A Seleção de Apolo

• 2° — Proponho uma trégua a cria do amor


— É legal brigar com você no final, torna tudo menos... maçante.

Meu primeiro pensamento foi “ela tá bem?”, sendo seguido pelo: "isso só pode ser uma pegadinha pro programa de Hefesto!". Mas então ela mordeu os lábios, e foi como se uma lâmpada aparecesse em cima da minha cabeça. Alguma selecionada havia drogado Camille sem que a mesma percebesse e agora a garota não estava falando coisa com coisa!

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Já estava pronto para pedir ajuda especializada - leia-se amiga dela com a qual eu tinha um acordo - quando Cammy cruzou os braços:

— Você vai ficar aí me encarando com cara de pateta ou vai falar alguma coisa?

Engoli em seco, ainda muito perplexo para uma resposta mais elaborada.

— Hum... Eu... É que... Isso nunca acontece. Mas eu... Eu estou querendo te perguntar uma coisa muito importante.

Provavelmente percebendo o estado atônito em que me encontrava por sua culpa, ela visivelmente se acalmou. – Pergunte.

— Ok... – respirei fundo, tomando coragem. Você é um Deus Apolo, aja como um. — Como você está?

Pelo modo como suas sombracelhas subiram, acho que a peguei de surpresa.

— Como eu estou?

— É... eu já venho tentando perguntar isso a você há alguns dias, então... Como você tá?

As sobrancelhas de Camille, antes arqueadas, agora desciam a medida que ela semicerrava os olhos, desconfiada.

— Olha, eu não sei o que você tá querendo fazer ou provar...

— Por que você sempre espera que as pessoas se aproveitem de você de alguma forma? - Não me contive, quando percebi já tinha aberto a boca.
Ela bufou.

— Porque as pessoas sempre tentam se aproveitar de mim de alguma forma. Em mais da maioria das vezes. E sinceramente, isso é...

— Um saco - completei. – É, eu sei. Sempre se aproximam de você pelo que você é...

— Ou pelo que tem a oferecer...

— E nunca realmente...

— Porque querem te conhecer.

— Eu ia falar "porque gostam de você", mas "porque querem te conhecer" também serve.

Ela riu. De verdade.

— "Porque gostam de você"? Pelo amor de Zeus, Apolo! Eu posso não estar na melhor, mas também não estou em plena merda. No dia em que eu falar uma coisa do gênero "pessoas não gostam de mim" e isso realmente começar a me afetar, você pode me internar num hospício. – Ela revirou os olhos. – Ou só me soltar por um mês no chalé de Afrodite, no final você vê que dá no mesmo.

Acabei dando um sorriso. Ela ficava bonita quando revirava os olhos.

— Falou chalé de Afrodite ao invés de "o meu chalé". Algum motivo em especial?

Cammy deu de ombros.

— Fui criada no chalé de Hades, praticamente. Quíron nos deixava fazer festas do pijama lá duas vezes por semana, embora eu acredite que ele só concordasse com isso porque éramos crianças muito solitárias. Filhas órfãs e tal - batucou as unhas na mesa, um silêncio súbito se instalando.

— ...Camille?

— Sim?

— Se eu perguntar uma coisa, uma coisa meio estranha e doida, você promete não me bater? Não imediatamente, pelo menos?

— Estamos conversando sem trocar farpas a exatamente – ela consultou o relógio em seu pulso – meia hora, Apolo. Acho que não dá pra ficar mais doido que isso.

— Ótimo. Quer sair comigo?

— Pera, o que?— a voz dela deu uma afinada no final. – Quer dizer, sair tipo um encontro?

— Sim. O que me diz? – insisti. – Você gostaria de... de sair comigo?