As 7 Coisas Que Eu Odeio Em Você

Uma quase relação


No dia que mencionei anteriormente, eu tinha percebido o que acontecia entre nós, mas você não. Você ainda acreditava que não tinha se entregado, que eu era qualquer uma e, meu bem, você sabe que não era bem assim, que nunca foi.

Eu estava com você quando a verdade veio à tona; e como eu queria não estar. Já faziam meses que estávamos juntos, quase um ano, mesmo que nem havíamos percebido o tempo passar. Mas o desastre começou com a festa da Kellie, a qual você havia sido convidado e queria que eu fosse junto, alegando que não teria tanta graça se eu não estivesse lá. E eu fui.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Naquela noite você foi me buscar e meus pais ainda não tinham ouvido das nossas bocas que estávamos juntos, mas eles sabiam, já que era sempre você que aparecia por lá. Como sempre me cumprimentou com um beijo no rosto, guardando o de verdade para quando estivesse somente eu e você, não na frente dos meus pais.

Chegamos juntos na festa, obviamente, e as pessoas nem estranhavam mais o fato depois de tantos meses nos vendo um ao lado do outro. Eu não conhecia muita gente ali, e acredito que você também não. Logo estávamos numa mesa com alguns dos seus amigos, que já acabaram virando meus amigos também, ou pelo menos quase isso, e ficamos todos bebendo e conversando, mesmo com a música alta que tocava pelos amplificadores. Eu não sabia o quanto eles já haviam bebido, mas provavelmente estavam num nível diferente do nosso, já que começaram a tocar no assunto do nosso “relacionamento”. Vamos deixar isso bem claro aqui, Alec: eu sabia que você ainda não tinha se tocado que o que tínhamos não era nada do que você pensava. E eu sabia que isso seria um choque grande demais pra você, que nunca cogitou a ideia de ter um relacionamento de verdade com alguém, mas eu nunca, repito: nunca, imaginei que sua reação seria tão extrema.

— Aí, cara, como você arrumou uma namorada tão bacana? Ela não é pro teu caminhãozinho não - um deles disse rindo e os outros acompanharam, concordando. Quando ouvi a palavra “namorada” fiquei meio sem graça, porque eu não era nada disso, mas eu sabia que você não ia gostar. Uma coisa é ouvir de estranhos essas especulações, outra bem diferente é ouvir dos próprios amigos.

— Não somos namorados - você disse e, sem nenhuma outra palavra, se afastou da mesa, indo para o bar. Fui atrás de você logo em seguida e pude ouvir você pedindo uma dose de vodka. Foi ali que percebi que as coisas não acabariam bem, já que sempre soube que, apesar de você gostar muito de bebidas alcóolicas, vodka nunca foi uma delas.

— Não liga pra isso - falei alto o suficiente para poder ser ouvida mesmo com a música. Você me encarou, os olhos frios e confusos. Eu pude ver que você lutava com uma mistura de sentimentos, que estava começando a perceber tudo agora e que o baque tinha sido forte demais, como bater de frente em uma parede de neve enquanto esquia: é fria, dura e, ainda por cima, queima.

— Por que eu ligaria? Não é como se tivéssemos alguma coisa de qualquer maneira - sua voz estava mais seca e você não conseguia mais olhar dentro dos meus olhos enquanto falava. Uma coisa que eu nunca devo ter dito foi que, apesar de querer negar, aquelas palavras me magoaram. Sei que não sou uma pessoa muito sensível, sei que muitas vezes pareço te odiar, que não sou tão fácil de lidar, mas você não faz ideia do quanto eu gostava de você, Alec. Que inferno, eu te amava, ou melhor, eu ainda te amo, mas não é como se isso valesse de alguma coisa já que você nunca precisou dos meus sentimentos por você. Acredito que essa é a primeira vez que você ouviu a verdade, a verdade de que eu te amo como nunca amei ninguém, e é uma pena que tenha que ser dessa forma, eu realmente sinto muito por isso.

— Se é o que você pensa, tudo bem então - eu disse e virei as costas, indo o mais longe que pudesse de você, tentando voltar a aproveitar aquela noite.

Eu não queria fazer com que aquela noite fosse desperdiçada, então apenas dancei, e muito, até meus pés doerem e eu precisar descansar. Nisso já passava de uma da manhã, não lembro exatamente, só sei que fui ao bar, atrás de alguma bebida e um espaço mais ou menos tranquilo pra sentar e descansar o corpo. Mas era óbvio que a história não iria acabar por aqui, não é mesmo? Não demorou muito para eu ver você, Alec, com outra garota. Para ser bem honesta vocês estavam quase se comendo no bar. A garota estava de costas para mim, então não consegui ver seu rosto, mas não foi complicado de perceber que ela era meu oposto. A pele bronzeada ao extremo, cabelo quase platinado e roupas curtíssimas. Depois de segundos - que pareceram minutos - encarando aquela cena, vocês se separaram. E você me viu ali. E do jeito mais canalha possível você me olhou nos olhos e deu uma piscadela, sorrindo sacana.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

O barman estava parado na minha frente, tentando chamar minha atenção, mas sem sucesso. Apenas levantei do meu lugar e caminhei para a saída da festa. Tínhamos vindo juntos, então a solução mais lógica seria eu pegar um táxi, mas eu não estava com cabeça pra ficar naquele lugar por mais cinco minutos que fossem, então simplesmente saí andando.

Acho que nunca te contei isso, Alec, mas, naquela noite meus olhos derramaram lágrimas o caminho inteiro até quando eu cheguei na minha cama, e eu não sabia o porquê naquela altura. Eu ainda não queria admitir para mim mesma o quanto gostava de você, parecia loucura. Você foi o primeiro pelo qual me apaixonei e o primeiro cara por quem chorei, apesar de odiar admitir isso até hoje. E, bom, você continua sendo o único. Eu, que sempre fui muito racional, havia me deixado envolver justo com você, a pior pessoa por quem alguém poderia desenvolver algum tipo de sentimento.

E aqui vai a quinta coisa que eu odeio em você: o fato que, desde que você entrou na minha vida, meu coração decidiu se entregar para você, mesmo contra a minha vontade.