A Fonte
Capitulo 2- A Fonte
Anne expulsou o marido que se retirou tão obediente, sem protestar e parecia pedir desculpas pela grosseria da esposa. Eu me sentia muito mal com aquela situação. Não esperava tanta emoção em apenas algumas horas na cidade. Ainda era cedo para o ônibus então Anne propôs continuarmos a andar.
– Vem, vamos continuar, me conta o que você faz mesmo?
– Bem, eu trabalho muito, viajo bastante, todo mês e quase não paro em casa.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Uau, a vida que eu queria. Você é que é feliz.
– Bem Anne, na verdade, é muito cansativo. E eu me sinto sozinha na maioria das vezes...
– Ah... qual é! Olha para você, linda, elegante. Deve ter um monte de caras atrás de você.
– Não, não é bem assim...
– Como não? Eu queria ter um monte. Aproveitar a vida, ter eles debaixo dos meu pés e depois jogá-los fora quando enjoasse. Mas você tem alguém, não tem?
– Mais ou menos. Tem o Robert, saí com ele algumas vezes... mas ... sei lá. Acho que não vai dar em nada.
– Isso é ótimo! Assim você só se diverte.
– É que, ás vezes, eu penso que seria bom encontrar o cara certo... casar... ter filhos. Essas coisas...
– Tá maluca? Olha pra mim. Pareço ter idade para ser a sua mãe. Aquelas crianças me deixam louca.
– Quantas são?
– Três... minha filha... três... me engravidou três vezes.
– E como é o nome deles?
– Ken, Kim e Kon.
– Heim?
– Ju, olha aqui a nossa chance de mudar de vida.
– Onde?
– Aqui, na Fontana de Jaca com landa como chamávamos. Lembra-se dos nossos pedidos?
– Sim, você queria se casar com o Steve Segall.
– E você queria ser astronauta, que idéia de jerico.
– Não, astronauta não. Ser tripulante da Enterprise.
– Ah, continua idéia de jerico. Tem uma moeda aí?
– Está brincando, não é? Essa fonte velha só criava sapos e pernilongos antes e agora, nem dá para ver os azulejos portugueses.
– A-zu-le-jos por-tu-gue-ses, eu heim... olhá só... tem água...é uma fonte e eu vou fazer um pedido. Faço qualquer coisa para sair daqui, nem que seja jogar moeda nesta m...
– Ok...Ok...não custa nada. Mas que coisa...
– Vamos fazer os pedidos e jogar as moedas juntas. Pronta?
– Sim.
– Eu quero ser livre, sair desta cidade e viajar pelo mundo. Só me divertir.
– E eu... hum...ok...quero...estar casada com o amor da minha vida e ter filhos lindos.
– PLOC...
– PLOC...
– PLOC...
– Anne, e agora, como se sente?
– Uma idiota, com essas duas moedas eu poderia ter comprado mais cigarros. E você?
– É... me pareceu que foram três moedas.
– Não... uma delas deve ter ricocheteado no fundo.
– Será possível? Bem Anne, eu preciso ir...
– Eu sei... foi bom ver você, saber que existe vida lá fora.
Cheguei em casa e já eram mais de nove horas da noite. Minha mãe havia deixado o jantar preparado e estava assistindo a novela. Corri para abraçá-la, eu tinha uma boa vida comparada com a de Anne e não tive coragem de contar a ela sobre o Carl.
Fui dormir pensando nele, ainda queria saber o que aconteceu para ele ficar daquele jeito. Parecia um sujeito simplório, eu diria até levemente retardado. Mas já chega, isto não faz parte da minha vida.
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