InFamous: Sombras do Passado

Três meses depois...


Seattle, 2018. Três meses e oito dias após a prisão de Augustine e a derrubada do D.U.P. A cidade estava se limpando de propagandas, outdoors e até mesmo postos avançados que aquelas forças armadas usavam de base por todo o lugar. Agora, as pessoas podiam viver em paz, ou pelo menos a maioria, já que os condutores não se corromperam; pelo contrário. Todos vivam juntos, tudo por causa de um condutor que, pelo bem de sua tribo, não se deixou levar pelos seus poderes e fez a diferença em um mundo cercado de medo. Recém havia passado do meio-dia e finalmente o sol havia aparecido, durante uma semana inteira de nuvens cinzas e sem graças, sendo que raramente tinha chovido naquele tempo. Se apoiando no limite do telhado do Obelisco Espacial e tentando não escorregar por causa da água da chuva, Delsin Rowe observa a cidade de cima, se lembrando do grande estrago que o D.U.P. havia feito.

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- É, parece que agora não tem volta. - ele disse.

- Que volta?

Ele olha para trás, vendo sua amiga Fetch Walker e o tímido Eugene Sims.

- Você quer realmente voltar? - perguntou Fetch.

- Eu? - perguntou Delsin. Ele riu e se afastou da borda. - Eu deveria perguntar se você quer desistir e me pagar uma cerveja. Para mim e o Eugene.

- Se eu for pagar alguma coisa para você, que seja uma touca nova, porque eu não aguento mais ver essa coisa na minha frente. - disse Fetch.

- Hã... Não tínhamos combinado que iriamos ao cinema, invés da cerveja? - perguntou Eugene.

- Eugene, é uma das únicas vezes que você sai da sua toca da imaginação. - disse Delsin. - Está na hora de você experimentar uma coisa adulta. Vamos lá, em suas marcas.

Os três se alinharam em frente a borda do Obelisco Espacial, colocaram suas mãos ao chão e esticaram uma das pernas para trás, em posição de corrida. Corrida do Obelisco Espacial até a antiga torre central do D.U.P., a chance de alguém se matar era grande, mas valia a pena se divertir um pouco e ter liberdade sem ter caras atirando em você, só porque sai fumaça de seus dedos.

- O último que chegar a torre central, vai ter que pagar uma lata de cerveja para cada um. - disse Delsin.

- Ainda tem tempo de desistir? - perguntou Eugene.

- Vai amarelar agora, Eugene? - perguntou Fetch, rindo.

- No três. - disse Delsin. Com apenas o som do vento em seus ouvidos, ele engole em seco e prepara a contagem. - Um...

- Três!

Fetch saiu em disparada, deixando seu rastro de neon roxo que levava a para baixo.

- Ei! Isso é trapaça! - gritou Delsin e pulando em um duto de ventilação, ganhou impulso para ir mais longe que a condutora de neon, deixando um rastro de fumaça. - Eu vou te alcançar, sua trapaceira!

Percebendo que ambos condutores haviam disparado na sua frente, apenas competindo entre si, Eugene sai correndo e pula do prédio, abrindo suas asas de vídeo antes mesmo de acabar ao chão e voltando aos céus, flutuando. Enquanto corria com a fumaça pela cidade, Delsin conseguia ver o rastro de neon que Fetch deixava pelas ruas e tentava ganhar impulso através dos dutos de ventilação, mas parecia inútil, sendo que nem mesmo os carros a paravam.

- Ah não! Eu não vou perder dessa vez!

Pegando um atalho que cortava caminho para a ponte que haviam feito entre o distrito Market e Uptown, Delsin desceu do último prédio e percebeu que o neon estava chegando. Esticando os braços, ele se agarra a Fetch, que percebe alguém segurando seu braço.

- Ei! Cai fora, Delsin!

- Se eu cair, você cai primeiro!

O condutor se solta e bem na hora, Fetch acaba esquecendo de olhar para a frente e bate na traseira de um carro. Subindo no topo da ponte, Delsin ri do seu feito e observa a garota, que tentava se recuperar do impacto. E o condutor volta a correr, sem perceber que alguém recém havia passado por cima dele.

No topo de um dos prédios e já avistando a torre do canal seis, que havia sido a torre central do D.U.P. um tempo atrás, Delsin ia pular para um duto de ventilação e ganhar impulso, mas foi impedido por um forte tiro de neon que o jogou para perto de uma saída de chaminé.

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- Desculpa, D! Mas você mereceu!

Se levantando o mais rápido possível, ele observa a silhueta de Fetch ao neon indo em direção a torre e pula ao duto de ventilação, ganhando impulso suficiente para avançar no ar. Foi quando parecia que ambos estavam na mesma velocidade e quando chegaram na torre, Delsin pulou para o chão, com os dois se esbarrando e caíram, parando em frente ao lugar. Ambos resmungavam de dor e começaram a se levantar.

- Qual é o seu problema, Fetch?

- Meu problema? Meu problema? - disse ela, irritada. - Você me fez bater na traseira de um carro! Você trapaceou!

- Eu trapaceei? Você trapaceou! Você foi antes de que eu dissesse três!

- É, mas isso não foi nada!

Delsin foi o primeiro a ficar de pé e observou Fetch, que ainda tentava se equilibrar da batida que tinha feito.

- Vem cá, eu ajudo. - esticando a mão para a condutora.

- Nem vem! - socando a mão de Delsin perto dela. - Eu me viro.

Assim que havia ficado de pé, ambos se encararam. Estava na hora de considerar os fatos.

- Bom... E quem vai pagar a cerveja? - ele perguntou.

- Vocês.

Se virando rapidamente, viram Eugene cercado de seus anjos, sentado em um poste de luz.

- Enquanto vocês brigavam entre si, eu fui flutuando calmamente para cá. - disse Eugene.

- Seu... - disse Delsin, rindo.

- Podia pelo menos ter nos avisado que estava ai. - disse Fetch, rindo.

- E estragar o show de vocês? - perguntou Eugene. Ele balançou a cabeça negativamente. - Não, isso foi muito engraçado para mim.

- Ok pessoal, isso foi legal e agora vamos ir lá para casa. - disse Delsin. - Agradeçam a Deus que fica aqui perto.

- Quem apostar outra corrida? - perguntou Eugene, pulando do poste ao chão.

- Não, obrigada! - disse Fetch. - Minhas costas não vão aguentar bater em mais alguma coisa hoje.

Os três condutores sobem até o terraço, onde havia um pequeno apartamento que Delsin havia conseguido achar com um bom preço e não era ele que pagava, e sim Betty. Fetch foi a última chegar, sendo ajudada por Eugene, sendo que bater na traseira havia realmente a machucado.

- Você disse que era aqui perto. - disse Fetch.

- Cale a boca, Fetch. - disse Delsin. - Você já veio aqui várias vezes, pare de se fingir de dolorida.

- Você vai ver, seu...

Sendo impedida por Eugene, Fetch tentou avançar em Delsin, mas desistiu quando percebeu que havia alguém sentado nas cadeiras do terraço. Balançando a cabeça, ela sinalizou para os outros dois condutores, que entenderam o sinal e olharam para o ser que estava silencioso demais.

- Vocês não mudaram nada. Continuam os mesmos idiotas que eu conheci.

O ser se levantou e se virou para o trio, revelando ser Benjamin Martin, um dos condutores que havia ficado preso em Curdun Cay por quatro anos.

- Ben? - perguntou Delsin, surpreso.

Os condutores se alegram e Fetch é a primeira a pular nos braços do condutor, que também a abraça de felicidade.

- Ben! Eu senti saudades suas! - disse Fetch.

- Deu para ver, Fetch! - disse Ben.

- Ok, Fetch! - disse Delsin, rindo. - Ele é nosso amigo também.

A condutora se afasta do colega, que cumprimentava Delsin e Eugene. Benjamim, ou como ele gostava de ser chamado, Ben, era um condutor de metais que ficou amigo de Fetch e Eugene dentro de Curdun Cay e era uma boa pessoa. Delsin o conheceu quando libertou todos os condutores daquela maldita prisão que Augustine havia feito para colocar todos os condutores do mundo.

- É bom ver vocês. - disse Ben.

- O que está fazendo aqui? - perguntou Eugene. - Pensávamos que iria voltar para Nashville!

- E eu ia. - disse Ben. - Acontece que... Que eu encontrei minha irmã.

- Não brinca! Sério? - perguntou Fetch. Ela se alegra - Isso é ótimo, Ben! E como ela está?

- Meio assustada. - disse Ben - Ela não liga se eu sou condutor, ela só se importa se eu vou estar junto com ela. Ela até diz que os condutores são os heróis dela.

- Isso é legal, pelo menos ela não tem medo. - disse Delsin.

- Verdade e ela quer muito conhecer vocês três. - disse Ben. Os três se olharam e sorriram. - Ela diz que vocês são os heróis de Seattle e quer muito conhecer vocês, principalmente o Delsin.

- Legal, já tenho uma fã. - disse Delsin. Ela observa seus colegas rindo. - E como vai ser agora? Você vai embora com ela?

- Eu penso que sim, mas ao mesmo tempo, acho que fico. - disse Ben, colocando as mãos nos bolsos da jaqueta. - Sei que não somos mais vilões, mas há vários outros lugares pelo mundo que podem não nos aceitar e eu sei que aqui vou ser bem recebido pelos meus amigos.

- Com certeza, cara. - disse Fetch.

- Por enquanto estamos morando em uma casa que eu aluguei. - disse Ben. - Podem ir me visitar qualquer dia desses.

- Eu vou! - disse Eugene.

- Eu também! - disse Fetch.

- Só me diga onde fica que eu vou. - disse Delsin.

Ele riu e suspirou.

- Obrigado, pessoal. - disse Ben. - Não sei o que eu seria sem vocês.

- Bom, estamos comemorando que o Eugene ganhou uma corrida, então estávamos indo para a minha casa antes de você aparecer e encantar a Fetch. - disse Delsin. Os condutores riram. - Se quiser, pode vir com a gente.

- Seria ótimo! - disse Ben. - Estou seguindo vocês.

Delsin tirou as chaves do bolso da calça e destrancou a porta, mostrando um apartamento escuro e bem bagunçado. Eugene e Fetch foram os primeiros entrar, até Ben impedir a entrada de Delsin com o braço, estranhando o condutor.

- Delsin, nós... Nós podemos conversar a sós? - perguntou Ben.

- Claro, sem problemas. - disse Delsin, estranhando. Ele olha para a dupla dentro do seu apartamento. - Vocês dois! Sem bagunça!

- Vai jogar fumaça na chaminé, Delsin! - gritou Fetch.

O condutor ri e fecha a porta, acompanhando Ben até as cadeiras que ele estava sentado antes do trio chegar ao terraço. Benjamin arruma a jaqueta que se mexia com a ajuda do vento que vinha na direção contrário e olha para Delsin.

- Fumaça, sabe que você para mim é um grande amigo, praticamente um irmão que ajudou não só eu, mas muitos condutores. - o condutor de metais dá uma risada abafada. - Principalmente a Fetch.

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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Sei disso, Ben, obrigado.

- Mas eu preciso que você faça um favor para mim. Não se preocupe, não é de derrotar soldados nem nada disso. - ambos riram. - É que... Você sabe que eu fui da marinha antes de me tornar condutor. - Delsin balança a cabeça positivamente. - Eu conheci um fuzileiro que depois se tornou cientista por um problema na família e ele está vindo para Seattle. Vai chegar hoje mesmo. Ele está se mudando com a filha dele, que é um ano mais nova que você e eu quero te pedir que você vá o receber.

- Eu? Mas eu nem conheço o cara, Ben! Como você espera que eu vá receber ele?

- Se acalma um pouco, cara! É só você falar que é meu amigo! Sério Delsin, eu preciso que você faça isso por mim. Daqui a pouco eu tenho que ir, tenho que encontrar minha irmã na frente do trabalho dela, vamos sair juntos.

Delsin suspira negativamente, se vira e cruza os braços.

- Sei não, cara.

- Olha, ele é uma ótima pessoa! Você é o que mais conhece Seattle e eu realmente não tenho tempo. Eu gosto do Eugene e da Fetch, mas acho que eles não iriam conseguir se relacionar com eles.

- E eu sou muito sociável!

- Para mim, sim. - ambos riram novamente e se encararam. - O que me diz? Faz isso por mim? Por favor?

O condutor sorri e dá de ombros, vendo que Ben havia tirado as mãos do bolso e as juntado, parecendo que implorava a ajuda de Delsin.

- Ok, seu imã gigante. - disse o condutor da fumaça. - Mas eu só estou fazendo isso porque você é meu amigo. E quando isso acabar, você vai estar me devendo um favor.