar”, era a mensagem que Nico digitou rapidamente e enviou para Jason enquanto esperava sua vez na fila para fazer os pedidos.
A resposta não demorou:
“Não vai. Eu sou seu melhor amigo :D” Foi a resposta de Jason, antes de completar: “Não adianta revirar os olhos Menino Das Sombras”.
Nico o xingou mentalmente e por mensagem, questionando se ele era tão previsível assim por Jason ter acertado seu gesto.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!“É com essa boca que quer beijar minha irmã?”
Jason retrucou e Nico fez uma pequena pausa para olhar a mesa, encontrando Thalia inclinada para falar com Hazel, como se fosse cúmplices. Automaticamente a mente do Di Angelo se imaginou beijando Thalia, perguntando-se, como tantas vezes, qual seria a textura e o sabor dos lábios dela.
Ele balançou a cabeça desviando os pensamentos e digitou uma última mensagem antes de chegar a sua vez no balcão: “Eu não quero beijar sua irmã. E me dê um motivo pra não te matar Jason.”.
Após ser atendido pela funcionária entediada, ele voltou para a mesa, ainda constrangido e se perguntando o que diabos estava fazendo ali e como poderia puxar assunto com Thalia.
Seu celular vibrou várias vezes, então ele não resistiu a olhar, com cuidado para que Thalia não visse as mensagens. Não foi nenhuma surpresa perceber que todas eram de Jason:
“Quer beijar sim
Eca!
Pq eu to fazendo isso mesmo?
Q amigo ingrato
To aqui te jogando pra cima da minha irmã
E vc com drama
Vc não vai me matar
Eu sou seu melhor amigo
O que você vai fazer sem mim?”.
Nico respirou fundo antes de responder:
“Eu to me perguntado tb pq você tá fazendo isso
Mas para!
Eu já disse que isso é impossível
Você é estranho
E vou te matar sim
Seu argumento é inútil
Will tá ai pra isso
Por isso que ele tb é meu melhor amigo”
Nico bloqueou novamente a tela do celular e se virou para Thalia, que analisava a rua parecendo bem mais interessada nisso do que em falar com ele. Dimitri e Hazel estavam em uma conversa que dispensa terceiros sobre qual cor era mais bonita e Nico estava se sentindo ansioso, por isso nem hesitou em ler as novas mensagens quando o celular vibrou novamente:
“Vou mandar isso pro Will
Chamando ele de estepe
Se prepara pra bronca kkkkk
Agora larga esse celular
Seu ingrato
Vai conversar com minha irmã
Meu funeral tem que valer a pena!”
Nico respondeu rapidamente:
“Ela não quer falar comigo
Fica olhando pela janela”
A notificação de que Jason estava digitando apareceu antes de Nico terminar de responder, bem como a mensagem:
“As vezes pq vc tá no celular ignorando ela!
Larga esse celular!”
Nico ignorou, mandando quase em pânico:
“Que que eu vou falar?
Sobre a resposta da vida, do universo e tudo mais?”.
Nico quase pode ver a risada de Jason e nem se surpreendeu com a mensagem que fazia referência à uma série de livros que eles gostavam:
“Duvido q ela seja o pensador profundo
Mas conversa com ela
Fala sobre como o dia tá lindo
Fala que ela tá bonita
Que The Scientist te faz chorar sempre
sei lá
se vira!
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Não dá pra te ensinar como pegar minha irmã
eu não pego ninguém também!”
Nico acabou rindo e quase ia enviar outra mensagem quando Hazel lhe chamou:
— Papai, nosso lanche! — A menina enfatizou, apontando para a atendente que chamava o nome de Nico. Novamente ele se sentiu constrangido ao ver que todos o olhava, esperando sua reação.
— Ah, sim, vou buscar! — Ele se levantou rapidamente e pegou a bandeja, não tendo dificuldade em equilibrá-la até a mesa, afinal, ele era garçom. — Aqui. McLanche Feliz pras crianças e escolhi dois Big Mac pra gente, além de batata-frita. — Ele sorriu constrangido, abrindo o lanche e o arrumando para Hazel.
— Podia ter sido McLanche mesmo. — Thalia sorriu, tentando não deixá-lo mais tímido ainda, enquanto também arrumava o lanche para o filho. — Confesso que nunca provei nenhum.
— Também prefere Burger King? — Nico perguntou, entregando o hambúrguer para a filha e vendo-a dar uma mordida que espalhou molho pelo rosto.
— Como sabe? — Thalia franziu a testa.
— Eu sempre acabava brigando com Jason por causa disso.
— E quem vencia?
— Will. — Nico revirou os olhos, sem deixar de sorrir nostálgico. — Ele é um falso vegetariano, reclamava de hamburguerias e acabávamos na pizzaria.
— Você devia gostar, não? Quer dizer, italianos e pizza… — Thalia sorriu amavelmente, entregando o lanche para o filho.
— Na verdade, nossa pizza é bem diferente da de vocês. — Nico limpou a garganta, um pouco nervoso com os olhos azuis focados nele. — Mas, é, eu gosto de pizza. Apesar de Will e Jason odiarem a minha.
— Ouvi que você cozinha bem. — A Grace comentou, mais animada com a conversa.
— Aprendi com minha mãe. Ela adorava cozinhar e eu adorava comer, então ficava sempre em volta da mesa.
— O que você faz de mais gostoso? — Ela perguntou e um leve rubor subiu na sua face, apesar de Nico não conseguir entender a origem.
— Não sei. Mas Hazel gosta da lasanha.
— Eu adoro lasanha! Vou adorar provar a sua!
— O que? — Nico quase engasgou com o refrigerante levado aos lábios, a imagem de Thalia no apartamento dele, sorrindo abertamente depois de provar da especiaria, surgindo em sua mente.
— Quer dizer, eu duvido que esse já o único encontro e não dá pra deixar eles comendo hambúrguer e… Ah, deixa! — Thalia murmurou um pouco constrangida antes de pegar o próprio lanche dar uma grande mordida, fazendo uma careta.
— Não gostou? — Nico não evitou o riso.
— Eu odeio picles. — Ela se desculpou, tentando não fazer careta.
— Acho que todos aqui tem picles, desculpa.
— Tudo bem. — Thalia murmurou, tentando tirar o picles e colocar em um guardanapo. Ela não se importava nenhum pouco se isso era estranho ou nojento, nada seria capas de fazê-la comer aquelas coisinhas verdes. — Da próxima vez marcamos em uma pizzaria.
— Justo. — Nico riu, sentindo um pouco mais aliviado. Se continuasse no assunto comida, talvez ele conseguisse ficar “ok” com aquele “encontro duplo”.
— Então, — Thalia falou, depois de conseguir tirar todo o picles visível, pensando seriamente em deixar o hambúrguer de lado. — conte-me seu segredo.
Nico sentiu um arrepio percorrer seu corpo e engoliu em seco, pensando em o que Thalia poderia ter ouvido sobre os segredos do Di Angelo.
— Segredo? — ele perguntou, tentando agir naturalmente. — Que segredo? Não tem segredo nenhum. Sou um cara super transparente.
Thalia franziu a testa e acabou rindo, balançando a cabeça:
— Você mente tão bem quanto Jason! — Ela comentou, antes de dar uma mordida no hambúrguer e decidir que era comestível. Após engolir, ela completou a fala: — Estou falando sobre o segredo do meu pai gostar de você! Como isso é possível?
— Ah, esse segredo. — Nico riu e tomou um gole do refrigerante, sentindo-se mais aliviado.
— O maior segredo da humanidade, devo dizer. — Thalia completou. — Meu pai te adora! Como você conseguiu?
— Ah, não sei. — Nico franziu a testa, sendo sincero. — Ele só disse que eu lembro ele mesmo.
Thalia franziu a testa, tentando comparar. Nico, com seu jeito meio roqueiro emo e tímido era completamente diferente do seríssimo e intimidante Robert, vulgo Zeus, Grace. Tão destoante quanto noite e dia. Nico pareceu ler seus pensamentos porque riu também.
— Eu sei: também nunca entendi porque! — Ele comentou, sendo sincero. — Só sei que um dia ele me viu com a camiseta do Led Zeppelin e decidiu que queria me adotar.
— Espera, o que?
— É, ele tentou conversar com meu pai pra me adotar uma vez. Foi estranho.
— Ok, isso também é estranho, mas… Meu pai conhece Led Zeppelin?
— Ele disse que tinha até um disco autografado pelo Jimmy Page, eu acho. — Nico deu de ombros, como se não fosse grande coisa.
— Eu não acredito nisso. — Thalia levou a mão aos lábios, completamente discrente.
— Acredite, eu também achei muito estranho! Só sei que a gente ficou conversando um bom tempo sobre várias bandas incríveis e eu só conseguia pensar: espera, esse é mesmo o pai de Jason?! Acredita que ele curte Ramones?!
— Espera! Você está dizendo que meu pai gosta de rock?!
— Você não deveria saber disso?! — Nico questionou e, ao ver a cara emburrada da Grace, ergueu as mãos com se rendendo, um sorriso leve de arrependimento. — Ok, desculpe! Mas, é, ele gosta de rock, mas é mais pro metal, mais tradicional, então não espere ele ouvir Foster The People!
— O que mais falta? Ele ser baterista de uma banda?
— Acho que ele foi baixista…
— Por favor, diga que você está brincando! — Nico sorriu mostrando as covinhas, o que fez Thalia suspirar aliviada e completar a fala. — Você quase me fez enfartar!
— Mas a parte dele gostar de rock é verdade. — O Di Angelo se defendeu. — Ele até deu uma camiseta pro meu pai do AC/DC uma vez.
—Nossos pais são amigos?
— É uma longa história. — Nico balançou a cabeça como quem diz “mais ou menos”. — Envolve eu, Jason, Will, Apolo, hospital e acho que você vai acabar surtando com tudo.
— Pode ter certeza que sim! — Nico acabou rindo, mais relaxado.
— Mais alguma coisa que eu preciso saber sobre o meu pai?
— Você sabe por que chamam ele de Zeus? — Nico questionou e Thalia negou. — Bom, teve uma época que eu e Jason estávamos um pouco viciados em mitologia grega, bem na época em que lançou God of War… Eu sei: bem nerd! — Thalia acabou rindo, concordando. — E aí eu acabei comentando com Jason que o pai de vocês parecia muito Zeus, e o mais legal é que o Zeus da mitologia também teve um filho chamado Jason, outro chamado Hércules e até uma Tália!
— Espera, você quem inventou isso?
— Um dia, sem querer, eu chamei ele de Tio Zeus… Ele dizia pra mim chamar ele de Tio Bob, sabe o quanto isso é estranho? Aí ele perguntou porque do apelido, gostou e acabou pegando. E fim, essa é a história.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Sério, você está se tornando meu ídolo! — Thalia exclamou, olhando Nico como se ele não fosse real. — Tem que ter alguma explicação sobrenatural pro meu pai gostar tanto de você, não é possível!
— Bom gosto musical. — Nico falou. — Você pode ser uma péssima companhia, até uma péssima influência, mas o importante é ter um bom gosto musical.
— Mas eu também amo rock e meu pai sempre reclamou disso! Não tem lógica! Sério, garoto, você é fora do normal!
Estranhamente, Nico acabou rindo disso.
Música. Um assunto simples e fácil de conversar, principalmente porque Nico e Thalia tinha gostos bem similares neste quesito. Por isto, a ansiedade do di Angelo parecia amenizar quanto mais eles conversavam, de olho nas crianças que debatiam desenhos animados.
Thalia estava falando entusiasmante sobre como o álbum American Idiot era incrível e como seu ideal de tarde perfeita era ficar vagando no banco traseiro de um carro olhando pela janela e o escutando com uma companhia perfeita, quando se inclinou e tocou a bochecha de Nico, limpando resquícios de molho. O Di Angelo corou, mas deixou que ela terminasse e se afastasse um pouco surpresa com o próprio gesto clichê.
— Acho que consigo me sujar mais que as crianças. — Nico riu envergonhado e Thalia teve que se segurar para não morder as covinhas dele.
— Acho isso difícil. — Thalia apontou pro filho que tinha molho até na ponta do nariz. — Acho que Dimi aprendeu a comer com Jason pra fazer tanta lambreca.
Nico riu, vendo a garota pegar alguns guardanapos e se inclinar em direção ao filho, pretendendo limpar, mas não alcançando.
— Posso? — Nico perguntou, gesticulando para os papéis na mão dela. Thalia assentiu e lhe entregou. — Dimi, olha aqui, por favor. — O Di Angelo pediu e o menino obedeceu, franzindo a testa enquanto era limpo.
— Ele me ensinou muitas coisas. — Dimitri respondeu, olhando para a mãe. — me ensinou sobre encontos.
— Ah, isso explica muita coisa. — Thalia riu, fazendo Nico acompanhá-la.
— Só Jason pra ensinar coisas assim!!
— O tio Jay é seu papai? — Hazel perguntou curiosa, relacionando o fato de Dimitri morar na casa dos Graces.
— Não. — Dimitri respondeu, balançando a cabeça. — É meu titio.
— Quem é seu papai? — A menina continuou, curiosa.
— Hazel. — Nico repreendeu em tom de alerta, mas a filha o ignorou.
— Eu não sei. — Dimitri deu de ombros.
— Eu tenho dois pais — Hazel continuou, ignorando o olhar de alerta do pai. — Mas tem tempo que não vejo o outro.
— Me dá um? — Dimitri pediu e Thalia sentiu o coração doer.
— Não sendo esse. — Hazel apontou para Nico, que estava mais pálido que o normal.
— Hazel, mio amore, por que não mudam de assunto?
— E sua mamãe? — Dimi perguntou, continuando com o assunto tenso.
Hazel também deu de ombros, indicando que não sabia ao certo.
— Dimitri, que tal voltarem a conversar sobre o coelhinho? — Thalia instruiu, igualmente desconfortável com o assunto, porém curiosa.
— Ela é doida. — Hazel respondeu e Nico sentiu que ia desmaiar. Ele precisava dar fim ao tema, mas, felizmente ou não, uma quinta pessoa chamou atenção do grupo:
— Então, — a voz de Silena soou. — quer dizer que você está fugindo de mim?!
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