Após o confronto contra Crowley, passei dias no loft de Derek sem que mais ninguém soubesse que eu me encontrava ali; nem meus amigos e muito menos minha família. Ficar distante de tudo e de todos estava sendo ótimo para pensar e tentar colocar a cabeça no lugar, pois ainda estava muito abalada por conta de tudo o que tinha acontecido desde o jogo de lacrosse.

Com a calmaria na cidade e bem longe da lua cheia, o lobisomem ficou praticamente o tempo todo ao meu lado, só saiu algumas vezes para comprar o que comer e, é claro, quando roubou algumas roupas do meu quarto para trazer para cá. Derek estava sendo como um anjo em minha vida e eu tinha muito que agradecê-lo.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Porém houve uma noite que vi algo estranho e que me deixou um pouco chateada. Eu estava assistindo um filme na Netflix enquanto o mesmo tomava banho. De repente vi a luz de seu celular acender e o senti vibrar algumas vezes sobre a cama. Peguei o aparelho para dar uma olhada e na tela havia a foto de uma garota muito bonita identificada como “Babe” (Baby).

A quem Derek estava chamando de forma tão carinhosa? Quem era aquela tal Babe? Mil pensamentos tomaram conta da minha mente e algo começou a dizer que o Hale escondia alguma coisa. Fiquei parada olhando a tela durante algum tempo e finalmente a garota desligou. Porém não demorou muito e a mesma enviou uma mensagem.

~ Babe: Gato, você está aí?

Naquele mesmo instante a porta do banheiro se abriu e Derek saiu de lá secando o cabelo com uma toalha preta. Soltei o celular na hora para que o mesmo não percebesse. Porém era quase impossível não perceber que eu estava chateada com alguma coisa.

– Hey, – disse o mesmo sentando-se na cama. – alguém me ligou?

– Não reparei. – respondi um pouco fria.

– Tá tudo bem? – perguntou o mesmo pegando o celular.

– Tá.

– Não parece. – disse Derek.

– Tá tudo bem, é sério. – respondi me virando para o outro lado. – Só estou um pouco cansada, preciso dormir um pouco.

– Ok. – disse o mesmo respirando fundo. – Mas se quiser conversar vou estar na sala.

– Obrigada. – respondi.

Derek me deu um beijo na testa, desligou a TV e saiu do quarto carregando o celular. Provavelmente iria conversar com aquela tal garota, o que me enchia de raiva, tanta raiva que lancei o travesseiro contra a porta. E foi assim que terminou aquela noite.

Acordei na manhã seguinte e olhei para o lado. Derek já não estava mais na cama. Respirei fundo me lembrando do caso da noite anterior e me levantei prendendo o cabelo em um rabo de cavalo. Fui ao banheiro fazer minha higiene matinal. Desci as escadas devagar e o loft estava em perfeito silêncio; não havia nenhum sinal de Derek.

Sobre a ilha da cozinha havia uma bandeja com café da manhã. Ao lado, um jarro com orquídeas, as minhas flores preferidas e também um bilhete escrito “Volto logo”. Então fui até a cafeteira e peguei um pouco de café. Quando ia me sentar dei de cara com Castiel em carne e osso parado na minha frente e acabei a deixando a xícara cair chão e ela se quebrou todinha.

– Cas! Que susto! – falei me abaixando para catar pedacinho por pedacinho.

– O que está fazendo aqui? – perguntou o anjo. – Não deveria estar no Inferno com Crowley?

– É, eu deveria. – respondi enquanto limpava toda aquela bagunça. – Mas meu plano deu errado então Meg resolveu ir me resgatar junto com Derek e um feiticeiro. E, bem, aqui estou eu.

– Meg? Mas ela não estava morta?

– Estava, mas eu a tirei do Baixo Inferno com uma ajudinha de Rowena. Agora ela deve estar em Nova York com Magnus Bane. – disse dando de ombros enquanto lavava as mãos.

– Emily, – disse Castiel – por que não volta para casa? Sam e Dean estão preocupados.

– Eu sei que estão, Cas... Mas ainda não é a hora. – respondi pondo a mão no ombro do anjo. – Por favor, Cas, não conte nada a ninguém. Eu preciso de um tempo longe para colocar minha cabeça no lugar, mas juro que quando estiver bem eu voltarei para casa, ok?

– Está bem. – respondeu o anjo com doçura. – Eu guardo o seu segredo.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Obrigada. – falei sorrindo.

De repente a porta do loft se abriu e Castiel desapareceu. Duas garotas entraram carregando suas bolsas que trataram de largar na entrada. Uma delas, a de cabelos longos e lisos e roupas em tom escuro eu pude reconhecer na hora; era a garota que tinha ligado para Derek na noite anterior, a tal “Babe”.

– Lar doce lar. – disse a outra, de cabelos curtos, se jogando no sofá sem perceber minha presença.

– Nem acredito que estou em Beacon Hills depois de todos esses anos no Brasil. – disse “Babe”.

– Espera, tá sentindo esse cheiro?

– Que che-... – finalmente as garotas perceberam a minha presença. Babe se levantou me olhando. Seus olhos brilharam em amarelo e os da outra, em azul. – Quem é você?

– Eu deveria perguntar a mesma coisa. – respondi a altura.

– O que essas garotas trazem nessas malas? Pedra? – perguntou um homem um pouco mais velho entrando acompanhado por Derek carregando diversas malas. – Uh, acho que temos um problema.

– Garotas, acalmem-se. – disse Derek pondo as malas no chão e vindo até nós. – Essa é minha namorada Emily. Emily, essa é minha irmã Cora, minha prima Malia e...

– Prazer, Peter Hale, tio do Derek. – disse beijando minha mão. – Ele tem sorte de namorar uma garota tão bonita.

Espera, a tal “Babe” na verdade era Cora Hale, a irmã de Derek? Eu estava me sentindo uma completa idiota. Como pude duvidar de Derek depois de tudo o que o Hale tinha feito por mim. Dava vontade de enfiar minha cabeça em um buraco e não sair de lá nunca mais.

– Emily? – perguntou Peter.

– Ah, prazer em conhecê-los. – falei sorrindo.

– Hey, garotas, vamos guardar essas malas. – disse Peter.

Entre reclamações das garotas, os Hale se instalar e eu fui me sentar com Derek na sala, agora já mais calma. Eu o abracei e ele me deu um beijo na testa, seguido de um leve carinho.

– Desculpe não ter dito nada, só fiquei sabendo que eles viriam ontem a noite e eu não quis te acordar. – disse Derek.

– Não precisa se desculpar. – disse o dando um selinho. – Eu te amo.

– Também te amo. – respondeu o Hale sorrindo bobo.

– Esse bumbum que faz tumbalatum, esse bumbum que faz tumbalatá... – cantarolava Peter descendo as escadas seguido das garotas.

– Ai, pai, lá vem você com essa música outra vez. – reclamou Malia.

– É MC Kevinho, querida. – respondeu Peter. – Cê acredita?

– MC Kevinho? – perguntou Derek.

– É um cantor brasileiro. – respondeu Malia dando de ombros e se sentando.

– Parece o Justin Bieber, mas canta algo que eles chamam de funk. – respondeu Cora. – Mas não parece mais rap do que funk.

– Não sei quase nada sobre o Brasil. – comentei.

– Ah, o Brasil é um país maravilhoso, com música maravilhosa e a comida nem se fala... – disse Peter. – Mas que, como qualquer outro tem seus problemas.

– O Rio, onde moramos, é lindo, mas é um lugar muito violento. – disse Cora. – Não dá nem pra andar com o celular na rua que você pode ser assaltado.

– Não se você for sobrenatural. – disse Malia rindo. – Cansei de assustar bandidos com os meus poderes. Aliás, falando em poderes, Emily, é verdade que você é híbrida?

– Sim, é verdade.

– Legal, eu também sou híbrida. – falou Malia. – Mas não como você, é claro. Eu sou uma werecoyote, mistura de lobisomem e coiote.

– Diferente. – falei. – Nunca ouvi falar nesse cruzamento, e olha que eu já vi muita coisa nesse mundo.

– Ah é? – perguntou Malia.

– Minha família é de caçadores, então desde que me entendo por gente viajo pelo país. Às vezes meu pai e meu tio me deixavam ir às missões com eles.

– Que máximo! – exclamou Cora. – Imagina viver viajando, conhecendo lugares e pessoas novas... Deve ser uma vida ótima.

– Nem tanto. – disse calmamente. – Imagina você ter que mudar de escola praticamente todo mês, estar fazendo amigos e ter que ir embora e nunca mais vê-los... É complicado.

– Mas surgiram os weredemons e a família dela resolveu ficar mais tempo em Beacon Hills para resolver o problema. – disse Derek.

– Aliás, falando em weredemons, como estão os bichões? – perguntou Peter.

– Quietos até demais. – respondeu o lobisomem. – Mas agora que Emily não pode mais controlar o Rei do Inferno, eles com certeza vão voltar.

– Rei do Inferno? – perguntou Cora. – Acho que já ouvi demais por hoje.

– Então, quando começamos a ronda? – perguntou Peter.

– Podemos começar essa noite. – disse Derek. – Só preciso reunir a alcateia.

– Ótimo. – disse Peter. – Vai ser legal rever velhos amigos.

Continuamos conversando por longas horas incessantemente. Os Hale, apesar de suas diferenças bastante gritantes, a primeira vista aparentavam serem pessoas legais e que tinham histórias certamente interessantes. Porém o que cada um era realmente somente o tempo poderia dizer.