Só mais um dia

Sem você


Eu me despedi dele com um beijo longo.

Tanto Taiga quanto eu trabalhávamos cedo e sequer voltávamos na mesma hora. No fundo, eu já estava acostumado, afinal, já se passaram sete anos desde que ele trabalhava como bombeiro.

O dia na creche em que trabalho foi corrido como sempre. Trabalhar com crianças é algo muito difícil e é necessário ter muita disposição. Aquele dia ia como o habitual até que percebi meu celular tocar. Não costumo atender ligações no trabalho, mas, ao sentir o aparelho vibrar repetidas vezes, resolvi atender.

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— Olá, senhor Tetsuya. Aqui é um colega de trabalho do Kagami e ele acabou sofrendo um acidente e se encontra internado no hospital da sede.

— Eu estou indo para aí imediatamente.

Era comum que Taiga se machucasse algumas vezes, mas ele nunca chegou a ter de ir para o hospital por conta disso.

Eu suava frio e tive problemas para chamar um táxi. Parecia um caminho infinito até o hospital.

Entrei em seu quarto após conversar com o médico. Ele dizia que logo Taiga iria acordar, mas meu coração não me dava trégua mesmo assim. O meu peito doía, e senti minha respiração falhar ao vê-lo na cama.

Sentei na cadeira que tinha ao lado de sua cama e acariciei seus cabelos.

— Você é tão imprudente que sequer parece ser alguém que salva vidas. — Ajeitei sua franja que caía em seus olhos.

Vi as faixas que estavam em seus braços. Soube que foi para salvar um menino; coisa normal de seu trabalho, afinal.

— Eu só consigo pensar que não devia tê-lo apoiado com sua carreira ao te ver assim, sabia?

Minha cabeça pesava ao vê-lo tão frágil. A única coisa que se passava em minha mente é que ele poderia não acordar se fosse mais grave.

No dia seguinte, resolvi sair um pouco do quarto para fazer algo e aproveitei para deixar Himuro-san com ele; o homem estava tão preocupado quanto eu.

Eu andei naquelas ruas, entretanto meus pensamentos estavam no hospital. Eu não queria ter saído de seu lado, mas, se eu o conhecia bem, estava mais do que certo de estar indo àquele lugar.

Aquele pequeno garoto vinha acompanhado pela sua mãe e estava bem. Não fiquei muito tempo com eles, na verdade, só fiquei o tempo necessário para ouvir seus agradecimentos e gravar um pequeno vídeo para mostrar à Taiga.

Voltei ao hospital e sentei naquele banco novamente. A melancolia tomou conta de mim.

— Taiga, aquele garoto que você salvou está bem e até mesmo gravamos um vídeo de agradecimento, mas não posso vê-lo sem você. Você precisa acordar porque eu não posso fazer isso sem você.

E então, vi, depois de tanto tempo, seus olhos abrirem e um pequeno sorriso tomando conta de si. Ele parecia feliz e, com aquela voz rouca, perguntou-me:

— É só isso que não pode fazer sem mim?

Meus olhos se encheram de lágrimas ao ouvir sua voz e, com um sorriso, afirmei:

— Na verdade, eu não posso nem viver sem você.