Acordou com uma luz fraca em seu campo de visão. Levantou o olhar e viu a costumeira barreira de vidro, que o separava da liberdade. Já estava preso neste mesmo lugar a 200 anos, desde que o Arsenal o capturou, alegando crimes que ele não cometeu. Iria a injustiça durar tanto tempo assim? Ou será que era só um modo alternativo da justiça fazer seu papel, e o torturar por todas as coisas más que já fez na vida? Julgava aceitável, acreditar na mistura dos dois.
As mesmas correntes prendendo seus punhos, roupas sujas e gastas, ainda do século XIX. Sua cela, suja e escura, era aberta apenas uma vez por mês, quando um funcionário azarado ganhava a tarefa de, em um movimento rápido, lhe jogar uma pequena bolsa de sangue, para mantê-lo acordado. Não havia lâmpadas ou qualquer outra fonte de energia, o único vestígio de claridade que se via, vinha do outro lado do vidro, e não chegava nem aos pés do vampiro exausto, encolhido na parede oposta.
Era raro o Arsenal vir lhe "visitar". Na melhor das hipóteses, era para mais um experimento com seu sangue que contém poderes mágicos de regeneração... na pior, era para outra tentativa de mata-lo, levando em consideração que ele era literalmente imortal.
Neste dia, em questão, uma terceira hipótese corria o risco de se formar. "E se for somente uma 'visita'?" pensou ele, vendo um grupo de pessoas de idades e países diferentes, se agrupar lá fora.
O cientista do arsenal começou a explicar para o grupo:
- A mais de 200 anos guardamos este segredo, e acho que já está mais do que na hora de revela-lo para o grupo dos melhores cientistas e pesquisadores do mundo! A muitos séculos ouvimos histórias e relatos de vampiros reais andando pelo mundo. E muitos deles foram capturados e mortos. Mas nós do Arsenal, capturamos, o primeiro vampiro, o original, aquele que começou tudo isso. Damon Salvatore.
Olhares curiosos adentraram a cela, e se decepcionaram ao não ver nenhum vampiro.
- Damon? Apareça, você sabe como são as regras... Se não obedecer, não ganha sua quantia de sangue mensal - Disse o cientista em tom ameaçador
Com medo de não ganhar a única coisa que poderia saciar a sua fome, ele se levantou, com dificuldade, e caminhou ate a área iluminada. Não aguentando seu próprio peso, deixou-se cair de joelhos, enquanto era explorado pelo olhar curioso do grupo.
- Vão trazer turminhas de faculdade pra me exibir também? - Disse o vampiro, com voz fraca em tom de ironia, sem perder seu sorrisinho de lado.
- Muito engraçado... - Reprovou o cientista, mostrando que também sabe ser irônico.
- Por quê simplesmente não matam ele como mataram os outros? - Perguntou uma integrante curiosa.
- Ah, já tentamos de todos os jeitos, e acabamos por descobrir que ele é totalmente imortal. Nenhum veneno ou arma teve efeito sobre ele.
— Ele não tem nenhuma presa, como suga o sangue das pessoas?- perguntou mais outro.
- Ah, boa pergunta - respondeu o cientista - As presas só aparecem quando necessário... Mostre Damon.
O cientista olhou sugestivamente para Damon, que em troca, o encarou incrédulo. Sem intenções de decepcionar seu grupo, o cientista ergueu a mão de uma funcionária, e com a ajuda de uma faca, fez um pequeno corte em seu dedo indicador. O cheiro do sangue fresco chegou a Damon, fazendo-o juntar todas suas forças restantes em uma falha tentativa de alcançar o alimento. Veias se destacaram em seu rosto, seus olhos ganharam um tom avermelhado, seus dentes caninos cresceram e ganharam pontas afiadas.

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Suspiros de surpresa foram ouvidos pelo grupo. Damon controlou-se, e recolheu as presas.
- Mas não viemos aqui, hoje, simplesmente para uma demonstração de poderes. Temos um novo experimento em mente, e vamos testa-lo hoje... - Foi a última coisa que Damon ouviu do cientista, antes que um grupo de homens armados com dardos de verbena entrassem e o apagassem. É, não tem uma terceira hipótese...