Cheguei ao hotel era por volta das sete horas da noite. Desci do elevador e fui andando pelos corredores. Porém, antes mesmo que pudesse chegar à porta do quarto comecei a ouvir gritos. Papai e tio Dean com certeza estavam brigando, o que não era nada incomum. Parei para ouvir a discussão e percebi que dessa vez estavam falando de mim.

– Sam, você está louco? Andou bebendo sangue de demônio? Sua filha está se envolvendo com um lobisomem e você não faz nada!?

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– Dean, Emily ficou a vida toda presa por nossa causa. Como você quer que eu chegue para ela e diga para se afastar?

– Dá seu jeito ou ele vai acabar jantando ela igual o lobo fez com a Bela Adormecida!

– O lobo come a Chapeuzinho, Dean.

– Que seja! – reclamou meu tio. – Ela tem que ficar longe dele, antes que se torne um monstro como o tal Derek... Ou a mãe. E você sabe muito bem que isso pode acontecer se não tomarmos cuidado, Sammy.

– Então é isso que vocês acham de mim? – perguntei entrando no quarto com lágrimas nos olhos. – Que eu sou um monstro?

– Emily, – disse meu pai se levantando da cama. – não é isso que você ouviu, querida, é que...

– Não precisa explicar nada. – bati a porta na cara deles e saí correndo.

– Oh bitch! – exclamou tio Dean.

Corri até a área a externa do hotel, onde ficava um pequeno jardim. Não podia acreditar que meu pai e tio achavam que eu era um monstro... O que, segundo Derek, eu não era. Aquelas palavras doíam, invadiam minha alma como lâminas afiadas.

Estava realmente decepcionada com os dois. Será que foi por isso que vivi a minha vida inteira trancada e longe das outras pessoas? Eles não confiavam em mim, era isso? Minha vida toda foi uma mentira? Não podia acreditar naquilo.

Sentei-me em um dos bancos do jardim e fiquei ali sem conseguir conter as lágrimas. Será que alguém, além de Derek, ainda acreditava em mim? Uma brisa suave passou por mim e uma voz conhecida e suave começou a falar.

– Por que está chorando, Emily? – levantei o rosto e pude ver aquele homem de sobretudo bege parado à minha frente.

– Castiel! – exclamei o abraçando com força e desabando em lágrimas. O anjo ficou imóvel por alguns segundos, mas acabou me abraçando também.

Quando consegui me acalmar, contei tudo a Castiel desde o dia em que chegamos a Beacon Hills até agora e ele ouviu com toda a calma do mundo. Cas era um grande amigo da família e sabia que podia confiar nele em qualquer situação. Na verdade, foi ele quem me ensinou muitas coisas a respeito dos meus poderes de demônio e também a controlá-los.

– ...E foi isso que aconteceu, Cas. – disse terminando de contar a história. – Eu não sei o que fazer, estou desesperada.

– Sam e Dean estão inseguros. Os dois já passaram por situações muito difíceis e tem medo que o mesmo aconteça com você. – respondeu o anjo. – Mas eu vou te ajudar, não gosto de te ver triste assim.

– Sério? Obrigada, Cas! – já ia abraçar o anjo novamente, mas Castiel sumiu no ar. Ele sempre fazia aquilo.

Fiquei mais um pouco ali no jardim pensando na vida até que então resolvi voltar para o quarto. Quando cheguei à porta as coisas pareciam estar mais calmas. Não havia gritos nem discussão. Castiel com certeza deveria ter passado por ali e acalmado as feras. Ele sempre me tirava de diversas roubadas e eu era muito grata por isso.

Entrei no quarto e realmente estava tudo calmo. Papai e tio Dean estavam sentados nas camas, um de frente para o outro, conversando calmamente. Desde quando eles faziam aquilo? Eu nem podia acreditar. Normalmente era sempre uma gritaria. Iria agradecer muito a aquele anjo quando o encontrasse novamente.

– Senta aqui, baixinha. – disse meu tio dando tapinhas na cama ao seu lado. Fechei a porta e me sentei ao seu lado. – Escuta, eu não queria dizer aquilo de você. Me desculpa?

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– Tudo bem, tio. – respondi. – Mas vocês precisam acreditar mais em mim, no que me ensinaram.

– Nós acreditamos em você, querida. – falou papai. – Mas ficamos preocupados porque toda vez que você tem uma mudança de humor acaba se descontrolando.

– Eu sei disso... Me desculpa, tá? Prometo que vou tentar me controlar melhor. Aliás, eu andei conversando com Derek e...

– Ah, o lobisomem. – disse tio Dean se levantando e dando uma volta pelo quarto.

– Derek não é mau como vocês pensam. Na verdade ele sabe se controlar muito bem.

– Emily. – disse meu pai.

– Além disso, conheci outros lobisomens que moram aqui na cidade. – continuei. – Ah, e uma banshee. Eles também não são ruins.

– Emily.

– Sabe o que fazem com os novatos nas noites de lua cheia? Eles os acorrentam e...

– Emily, minha filha, nós acreditamos em você. – disse papai rindo. – Se você diz que Derek é um bom homem, é porque deve ser.

– Agora vem comer seu jantar antes que eu coma. – falou tio Dean mordendo um pedaço de carne.

– Ei, isso não vale! – disse indo lavar as mãos.

– E se mandar o Cas vir aqui dar sermão na gente outra vez eu como tudo mesmo! – reclamou tio Dean se jogando na cama.

– O que eu posso fazer? O anjinho gosta de mim. – falei indo me sentar à mesa para comer.

– Sem problemas, eu tiro o pornô dele. – disse fazendo nós três rimos.

– Você é um ridículo, Dean. – disse papai se levantando e espreguiçando. – Ah, nós encontramos uma casa pra alugar aqui perto. Esse fim de semana mesmo iremos para lá.

Aquela notícia me deixou muito feliz. Eu nunca tinha tido uma casa ou amigos, e agora teria tudo isso – mesmo que a cidade estivesse prestes a sofrer um ataque de weredemons. Mas com certeza conseguiríamos resolver aquilo, afinal, estávamos falando dos irmãos Winchester, e ajuda também era o que não faltava em Beacon Hills.

Depois de jantar fui tomar banho e me deitei um pouco para descansar do dia agitado. Enquanto meu papai e tio Dean trabalhavam em busca de informações sobre os weredemons, fiquei ali quieta pensando em Derek e no que tinha acontecido. Antes das oito e meia acabei adormecendo.