De Corpo e Alma

Fantasmas


"...It's not always easy And sometime

life can be deceiving;

I'll tell you one thing,

It's always better when we're together.."

Better Tgether

Jack Jonhson

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Sábado a noite

Connor

Durante todo o percurso de volta para casa, Sarah permanece em silêncio, respondendo com acenos as tentativas de Claire em iniciar uma conversa. Já a conheço o suficiente para saber que está triste. Muito triste.

Deixo minha irmã em frente ao prédio onde mora, esperando que entre antes de seguir para nossa casa.

A saída de Claire impôs o silêncio dentro do carro. Sarah continuava quieta e eu, além de respeitar sua vontade, também estava precisando de um tempo para processar a informação que sua mãe me dera: eu e o pai de Sarah seriamos iguais!

Pretensioso,mimado e arrogante, eram, segundo ela as "qualidades" que me tornava parecido com o ex marido..."Pretensioso e arrogante,posso até ter sido, no incio de minha carreira, e ainda hoje.As vezes", admito .." David havia me chamado atenção sobre isto uma vez, quando fui contrario a sua decisão de não operar um paciente de alto risco... Mas mimado!!"..faço uma careta relembrando minha infância e parte da adolescência.."Não. Nem mesmo enquanto minha mãe estava viva", concluo, estacionando o carro em frente de casa.

Descendo do carro, dou a volta indo me juntar a Sarah, que me esperava na calçada, colocando o braço em sua cintura, envolvendo-a,, trazendo-a para perto de mim. Entramos abraçados,seguindo assim até o apartamento.

Lá dentro, nos separamos por um momento. Enquanto vou até a cozinha em busca de água, Sarah segue direto para o quarto. Pego uma garrafa e dois copos,levando-os comigo. Ao entrar, vejo que ela havia entrado no banheiro, deixando a porta entreaberta. Coloco a garrafa e os copos na bandeja sobre o criado mudo e vou me sentar na cama quando escuto um soluço abafado.

—Sarah? - chamo-a sem obter resposta. Lembrando do acontecimento de dois dias atrás, sigo o rápido para onde ela está antes que se trancasse lá mais uma vez. Abro a porta e a encontro sentada sobre o vaso tampado, as mãos cobrindo o rosto--Sarah,está sentindo alguma coisa?- questiono me abaixando a sua frente, segurando suas mãos. Em resposta,ela me abraça, as lágrimas escorrendo livremente em um choro reprimido desde a hora que saímos do aparatamento de sua mãe- Tudo bem meu amor. Tudo bem- tranquilizo-a, erguendo-a,trocando de lugar com ela, fazendo-a sentar-se em meu colo- Tudo bem..- repito,afagando seus cabelos. Permanecemos assim durante um bom tempo.

Quando sinto que se acalmou, pego seu queixo com a mão,erguendo seu rosto, depositando um beijo suave em seus lábios. Um sorriso tímido ilumina seu rosto. Encosto minha testa a sua, nossos narizes se tocando em beijo de esquimó, aumentando seu riso.

—Está mais tranquila agora?- pergunto e acena que sim- Quer te ajude a tomar um banho?- nova afirmativa e nos levantamos. Ajudo-a a se despir, me despindo em seguida. Entramos no box, abro o chuveiro e lentamente, com uma esponja, começo a ensaboar seu corpo - Espero que não se importe em usar o Meu sabonete!- brinco, fazendo -a rir- Agora está bem melhor. Nada de choro. Aqueles dois não merecem - digo,beijando a ponta de seu nariz.

Terminamos nosso banho,indo para o quarto onde visto apena o short do pijama enquanto ela poe uma camiseta longa de algodão, sem mangas. E só!

—Me comportei durante todo o banho - começo, vendo-a engatinhar sobre a cama em minha direção- Já aqui, não prometo nada! - completo no momento em estende seu corpo sobre o meu,rindo e me beijando- Ainda mais com um incentivo desses!- retribuo seu beijo,acariciando suas costas por cima da camiseta.

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—Não quero que se comporte - afirma, um sorriso travesso nos lábios- Mas antes, quero te contar uma coisa- senta-se sobre mim e ergo as pernas para que apoie suas costa.- Um dos motivos, acho que o principal na verdade, para minha mãe não ter gostado quando optei por medicina ao invés de direito e que a levou a te comparar com ele, é que meu pai é médico - revela - Cirurgião plastico. Um dos melhores do país - para, me observando, antes de continuar - Eles casaram-se muito jovens ainda. Ambos haviam acabado de se formar, estavam iniciando suas carreiras, ele ainda um clinico geral , ela começando na firma da família...Enfim..- suspira - Pra encurtar a história, ele decidiu se especializar em cirurgia plastica tendo total apoio de minha mãe e da família. Meus avós o mandaram para as melhores escolas, os melhores cursos. Em alguns deles minha mãe o acompanhou.Em outros,preferiu ficar e investir em sua carreira também. - nova pausa - Meu pai começou a se destacar no hospital onde trabalhava, recebendo elogios e aplausos, o que o fez ficar meio...muito convencido- corrige-se, enrugando o nariz em uma careta- Admito que , no começo, com todos os comentários, tendo conquistado a preferência do doutor Downey tão rapidamente, superando até mesmo Samantha, foi impossível não te comparar com ele- confessa,ficando vermelha diante do meu olhar de surpresa - E ainda teve Samantha..- relembra- Outra coincidência. Um dos vários casos de meu pai foi com uma colega, também cirurgiã.

—Não tive caso nenhum com a Sam- protesto.

—Eu sei.- diz, sorrindo - Mas no começo, depois ver vocês se beijando, tendo escutado ela dizer claramente o que pretendia em relação a você, e mesmo depois que começamos a sair, confesso que só me senti segura quando ela foi embora - admite,ficando ainda mais vermelha, e não contenho o riso.

—Boba! - exclamo, beijando sua mão- Como podia me envolver com alguém se um certo par de olhos castanhos, em um rosto de anjo, emoldurado por lindos cachos, já haviam chamado minha atenção! -digo, acariciando seu rosto- Mesmo enquanto beijava Sam, pensei em você. Tanto que apareceu na minha frente! - lembro, fazendo-nos rir.

—Bom, o fato é que meu pai não foi o melhor dos maridos - continua -Como pai,nada a reclamar. Até por isso, por seu exemplo de amor a profissão, escolhi medicina. Ele tem muitos defeitos, mas como médico, sempre foi impecável. Pena não ter feito o mesmo na vida particular - reflete, triste- Por causa de sua atitude, minha mãe tornou-se uma mulher fria, distante, preocupada apenas com sua carreira, fechando-se totalmente para qualquer nova relação- deita a cabeça em minha mão,recebendo o carinho que lhe fazia.

—E pelo jeito decidiu dar uma chance justamente pra meu pai- faço uma careta ao pensar nisso- Não poderia ter feito pior escolha.- digo - Meu pai, ao contrario do seu, nunca foi um exemplo nem como pai muito menos como marido - a lembrança da noite em que minha mãe se suicidou surge em minha mente, trazendo com ela a dor de vê-la estendida no chão, sangrando - Minha mãe tinha problemas, eu sei. Eu e Claire convivemos com isso enquanto estava viva.Mas...- fecho os olhos,incapaz de segurar as lágrimas, e sinto sua mão tocando meu rosto em um carinho suave - Ela estava bem Sarah.Estava melhorando. Não tinhas crises a um bom tempo. Não estava pensando em suicídio. Até aquela maldita noite- cerro os punhos -Não consegui descobrir tudo que se passou naquele escritório aquela noite, ainda, mas vou descobrir- garanto - Vou descobrir o que se passou ali dentro que a fez abandonar Claire e a mim, e desistir da própria vida.- completo.

Sarah aproxima seu rosto do meu,colando nossas testas mais uma vez, nos acariciando mutuamente, permanecendo assim por um bom tempo, até que ela se sobressalta.

—O que foi?- pergunto, preocupando-Sarah, o que foi? - repito, a preocupação aumentando diante de sua imobilidade - Sarah!

—Mexeu!- exclama, sorrindo - Mexeu. O bebê! - coloca as duas mãos na barriga.

—Sério?! - questiono,e ela balança a cabeça afirmativamente, pegando minha mão, pondo-a sobre o ponto onde a sua estava.

A principio não sinto nada, mas após alguns segundos, sinto um movimento discreto contra minha mão.

—Está mexendo! - comemoro, um sorriso bobo no rosto - Está mexendo,Sarah! Nosso filho !- repito, beijando-a em seguida, fazendo-a deitar-se ao meu lado- Nosso filho! -repito, beijando sua barriga, voltando a beijar sua boca em seguida- -Eu te amo! - beijo seus olhos- Te amo! - seu nariz- Te amo!-desço para a barriga mais uma vez - E já te amo também! -distribuo vários beijos ali, fazendo-a rir- Prometo que vou ser um pai melhor do que os nossos, mais presente.

—Amo você, Connor Rhodes- me diz, segurando meu rosto entre sua mãos- Com toda força de meu coração.- confirma sua declaração com um beijo.

O dia já está amanhecendo quando finalmente adormecemos.

"...Yeah,we'll look at the stars when we're togetheer;

Well, It's always better when we're together..."