O tempo sempre parece ser composto por três ritmos. O primeiro é aquele do qual já estamos acostumados, onde um dia tem vinte e quatro horas, uma hora tem sessenta minutos e assim por diante. O segundo ritmo é aquele da soneca do despertador, quando o tempo passa tão rápido que a impressão que se tem é que mal se fechou os olhos e já começa aquele mesmo barulho irritante de todas as manhãs. Já o terceiro ritmo é aquele em que o tempo parece brincar com sua paciência, demorando mais do que deveria para mover os ponteiros do relógio. Sem dúvidas, esse é o pior ritmo, no qual o jovem Carter sentia-se preso por uma eternidade.

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Já havia passado cerca de uma hora desde que Alice deixou o carro de William, o alertando para que não a seguisse.

Várias perguntas se passavam na cabeça do rapaz, deixando-o cada vez mais apreensivo. Quem era realmente Alice Harper? Esse era mesmo o seu nome ou seria apenas uma identidade falsa para uma vilã sanguinária?

Quanto mais pensava, mais confuso e ansioso ficava, até que não suportou ser sufocado pela dúvida e ligou o carro, dirigindo por poucos metros até a casa dela.

Os agentes da Nexus já estavam de saída, levando alguns pertences de Jared para análise, pois Jordan não mediria esforços para que o cientista fosse julgado por todos os seus crimes.

William viu o agente que foi baleado no ombro sair da casa, tentando estancar o sangue com um pedaço de pano que um dia fora branco. Seu coração disparou, enquanto imaginava o que poderia ter acontecido com a garota.

Antes que ele pudesse entrar, Jordan cruzou a porta, seguida por Valerie e Rachel.

— Onde está a Lice? — perguntou firme, fitando a mulher negra em sua frete.

— Era só o que me faltava. — Suspirou a tutora de Alice, fitando o rapaz. — Podem ir para casa, garotas. Eu explico a situação para o Sr. Carter.

— Jordan, pode deixar que eu me encarrego disso. Eu não vou para casa até a Alice voltar. — Rachel cruzou os braços, encarando Will.

— Me avise quando ela chegar. Essa garota não pode ficar fugindo disso o resto da vida.

— Sim, senhora — respondeu, voltando para o interior da casa.

Will cumprimentou as agentes com um aceno de cabeça e seguiu Rachel, tentando permanecer firme, embora estivesse tremendo por dentro.

— O que aconteceu aqui? Onde está a Lice? — perguntou mais uma vez, aumentando o tom. Observou a casa revirada, criando cada vez mais teorias que explicavam aquela bagunça, cada uma mais desesperadora do que a outra.

— Senta — disse simples e pegou um copo pequeno, despejando o conteúdo da garrafa de tequila. — Quer beber alguma coisa?

— Rachel, vou ignorar o fato de que você é uma mulher e vou fazer você falar na marra! O que aconteceu com a Lice?

— Você não encostaria um dedo em mim nem que tentasse. — Tomou sua bebida e caminhou tranquilamente até uma poltrona em frente o sofá onde Will estava. — A Lice foi para San Diego e volta mais tarde.

— San Diego? O que ela foi fazer tão longe? E por que a Nexus estava aqui, levando coisas, fazendo toda essa bagunça? — Olhou profundamente nos olhos da mulher. — Rachel, eu preciso saber a verdade. A Alice está bem?

— Ela não morreu e não está ferida, se é o que você quer saber. Mas bem, não está mesmo. — Suspirou, encarando o rapaz. — Você sabe que o pai dela é um grande cientista, não é? — Esperou ele assentir e prosseguiu. — Ele trabalhava para uma organização secreta inimiga da Nexus, a Nêmesis. Essa organização não preza pela vida de ninguém. Eles querem apenas criar máquinas de destruição.

— Os Neo-humanos?

— Exato! Imagine que a Nêmesis é a fábrica e a Nexus é a fiscalização chata. Ela fabrica os Neo-humanos e a Nexus tenta contê-los e trazê-los para o lado bom. Mas a Nêmesis não gosta muito quando a inimiga rouba seus brinquedinhos.

— Espera! Mas você era assistente do pai da Lice, não? — Franziu o cenho, tentando assimilar todas as informações.

— Não. Eu fui assistente. Depois fui promovida à chefe do setor de pesquisas criogênicas. Agora sou uma bêbada desempregada. — Seu sorriso sarcástico era de fazer o estômago de Will revirar. — A Nexus só não me colocou atrás das grades com o Jared e a Lice por causa da Sra. Reed. E antes que pergunte, a Jordan era uma agente dupla, por isso que a operação foi um sucesso e o seu sonho de sogro está preso.

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— E por que eles prenderiam a Lice? Ela não faz parte dessa Nêmesis, faz? — O medo de William dominou seu corpo, fazendo suas mãos suarem frio.

— Não, Carter. A Lice não faz parte da Nêmesis. Mas… — A mão de Rachel foi até sua boca, enquanto pensava em como dizer aquilo sem assustar ainda mais o rapaz. — Como eu disse, a Nexus procura os Neo-humanos para mantê-los sob vigilância, com a desculpa de um cargo qualquer como super herói.

— Eu não entendo. O que…

— Não entende por que é burro ou por que não quer? — disse firme, inclinando-se na direção dele. — A sua amiga, Alice Harper, é uma Neo-humana conhecida popularmente como Pocket Girl. Se não acredita ainda, em cima da mesa da cozinha tem um diário onde o pai dela conta em detalhes como deu a fórmula de um soro encolhedor para a garotinha de quase dois anos.

— Não! Não pode ser!

William levantou rápido e passou as mãos nos cabelos, se afastando de Rachel.

— Olha, não é porquê ela é uma Neo-humana que alguma coisa deve mudar no seu jeito de pensar sobre ela. Você conhece a mesma Alice que…

— Não! Eu não conheço! — bradou, deixando a mulher ver seus olhos marejados. — Não me interessa se ela é Neo-humana, se é alienígena ou uma garota comum! Ela escondeu isso de mim. Ela não confiou em mim do mesmo jeito que eu confiei nela!

— Ah, Carter, me poupe do seu pití! Quando ela chegar, vocês discutem a relação. Agora se acalma aí que eu preciso da sua ajuda.

— A mulher-dragão precisa de mim? — Arqueou as sobrancelhas e levou as mãos à cintura, com um sorriso sarcástico no rosto.

— Ainda vou desentortar esse seu dente falhado, Carter. Anote isso!

Rachel se levantou e tirou do bolso de seu jeans apertado um pendrive, jogando o objeto para o rapaz em seguida.

— O que é isso?

— Um batom. Não está vendo? — rebateu, apontando para o pendrive.

— O conteúdo! — disse, tentando manter a calma.

— São os arquivos do laboratório do Harper. Eu consegui roubar ontem a noite, mas quando eu fui tentar abrir, meu notebook deu tela azul e não consegui fazer voltar ao normal. Preciso só que você consiga acessar esses arquivos e… — fez uma pausa, concluindo em seguida. — não conte sobre o conteúdo disso para ela. Tenho que ter certeza sobre algo que eu vi ontem, então… não quero preocupá-la mais do que já está.

— Se eu souber do que se trata, talvez eu possa guardar segredo. — Cruzou os braços, fitando a mulher.

Rachel, por sua vez, se jogou na poltrona, revirando os olhos.

— Eu não sei exatamente o que eu vi. Estava escuro e eu estava tremendo de medo.

— Olha! A mulher-dragão tem medo de alguma coisa!

— Cala a boca! — seu tom sério fez Will se sentar sem silêncio, compreendendo que o assunto era mais delicado do que pensou. — Eu vi o Jared e o cachorrinho dele, o Dean, carregando uma incubadora com um clone da Alice — disse baixo, olhando profundamente nos olhos azuis do rapaz.

— Isso é tudo muito bizarro, com diria a Lice. — Pensou em silêncio por um instante, mas logo se levantou. — Vou buscar o note no carro.

No caminho até sua pickup vermelha, a cabeça de Will parecia rodar. Sua melhor amiga era uma Neo-humana, o pai dela era um cientista maluco, ela fugia da Nexus, tinha um clone dela sendo fabricado… Tantas informações faziam seu estômago revirar.

O trabalho de descriptografar os arquivos não era nada de tão desafiador. Começou sua tarefa na mesa onde Alice corrigia as provas na sala, mais afastado de Rachel. Queria dar uma olhada no conteúdo antes de devolvê-los. Depois de tudo aquilo, não conseguia confiar plenamente na mulher.

Algum tempo depois que começou seu trabalho, recebeu uma mensagem de um chat por IP, o surpreendo, já que fazia muito tempo que ninguém o contatava.


< Sra > Hey, garoto
< Netuno > Fala, Sra. Faz tempo, hein?
< Sra > Tempo o suficiente pra eu invadir o Pentágono. Lol
< Netuno > PQP! Conseguiu?
< Sra > Claro porra. Tu não imagina as merdas que tem lá
< Netuno > CARALEO! Demorou quatro anos pra conseguir o que eu ia fazer em uma semana u.u
< Sra > Ao menos eu não desisti. E foram 2 semanas, não 4 anos
< Netuno > Ok! Ok! Agora conta oq vcs descobriram
< Sra > HAHAHAHA! Nop
< Netuno > Ah, cara! Não fode! Conta pro bródi
< Sra > Ih carai, brb FBI na porta
Sra disconnected

— Filha da mãe! — William comentou baixinho, desconectando também.

Ele sempre teve uma admiração por Sra, que liderou a seleção da Cicada 3301, mas esses mistérios que ela fazia o tiravam do sério.

E como ele conhecia bem a colega da Anonymous, sabia que logo teria acesso aos segredos do governo americano, então sua curiosidade não duraria muito.

~*~

Derrubar a criptografia dos arquivos foi algo bem rápido, já avaliar o conteúdo deles sem que Rachel percebesse, foi um desafio e tanto, principalmente quando tinha que disfarçar a surpresa e indignação com aquilo que lia.

Após dar uma boa olhada, William chamou a mulher para lhe entregar o pendrive, mas foi surpreendido quando ela puxou uma cadeira para sentar-se ao seu lado, sem a menor intenção de esconder os arquivos dele. Sentiu-se mal por não confiar em Rachel. Apesar de ser uma chata, ela era honesta, tinha que admitir.

Passaram horas em frente ao computador, abrindo cada pasta e vasculhando qualquer coisa que aparecesse.

O silêncio só era quebrado vez ou outra, quando Rachel contava sobre alguns experimentos do qual ajudou. Embora sua maneira de falar fosse indiferente, como quem fala sobre como lavou a louça, William podia ver em seus olhos fixos na tela, um pouco de arrependimento.

O relógio marcava duas e meia. As pálpebras de Rachel estavam pesadas e William não parava de bocejar, quando ouviram o barulho da fechadura sendo destrancada.

O rapaz apertou Alt + Tab, fazendo a tela mudar para uma matéria sobre hacktivismo.

Alice entrou na casa, massageando o ombro dolorido. Seu rosto estava machucado, com um corte no lábio e um hematoma no supercilio. A garota observou em silêncio os amigos sentados tão próximos um do outro e franziu o cenho, imaginando que bateu tão forte com a cabeça que estava imaginando coisas.

— O que vocês estão fazendo aqui?

— Esperando você? — Rachel rebateu.

— Estão aqui desde que eu saí e não se mataram? — Reparou que Will não lhe dirigia o olhar e suspirou. — Está tudo bem?

— Não, Pocket Girl. Não está nada bem — disse o rapaz, se levantando.

— Will.

— Eu não acredito que você escondeu isso de mim. Alice, você é minha melhor amiga! Como pôde? — Fitou a garota, fazendo-a desviar o olhar. — Você sabe tudo sobre a minha vida. Coisas que nem minha família imagina, mas você, Alice… Você não me vê da mesma forma.

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— Will, você não entende. Se você soubesse quem eu realmente sou, estaria em perigo. Você deve acompanhar as notícias. Eu… A Pocket Girl tem muitos inimigos — explicou, segurando a mão do rapaz. — Eu só queria proteger você.

— Não justifica, Lice.

— Carter, já deu! — Racheu interrompeu, enchendo uma dose dupla de tequila. — Ela escondeu isso de você, explicou o motivo, agora você perdoa e continua tudo na mesma. Chega do showzinho da mulher traída.

— Desculpa? — Alice olhou para cima, fitando os olhos do amigo. Parecia um filhotinho abandonado.

Will não resistiu aquele olhar e suspirou, puxando a garota para um abraço apertado.

— Me prometa que não vai me esconder mais nada. Começando por esses machucados todos. O que aconteceu?

Alice se afastou, colocando as mãos nos bolsos de trás de sua calça. Era estranho falar sobre aquilo com William, mas agora teria que se acostumar com uma versão de seu pai ainda mais exagerada e super protetora.

— Bem, ontem meu pai me passou um endereço em San Diego para que eu pegasse uma encomenda para ele. Depois de toda essa confusão, de… ele ser preso e tudo mais, eu resolvi ir até lá para tentar descobrir alguma coisa… Ok! Sem mentiras, Alice! Eu queria pedir ajuda para tirar o meu pai da cadeia, mas agora eu quero mais que ele fique por lá, porque ele mandou me matar. É isso! — Desviou o olhar para não mostrar os olhos cheios de lágrimas. — Eu cheguei lá e não tinha encomenda. Uma maluca com dois ogros, literalmente, tentaram me convencer a entrar de vez para a Nêmesis, mas eu recusei, então eles tentaram me matar. Se não fosse o Garoto da Nexus, eu teria demorado mais para acabar com eles. — Sorriu fraco, lembrando de Wallace.

— A Nexus estava lá? — Rachel perguntou, admirada com a agilidade da agência.

— Não pelo mesmo motivo que eu. Foi só uma coincidência. Ele me ajudou com meu ombro e depois tentou me matar porque viu essa droga de credencial da Nêmesis. — Jogou o cartão na mesa de centro, suspirando. — Depois ele me contou sobre o pai maníaco dele que o transformou em Neo-humano, eu me identifiquei com a história dele e nós nos beijamos antes de eu voltar.

— Alice, você tem que largar essa mania de beijar desconhecidos e pessoas que tentam te matar — Rachel aconselhou, rindo fraco.

— Mas é mais forte do que eu! — A pequena cobriu o rosto com as mãos, sorrindo feito boba.

— A Rachel tem razão — Will falou, surpreendendo as duas. — Você deveria beijar alguém de confiança ao invés de desconhecidos.

— Não, Lice. Continue beijando desconhecidos. — Rachel sentou no sofá, colocando os pés sobre a mesa. — Agora porque não prepara um lanche para seus amigos?

— Sério, Rachel? — Ela apontou para seus machucados, recebendo um beijo à distância da mulher.

Alice assentiu, dando as costas para eles. Resmungou algo inaudível enquanto ia para a cozinha.

Ao escutar o barulho de uma panela caindo, Will foi até seu notebook e pegou o pendrive, entregando-o para Rachel, já que tinha certeza que Alice estava ocupada na cozinha.

— Eu tenho a cópia de tudo. Vou ajudar a procurar alguma coisa que esteja relacionada àquilo — disse baixo, sentando em outro lugar.

Rachel apenas assentiu, agradecida por William estar colaborando com ela.

Alguns minutos depois, Alice voltou com um balde de pipoca, dois sanduíches e dois copos de chá gelado para eles. Disse a eles que estava sem fome e se jogou em uma poltrona, segurando um saco de ervilhas congeladas no rosto

Rachel e William tomaram um gole da bebia, mas logo cuspiram o conteúdo que sobrou em sua boca.

— Meu Deus, Lice. Dessa vez você se superou. Está tentando nos matar? — Rachel questionou, limpando a boca com um guardanapo.

— Eu não fiz nada!

— O que é isso? Deve estar vencido há cinco anos! — Will reclamou, olhando o conteúdo do copo.

— Eu comprei ontem esse chá. Tomei hoje antes de sairmos, Will. Estava ótimo.

— Não! — Rachel arregalou os olhos e correu para a cozinha, deixando-os confusos.

Logo depois voltou com a garrafa de chá na mão, mostrando-a para Alice.

— Esse chá?

— É o único chá que tem na geladeira!

— Alice, isso aqui é o HT90X que eu roubei do laboratório do seu pai, sua louca! — Rachel disse alto, colocando a garrafa sobre a mesa.

— Como eu ia saber? — disse no mesmo tom, fitando a mulher com os olhos levemente arregalados.

— O que é esse sei-lá-o-que 90X? — William perguntou, assustado com a reação das duas.

— Resumindo, um composto muito perigoso feito com sangue de alienígena — Rachel explicou, sem olhar para o rapaz.

Ao ouvir a mulher, ele sentiu o estômago revirar, fazendo-o sentir náuseas fortes o suficiente para deixar seu rosto levemente esverdeado.

— Não, não, não! Não pode vomitar! — Alice ajudou o rapaz a se sentar, segurando a boca dele. — Eu vou buscar as seringas no laboratório e preparar os tubos de ensaio.

— Seringas? — Ele perguntou, arregalando os olhos.

— Você tomou uma coisa que deve ser injetada. Precisamos monitorar nosso DNA, sinais vitais… Droga, Lice! — Levou as mãos até os cabelos loiros, prendendo-os em um rabo de cavalo.

Logo a garota voltou, colocando sobre a mesa vários materiais para começar os exames. Prendeu os cabelos como os da Rachel, colocou uma máscara branca e luvas cirúrgicas, preparando as agulhas nas seringas. Rachel tirou sua jaqueta e arregaçou as mangas da blusa preta que usava. Rapidamente, Alice limpou o braço da mulher e coletou uma amostra de sangue.

— Vai, me dá o braço. — Alice apontou para William, que se encolheu no sofá.

— Não vou deixar você me furar!

— Para de ser criança, Will! Prefere que a Rachel faça isso?

— Acho que sim. — Olhou para a mulher, engolindo a saliva. — Desculpa, Lice. Prefiro você longe de mim enquanto segura essa coisa.

Rachel bufou, colocando as luvas. Puxou o braço de Will, limpando-o com álcool.

— Não se mexa — disse lentamente, olhando no fundo dos olhos do rapaz.

Ele assentiu e respirou fundo, fechando os olhos com força, enquanto Rachel retirava a amostra. Quando ela terminou, abriu os olhos e viu a seringa cheia.

Will piscou algumas vezes, sentindo as vistas escurecerem, até que apagou de vez.

— Will? — Alice chamou. — Will!

— Ele desmaiou? Misericórdia, que frouxo!

O resto da madrugada foi uma sequência de exames a cada hora, investigando qualquer alteração no DNA deles.

Alice estava exausta e acabou dormindo no sofá, enquanto Rachel trabalhava incansavelmente com as amostras, acordando William para retirar mais sangue de hora em hora.

~*~

Em frente ao Parque John Paul Jones, um Porsche prata estacionou atrás de um SEAT Ateca preto e de vidros escuros. Madson desceu do Porsche e entrou no outro carro, no banco de trás, tendo o cuidado de não ser notado por ninguém.

Dentro do carro estavam Jared, Dean e Rose, esperando por ele há alguns minutos.

Após um rápido cumprimento, Jared se pronunciou:

— Agora que as coisas se complicaram, precisamos do dobro de cautela. Simmons e eu iremos para o laboratório de Princeton para darmos continuidade ao Projeto Y. Rose, querida, tente conseguir mais alguns agentes para nos ajudar. Se forem Neo-humanos, melhor. Nos encontre assim que puder, já que a Nexus não vai demorar em descobrir seu envolvimento com a gente.

— Não se preocupe, Dr. Harper. Sei que a Nêmesis tem uma agente muito especial. Uma Kitsune. Vou tentar trazê-la para Princeton.

— Ótimo. O que vai fazer agora, Phill?

— A Nêmesis me passou uma missão recente. Vou cumpri-la e encontrar alguém para ficar com a Annie. — Suspirou, passando a mão pelos cabelos bagunçados. — Mal encontrei minha filha e já vou ter que deixá-la.

— Não sabia que era tão sentimental, Madson — Rose falou, sorrindo de canto.

— Filhos mudam qualquer homem, não é, Jared?

— Se está falando do Benjamin, pode parar! Já disse que não é para fazer nada com o garoto — disse sério, ligando o carro. — Nos encontre o quanto antes.

— Certo, certo! — O homem riu baixinho, abrindo a porta. — Vamos, Srta. Reed?

Rose assentiu e deu um selinho rápido em Dean, descendo em seguida.

Jared pegou a ponte Verrazano-Narrows, em direção à Nova Jersey, concentrado em qualquer carro suspeito ao redor.

— Teve notícias da Carrasco? Sinto muito, senhor, mas não acredito que a Alice saia viva de lá se negar aliar-se à Nêmesis. — Dean quebrou o silêncio, fitando o cientista.

— A Alice conseguiu fugir, mas não por muito tempo.