Patrick, o atrasado

Alicia tinha cabelos roxos, os usava assim desde que tinha quinze anos normalmente para representar o seu humor ameno, quando entrou na faculdade de Literatura o estilo assustou um pouco os demais colegas. Mas, não Patrick que estudava publicidade e se dividia entre assistir as aulas ou assistir a garota ir ao prédio principal usando o jardim ao lado da janela de sua sala, isso sempre na mesma hora.

Os dois se conheceram e conversaram, ela confessou que tinha comentado sobre ele com uma das colegas, ele que não tinha amigos guardou para si esse sentimento. Depois, de algum tempo ela teve que trancar a faculdade, devido ao fato de quê ela estava grávida.

Os gêmeos nasceram no dia trinta e um de setembro, o menino nasceu as vinte duas e quarenta e cindo e a menina nasceu dois minutos mais tarde. Num exame de rotina das crianças, o médico percebeu que as crianças não ganhavam peso, e foi aí que descobriram que Alicia não estava bem.

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Patrick tinha acordado de mau humor, o dia estava dando errado e dali a duas horas tinha que pegar um voo para voltar para casa e ver as crianças, a atendente não sabia lhe informar exatamente quanto demoraria para que ele recebesse instruções novas e ele não conseguia conversar com a mulher que cuidava de seus filhos.

Arrumou o terno novamente e deu uma última checada na aparência para que estivesse apresentável quando fosse até o saguão, ele tinha os mesmos olhos castanhos que os filhos, a diferença era que estava com as marcas de expressão que geralmente os pais costumam ter a mais que os filhos, sua estatura era média e o seu terno estava perfeitamente alinhado.

“Isso vai demorar? ” Ele pergunta novamente a atendente que arruma o laço azul que a companhia obriga as mulheres a usar, ela levanta os olhos e mostra cansaço por ser a nona vez que ele pergunta por novas informações.

“Sinto lhe informar, mas eu não posso lhe dar essa informação no momento, há previsão de um temporal se aproximando e nossas linhas estão congestionadas, Senhor” A mulher diz com um tom de falsa calma e ele volta a tentar falar com a empregada.

“Esse voo está muito atrasado! ” Um rapaz senta-se ao seu lado e parece esperar uma resposta, ele tenta pensar em algo que não soe grosseiro.

“Jura? ” Ele desiste de tentar ser educado e o outro dá de ombros. “Me desculpe, é que eu não vejo meus filhos a uma semana”.

“Eles são muito novos? ” O homem pergunta se ajeitando no banco e bebericando seu café e Patrick sorrindo por pensar nos filhos, sorri por ser seu assunto preferido.

“Eles são adolescentes, mas a saudade é a saudade” Ele ri pela construção simples de sua frase e o homem ri levemente. “Eles têm 17 anos”. Um silencio tomou conta do lugar e os dois sorriram quando o voo foi anunciado.