"Um mês e o tempo voa, eu já sou;

E você nem descobriu;

São dois e chega perto mas eu ainda sou,pequeno demais, viu;

Três meses e o tormento, esse teu sofrimento,

Eu também já posso sentir;

Vê se aquieta o coração,

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Pra quando eu sair daqui..."

9 Meses(Oração do bebê)

Barbara Dias

Connor

Sentado na varanda, dedilho o violão, parando uma vez ou outra, escutando a canção a fim de memorizá-la. Sarah ainda dorme, tranquila. Havia acordado com o toque do celular. Claire me ligara para saber se estava tudo bem. Depois de acalma-la, conversamos por um tempo e ela me envia um video de uma canção dizendo que eu deveria aprende-la para canta tanto para Sarah quanto para o bebê. Concordo,mais para agradá-la, mas assim que o vejo e ouço, me apaixono.

—Connor!- me viro vendo Sarah encostada na porta da varanda, o rosto muito pálido - Não estou me sentindo muito bem. - anuncia.

Me levanto rapidamente, deixando o violão de lado, indo até ela.

—O que está sentindo?- envolvo sua cintura com meu braço, fazendo-a passar o seu em meu pescoço, apoiando-se em mim.

—Tontura...Dor - responde num fio de voz antes de desmaiar em meus braços.

Erguo-a, levando-a até a cama, lutando para controlar o desespero que ameça tomar conta de mim. Verifico seus sinais,ao mesmo tempo que pego o telefone buscando o número de Natalie.

< Connor, bom dia .> ela atende apoś o segundo toque.

—Nat, Sarah está passando mal...Ela desmaiou!- digo, aflito, segurando a mão de minha esposa.

< Certo. Fique calmo. Ela chegou a dizer o que estava sentindo? >

—Tontura e dor- informo,no momento em que Sarah se mexe, fazendo uma careta, levando a mãos a barriga, gemendo, encolhendo-se na cama e ao fazer o movimento, vejo uma pequena mancha sobre o tecido - Meu Deus Nat, está sangrando!

< Connor, calma. Eu sei que é difícil,mas precisa se acalmar.- pede - Me diz, é só uma mancha ou um fluxo, mesmo que pequeno? > pergunta e me aproximo tentando verificar o que me pediu.

—Não tem fluxo,pelo que posso ver - digo.

< Coloque sua mão, tente sentir se ainda corre sangue ou se parou. >, ordena e a obedeço.

—Não sinto nada- Sarah geme mais uma vez, encolhendo-se ainda mais - Nat,ela está com dor! O que eu faço?- pergunto, passando a mão pelo cabelo.

< Leve-a pro hospital,com cuidado. Eu e Will estamos saindo de casa agora. Te encontro lá. E Connor, mantenha a calma,ok? > aconselha.

—Ok. Vou levá-la - desligo, correndo até o gurada roupa, pegando dois casacos, um para mim e outro para ela, visto-a, pego as chaves de casa e do carro, pego Sarah em meus braços, saindo do quarto.

Na sala, apoio a perna contra a parede, colocando parte do peso sobre ela, liberando uma mão para abrir a porta. Ao sair, encontro um de nossos vizinhos, que me ajuda no restante do percursso até o carro. Agradeço ao homem, que me tranquiliza e deseja boa sorte, e parto para o hospital. Quando chego, um enfermeiro já me espera com uma maca.

—Doutor Rhodes, a doutora Manning avisou que estava chegando - avisa, me ajudando a coloca-la sobre a maca.

Entramos rápido sob os olhares curiosos das pessoas que aguardavam atendimento, seguindo direto para uma das salas, onde a colocamos sobre a cama e ele me ajuda com os primeiros socorros. Tanto Maggie quanto April estão de folga, o que me deixa "sozinho" até a chegada de Will e Nat. Quando ela entra, estou fazendo uma ultrason.

—Como ela está?- me pergunta, retirando as luvas de frio - Teve mais algum sangramento?- balanço a cabeça negativamente, incapaz de falar diante da visão que tenho no monitor, o coração batendo forte. Nat segue meu olhar, sorrindo em seguida - Seu filho! - diz, tocando meu ombro - Espere lá fora, com Will - pede -Deixe que cuido de tudo agora.- faz um sinal para Will, que também olhava o monitor visivelmente emocionado.

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Me deixo conduzir para fora da sala enquanto Nat assume, auxiliada pelo enfermeiro que me ajudou e pela residente do plantão.

—Relaxe - Will me pede,sentando a minha frente com um copo de café.-Sarah está em boas mãos. Aliás sempre esteve,afinal o marido dela é um excelente cirurgião, até onde sei - brinca, tentando me distrair.

—Um excelente cirurgião que sentiu-se o mais inutil dos homens!- exclamo, esfregando os olhos - Só senti tamanho desespero no dia em que a vi caida no chão daquela sala,sangrando.

—Bem vindo ao mundo dos mortais - diz - Todos nós, homens, nos sentimos assim quando vemos a mulher que amamos sofrendo. Se está grávida então, nem se fala.- continua, massageando o pescoço- Quando Nat estava grávida, cada vez que sentia alguma coisa, eu entrava em pânico. E olha que o filho nem era meu. Mas só o fato de ser dela, ter uma parte dela ali, já era suficiente pra me deixar nervoso.Imagina quando tivermos os nossos?

—Nossos? Plural? Nat já sabe disso?- questiono, relaxando um pouco voltando a ficar tenso ao ver Nat se aproximar -Como ela esta? - me levanto antes que chegue onde estamos e seu sorriso me traz alívio.

—Bem.Acordada - diz, fazendo sinal para que eu me sentasse - Antes de irmos até lá, quero falar com você- senta ao lado de Will e faço o mesmo,ocupando a cadeira de antes, a preocupação voltando a surgir - Antes que entre em pânico...

—O que pode acontecer a qualquer minuto! - Will diz, me encarando.

—Tanto Sarah quanto o bebê estão bem- Nat continua - Foi só um pequeno sangramento, não uma ameça de aborto.

—O que provocou isso?- quero saber.

—Pode ter sido qualquer coisa: uma emoção mais forte, stresse, mas apostaria em anemia.- explica - Pedi exames de sangue e outros complementares,mas acredito que o fator responsável tenha sido este. Sarah está na décima semana. É importante que começe a se alimentar melhor, tomar alguma vitamina, ter uma dieta mais rica e balançeada.

— Alguma chance dos anticoncepcionais terem ajudado também?- pergunto, lembrando que só a vi esquecer de tomá-los no começo de nossa relação.

—Pode ser que tenham contribuido também, de alguma forma- pondera - Pelo que conversamos, ela esqueceu algumas vezes, mas, como estava dentro do intervalo de segurança, não se preocupou muito. Mas ainda acredito ser a anemia o principal responsável.- mantem sua primeira opinião - Mas agora, que tal, já que viu um pouquinho de seu filho em formação, que tal escutar o coração dele, ou dela, batendo? - me convida e a encaro, assustado.

—Como??- digo e,a julgar pelo sorriso dela e de Will, devo estar com a maior cara de espanto .

—Deixei-a sendo preparada para fezermos a ultra transvaginal, pra ficar mais tranquila em relação ao bebê, e vim te acalmar e convidar para participar desse momento. Então, acha que aguenta?- pergunta, o sorrisso aumentando ao me vê levantar, asioso.

—Sim. ..Acho - titubeio e Will dá uma gargalhada, levantando-se, tocando meu ombro.

—Vem valentão, eu te acompanho pra te segurar caso você desmaie! - me provoca, rindo.

Seguimos Nat até a sala onde Sarah estava, encontrando-a já preparada para o exame. Ao nos vê entrar, ela sorri, esticando a mão em minha direção. Vou até ela, segurando sua mão, beijando o topo de sua cabeça e o rosto.

—Desculpe pelo susto amor.- diz, acariciando meu rosto.

—Foi bom. Só assim começo a me preparar pro grande dia - brinco, fazendo seu sorriso aumentar- Eu o vi Sarah!- digo-lhe, os olhos brilhando de felicidade - Na ultrassom. Eu vi nosso filho. É tão pequenino ainda!- comento,vendo-a fazer uma careta quando o aparelho do exame é colocado dentro dela- Tudo bem?- me preocupo, segurando sua mão, e acena que sim.

—Logo o incômodo vai passar Sarah - assegura Nat- Pronta?- pergunta,e ao receber o sinal de positivo, liga o monitor.

Logo as primeiras imagens começam a surgir na tela.

—Como disse, você está na décima semana. - confirma Nat - Pelo que estou vendo, que você já tinha visto um pouco antes Connor, está tudo bem com o embrião. Tamanho, formato,..-segue analisando, enquanto eu e Sarah contemplamos a tela maravilhados- Agora, vou ligar o som para ouvirmos o coração- anucia- No início vai parecer meio confuso, lembrando um chiado ou o som de água vazando,mas quando se acostumarem, vão perceber a diferença.- explica, ligando o som do monitor, aumentando gradativamente o volume.

Realmente, no começo não conseguimos perceber um coração batendo. Mas, passados alguns minutos, o som vai ficando mais claro, nítido e ouvimos,em alto e bom som, pela primeira vez, o coração de nosso filho bater!

"....Talvez eu dê trabalho, uma vida de despesas, mas por favor me deixa ficar;

E se por um acaso eu não tiver seus olhos,você ainda vai me amar;

Eu sei que a ansiedade é quase uma inimiga,mas eu não quero ser confusão;

Então,por favor, me deixa na sua vida, mas vê se aquieta o seu coração.."