Capítulo 1 - Vida no Tártaro

P.O.V Victória

Os dias no Tártaro seguiam monótonos como sempre. Os castigos eram intermináveis. Minhas esperanças de perdão dos deuses se dissiparam faz tempo. Tudo que eu sinto é um ódio crescente acumulando no meu coração. E pensar se eu nunca tivesse ajudado Gaia, eu talvez não estivesse aqui. Estaria no meu templo cuidando dos sonhos e protegendo as amizades verdadeiras. Mas não, eu infelizmente estava ali naquele lugar horrível e fedorento. Eu tento guardar meu lado sombrio mais não consigo. A deusa legal que era doce, amável, deixou de existir após o primeiro castigo no Tártaro. Eu sabia que de certa forma eu merecia, mas eu não aguentava mais ser traída por meu marido Ares. Eu o amava,mas agora já não sei ao certo.

Meu vestido era somente farrapos, totalmente maltrapilho e sujo. Meus cabelos estavam despenteados e totalmente embolados. Minha pele era sempre pálida pela falta de luz do sol. Minhas unhas estavam sujas de poeira preta. Meus pés e mãos machucados e calejados. Me encontrava jogada no chão, tentando dormir no chão duro. Não tenho mais lágrimas para chorar, pois elas secaram a anos.

Me leve até à margem do rio

Me leve até o combate final

Lave o veneno pra fora da minha pele

Mostre-me como é estar inteiro novamente

Levanto do chão e começo a andar pro ai. Me sentindo sozinha. Me sentindo vazia. preciso sair daqui. Mas não há esperança Como eu poderia se quer pensar em esperança estando em um lugar como aquele.

Me leve num voo de asa prateada

Até depois da escuridão, onde as sirenes cantam

Me aqueça no brilho de uma nova

E me solte no sonho inferior

Caio de joelhos no chão fraca. Não quero mais ficar aqui. Cansei desse buraco,faz tempo. Mas não a esperança.Pelo menos não há para mim.

Porque eu sou apenas uma rachadura

Neste castelo de vidro

Não há quase nada para você ver

Para você ver

Me traga para casa em um sonho ofuscante

Através dos segredos que eu já vi

Lave a tristeza pra fora da minha pele

E me mostre como é estar inteiro novamente

Um tempo curto nesse lugar é o suficiente para te mudar. Imagina milênios. Eu estou mudada. Minha mudança poder ser vista como ruim pela concepção de alguns e boa para a concepção de outros.

Porque eu sou apenas uma rachadura neste castelo de vidro

Não há quase nada pra você ver

Para você ver

Eu não ligo para nada. Só se vou sobreviver.

Porque eu sou apenas uma rachadura neste castelo de vidro

Eu não preciso ser nenhuma outra coisa

Porque eu sou apenas uma rachadura neste castelo de vidro

Não há quase nada para você ver

Para você ver

Para você ver

Eu dormi depois de me deitar novamente.

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Acordo com uma luz no meu rosto. Franzo cenho e fecho os olhos rapidamente. Eu os abro novamente. E vejo uma figura conhecida. Não posso deixar de sorrir. Primeiro sorriso em milênios.

— Gaia! – Digo entusiasmada.

— Victória a quanto tempo! – Diz me abraçando.