Não gosto de roubar, na verdade eu odeio ter que roubar, mas é necessário quando se quer sobreviver. Sem falar que sou uma péssima ladra.

É por isso que preciso chegar ao Acampamento Meio-Sangue o mais depressa possível. Não é fácil sobreviver aqui fora. O único problema é que não me lembro o caminho, estou perdida.

E os monstros. Eles também são um problema.

— Oi — digo ao atendente da lojinha do posto de gasolina. Dou a ele o meu melhor sorriso e troco o peso de um pé para o outro. Ele não consegue parar de olhar para as minhas coxas. — Você tem algum mapa, alguma coisa que possa me levar a Long Island?

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Ele balança a cabeça e ergue os olhos das minhas pernas para o meu rosto. Tem cabelo castanho encaracolado, muitas espinhas e olhos azuis. É magrelo e alto demais.

— Claro, temos um... temos vários mapas. Custam dez dólares.

Me inclino sobre o balcão, dando a ele uma boa visão do meu decote.

— E eu posso dar uma espiada antes? Pra ver se é bom mesmo.

Ele demora um pouco para responder. Eu rio e me endireito.

— Você ouviu minha pergunta?

— Ouvi, é... claro, aham...

Enquanto ele se atrapalha todo para procurar o mapa no estoque, aproveito para enfiar um Tic Tac sabor menta no bolso.

— Você é uma gracinha sabia? – falo quando ele retorna. — Tem namorada?

— N-não — ele gagueja, corando. — Você tem? Namorado?

— Não mais — começo a dar a volta pelo balcão. — É meio triste, sabe? Acabei de dar um pé na bunda dele e estou com muita vontade de beijar alguém.

A essa altura meu corpo está muito próximo do dele, e meus peitos roçam em sua camisa.

— Ah é? — diz o atendente, o peito subindo e descendo, o coração acelerado. Posso ouvir os batimentos daqui. — Mas você nem sabe o meu nome... E eu nem sei o seu...

— Pra que nomes? — mordo uma parte de sua camisa e puxo, tentando fazer um olhar sensual. – É melhor sem.

— Ok... — ele tenta me beijar, mas eu me afasto.

— Aqui não — balanço a cabeça com um sorriso malicioso. — Vamos para um lugar mais reservado.

Me viro e o puxo pela gola da camisa até o depósito, pegando uma camisinha do pote no balcão só para ele ter alguma ilusão.

— Sabe, eu sempre tive a fantasia de transar num depósito — falo, empurrando-o contra a parede lá dentro. — Você já fantasiou com uma cliente?

— Com certeza — ele sorri. — Agora que você falou, me veio à cabeça que isso só pode ser um sonho...

— Garanto que não é — sorri maliciosa, apertando sua virilha com a mão.

— Wow...

— Onde é o interruptor? Não gosto de fazer sexo com a luz acesa. Tenho vergonha do meu corpo.

— Seu corpo é lindo...

— Eu já disse que você é uma gracinha? — inclinei a cabeça de lado. — Ah, ali está o interruptor. Eu já volto.

Mas, só porque estou me sentindo mal pelo o que vou fazer, beijo sua bochecha antes de me virar e ir até o interruptor do outro lado do cômodo, ao lado da porta.

— Prontinho — digo. — Estou tirando as roupas, só um minuto.

— Posso tirar pra você...

— Não, quero que seja do meu jeito, tudo bem pra você?

— Tá, mas volta pra cá.

— Espera, ainda estou desamarrando meus coturnos...

Abro a porta e ele vê a luz passar por ela.

— O que...

Antes que ele me alcance, bato a porta e congelo a maçaneta. Vai segurar por um tempo... Mas se eu fosse filha de Hermes não iria precisar desse truque barato. Enquanto ele grita e esmurra a porta, eu corro, encho a mochila com pacotes de Doritos e latas de Coca-Cola.

— SINTO MUITO, MUITO MESMO! — grito enquanto pego o mapa em cima do balcão. — É UMA QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA, PROMETO PAGAR NA VOLTA!

— NÃO ME DEIXA AQUI! SOCORRO!

Saio correndo do posto. Não tem ninguém, é só um posto de estrada, mas não posso arriscar ser pega. Como sou super-rápida, logo estou bem longe dali. E agora que tenho o mapa, sei para onde seguir.