Através do espelho
"Será que ela está doente?"
Alguns dias se passaram e o fim de semana chegou, dia das meninas ficarem com seu pai. O clima na casa de Valentina ainda estava ruim por conta do ocorrido no shopping, a garota não estava falando com a mãe e muito menos com a irmã, as coisas que elas disseram ficavam se repetindo em sua mente e ela pensava que jamais esqueceria, havia ficado muito chateada com aquilo.
Uma buzina soou e Vale desceu as escadas de forma rápida, sentia muita saudade de seu pai e não gostava de ficar tanto tempo sem ele.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Chegou ao carro e teve uma surpresa desagradável: Helena, a namorada de seu pai encontrava-se ali. Ela se recusava a chamar aquela mulher de madrasta, pois eles não eram casados e porque algumas pessoas se referiam a madrasta como "segunda mãe" e definitivamente ela não podia ser considerada isso, mesmo que sua mãe não fosse um exemplo, Helena era menos ainda.
— Venha querida, entre. — Marcos, seu pai, chamou-a, Valentina bufou e abriu a porta do carro.
— Bom dia pai. — ela cumprimentou.
— Bom dia Vale. — apontou com a cabeça para Helena e a garota fingiu que não tinha entendido. — Vamos filha, não tem só eu aqui dentro. — a mesma revirou os olhos.
— Preferia que só tivesse. - murmurou e recebeu um olhar feio das duas pessoas que estavam sentadas no banco da frente. — Oi Helena. — disse, contra a sua vontade.
— Oi Valentina. - ela disse, enquanto retocava seu batom.
— Cadê sua irmã, Vale? — Marcos perguntou.
— Está terminando de se maquiar.
— Por que você não fez o mesmo? — Helena se intrometeu.
— Porque não sou fútil como vocês.
— Vale... — seu pai a repreendeu e Heloísa chegou animada ao carro, entrando rapidamente.
— Oi pai, oi Lena! — ela exclamou, dando um beijo na bochecha de cada um.
— Oi filha. — Marcos a cumprimentou, começando a dirigir.
— Está linda Helô! - a namorada de seu pai elogiou.
— Obrigada Lena, você também está. — ela respondeu sorrindo. — Aonde vamos papai?
— Em um restaurante. — Valentina ficou apreensiva, teria de se controlar, não comia direito desde o episódio no shopping e não sabia como reagiria diante de tanta comida, já que também não havia saído de casa depois daquele dia.
— No shopping?
— Não querida, no Centro.
— Ah não, vamos ao shopping! — exclamou como uma garota mimada.
— Não Helô, a Vale me disse que vocês foram ao shopping há pouco tempo, então vamos a outro lugar.
— Argh, sempre a Vale. — Marcos e Valentina reviraram os olhos e ao perceberem que haviam feito isso juntos sorriram.
— Não é bem assim Heloísa. — ele a repreendeu.
— É assim sim.
— Vamos aproveitar o dia, o.k.? — a menina bufou, porém ficou calada.
Chegaram a um restaurante bem bonito, era algo como um sítio, bem caseiro. Sentaram em uma mesa perto da janela e Helena e Heloísa foram se servir, enquanto Marcos e Valentina ficavam observando o lado de fora.
— O que achou? — o pai perguntou.
— Bonito. — Vale respondeu simples.
— Gostou?
— Sim.
— Por que está assim?
— Assim como?
— Respondendo de forma curta...
— Ah, não é nada.
— Me conta.
— Não é nada, só Heloísa que me estressa.
— Se quiser eu falo com ela.
— Não precisa.
— Tudo bem então. — elas voltaram e então os dois foram colocar seu almoço.
Valentina serviu-se com uma folha de alface e uma fatia de tomate, enquanto seu pai colocava estrogonofe em seu prato.
— Vai comer só isso filha? — Marcos perguntou, se aproximando de Vale.
— Sim pai, estou sem fome.
— Tem lasanha ali, sei que você adora.
— Não quero hoje, obrigada. — ela recusou, sentindo sua boca encher-se d'água.
— Está com algum problema? — indagou preocupado.
— Estou um pouco enjoada, mas nada demais.
— Tem certeza? Quer que eu vá comprar um remédio?
— Não precisa, vai melhorar depois que eu comer.
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— Tudo bem. — eles pesaram seus pratos e voltaram a mesa, onde as outras duas conversavam como grandes amigas, Valentina não entendia porque Helena não gostava dela, não que ela fizesse questão de que gostasse, mas ela adorava Heloísa e não suportava Vale, devia ser por ela estar "gorda".
Comeram bem entre conversas e gargalhadas, menos pela parte de Valentina, ela não gostava nada daquilo e ficava pior ainda quando era obrigada a comer, tinha comido apenas um pedaço da folha de alface e nem sequer tinha mexido no tomate, contudo sentia-se absurdamente pesada e parecia que não ia se aguentar em pé, então empurrou seu prato para longe.
— Vale, você não comeu nada, minha filha. — Marcos falou aflito.
— Ainda estou me sentindo mal pai, vou ao banheiro. — avisou, se levantando.
— Vá com ela Heloísa.
— Não precisa.
— Não vou deixar que vá sozinha. — as meninas reclamaram, porém não teve jeito, tiveram que ir ao banheiro juntas.
— Vê se não demora. — enunciou Heloísa, pegando seu batom e seu blush na bolsa. Valentina entrou em uma cabine qualquer e tentou se recuperar, vomitar ali não era uma opção, teria que se acalmar.
Helena observava Marcos com uma expressão ruim e o mesmo não sabia o motivo, muito menos queria saber naquele momento.
— Estou preocupado com ela. — ele disse.
— Por quê? — ela perguntou rude.
— Você não viu? Ela está mal, saiu daqui pálida.
— É falta de maquiagem.
— Por favor Helena, definitivamente não é isso.
— Talvez seja. — respondeu, analisando suas unhas.
— Viu o pouco que ela comeu? — perguntou mais a si mesmo do que a ela.
— Deve estar fazendo alguma dieta.
— Pra quê? Ela já está magra.
— Não tanto.
— Meu Deus!
— O quê? — a mulher a sua frente perguntou cansada.
— Será que ela está doente?
— Foi o que ela disse antes de sair.
— Não, quero dizer doente no quesito distúrbio alimentar.
— Não amor, ela é gorda demais para ter uma coisa desse tipo.
— Mas esses distúrbios não tem só a ver com peso.
— Não se preocupe, ela está bem.
— Será?
— Está, isso é só paranoia da sua cabeça de pai.
— Tem certeza? — perguntou ainda desconfiado.
— Absoluta. — se aproximou dele. — Vamos curtir!
— Se você diz... — e logo se beijaram, em seguida as garotas chegaram. — Como está agora, querida? — o pai perguntou, olhando Valentina que ainda tinha o rosto pálido.
— Estou melhor...
— Está mesmo? Se quiser podemos ir embora.
— Ah não, não vamos estragar o dia por causa dela. — Heloísa reclamou.
— Não, não precisa pai.
— Acho bom mesmo. — Helena disse e Helô sorriu.
— Tudo bem, mas qualquer coisa me avise.
— Tá bom. — eles continuaram o passeio por um tempo, até que Vale pediu para ir embora, realmente não estava bem, nem fisicamente nem psicologicamente, Ana e Mia estavam começando a mexer com sua cabeça.
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