Tempestades de um espinho que ansiava virar flor

Exercício de observação: encare, pacientemente, o horário no relógio mais próximo.


Uma noite a mais, um dia a menos. Os ponteiros rodopiam no espaço confinado dos relógios, marcando a hora, o tempo, nas telas dos celulares e nas barras piscantes dos grandes outdoors, presos nas calçadas das ruas e estradas movimentadas.

Contamos aplicadamente com cada segundo a mais com quem amamos antes de uma despedida, cada minuto a menos enquanto enclausurados na exaustiva cadeira do dentista. Embalados pelos sons dos tiques, pela noção do tempo, pela sua lentidão ou sua ocorrência instantânea.

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É como se conduzíssemos conosco, cada um de nós, centenas (senão milhares!) de invisíveis pequenos cronômetros, ampulhetas, metamorfoseando-se constantemente na proporção de nossos passos, enquanto tomamos nossos rumos, fielmente conectados ao resultado (ou sua falta) contido em cada uma de nossas (in)decisões.

Existimos, enraizados à dança do tempo. Privilegiados, graças ao domínio (ou maldição) da constante pulsação correndo pelas veias, impulsionando o sangue que flui ao longo dos confins de nossas imensuráveis engrenagens individuais. Seiva que nos concede o dom entre escolher, agir, fazer.
Ou...
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...Renegar sua existência, opondo-se às inconvenientes leis que regem a fidelidade terrena, abdicando-se até mesmo de sua pele, de quem se é, contrariando os constantes alertas contradizendo sua ótica e chocando-se, incessantemente, violenta e destrutivamente, com... com o que, a grosso modo, (não) é você.

...um café bem quente, por favor.