I've Got You Under My Skin

Nunca aceite um drink de Dionísio!


Querido leitor, sei que você deve estar um pouco confuso agora. Depois de um tempo de convívio, já devem saber que eu não penso muito nos meus atos (e que sou linda e maravilhosa, mas isso não é novidade). Sou uma pessoa que segue os instintos.

Acho que foi isso que me fez beijar Charles.

Sendo bem sincera, eu até gostei. Os lábios dele era macios, e até um pouco doces. Ficou um pouco surpreso comigo, mas correspondeu aos meus movimentos. Não sei quanto tempo ficamos ali, talvez segundos ou minutos.

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— Isso foi... Hm... Surpreendente. – ele falou. Nós dois estávamos ofegantes.

— E aí? – tentei quebrar o gelo. – Eu beijo tão bem quanto dizem?

— Ah, eu não sei. Não deu tempo de reparar nesse pequeno detalhe. – sabia que ele tinha gostado. Todos gostam. – Acho que vou ter que sentir de novo...

— Nem vem! – eu podia me fazer de difícil, é claro. – A noite está só começando! Eu quero dançar mais um pouco. Vamos!

Voltei saltitante para o salão, com o humor nas alturas. Calcei meus saltos, e fui em direção ao bar. Antes que pudesse fazer meu pedido, uma voz animada me chamou.

— Emma! – vi uma morena sorrindo largamente para mim, e a reconheci rapidamente. – Não imaginei que te veria tão cedo!

— Naty! – a abracei com força. – Como foi na missão? Muito complicada?

— Você me conhece, né? Acabei com todas aquelas górgonas num piscar de olhos! – jogou o longo cabelo castanho. – E você, o que tem feito? Me contaram que entrou no intercâmbio.

— É, mais ou menos isso. Estou dando uma de babá. – de uma criança bem grande.

— Parece chato.

— Nem tanto. – nem um pouco!

Dei uma olhada ao redor, e vi Hermes me encarando. Sem interromper o contato visual, deu um gole em sua taça. Ele estava tão lindo naquele terno, e sem aqueles tênis de corrida.

Ops. Será que já sabia de mim e Charles?

— Aquele cara está olhando para você? – seus olhos azuis brilharam. – Que sorte!

— É Hermes. Já somos amigos. – dei um sorrisinho.

— Aham, sei. Amigos com benefícios? – na mosca!

— Isso aí. – nesse mesmo momento, ele fez um sinal para que eu me aproximasse.

— Uou! Ele está chamando você? – e fez um tom de malicia. – Depois quero os detalhes sórdidos, viu?

— Rá rá, tão engraçada! – tentar ser sarcástica com uma filha de Momo não era a ideia mais sensata. – A gente se fala depois.

Peguei minha bebida (era impressão minha, ou Dionísio era o barman?) e cruzei o salão. O Deus das corridas piscou para mim, mas não me tocou. Meu pai devia estar em algum lugar e não podia nos ver juntos.

— Está mais linda do que nunca, Sunshine.

— Ora, digo o mesmo senhor Hermes. Sua elegância me hipnotiza.

— Tão gentil. – sorriu. – Ei, estava pensando em dar uma volta pelo Olimpo. Assim nós poderíamos conversar melhor.

— A ideia não é ruim. Mas acho que seus objetivos vão além de uma conversa.

— Você me conhece bem. Venha comigo.

Saímos do lugar, tentando não sermos vistos. De repente, ele me jogou contra uma árvore e me beijou. Quase derrubei minha bebida intocada. Seu beijo era voraz, mas não conseguia deixar de pensar em um certo garoto de olhos bicolores...

— O que está acontecendo, Emma? Preocupada?

— Não, só um pouco nervosa. – menti. – Sabe como é, não quero que Apolo nos veja.

— Podemos ir para o meu templo, é mais seguro. – mais seguro de meu pai, mas vulnerável a sua mão boba!

— Não tenho certeza.

— Relaxa! Você sabe que eu não mordo. – me deu um momento para pensar. – Dê um gole na sua bebida e então vamos.

De uma vez só, bebi todo o líquido rosa. Esquentou meu corpo por inteiro, e imaginei que seria o efeito do álcool. Porém, fiquei um pouco tonta e quase caí. Hermes me segurou e nos transportou para sua casa.

— Você está bem? – me deitou em seu sofá amarelo.

— Sim, só não estou acostumada com bebida. – fechei os olhos. – Me dê um momento.

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Meu corpo inteiro se arrepiou de repente. O coração batia forte e senti algo diferente tomando conta de mim. Será que eu havia sido drogada? Porém, quando olhei para ele novamente, perdi o controle.

— Você é tão bonito, senhor Hermes. – eu tinha mesmo dito isso?

— Ahn... Obrigado, mas acho que isso não é hora para...

— É, não é hora para isso. – me sentei. – Na verdade, com todo o tempo disponível que temos, tenho algumas ideias...

— Emma, suas pupilas estão muito dilatadas. – parecia genuinamente preocupado. – Está sentindo alguma coisa?

— Sim, estou. – tirei meus sapatos. – Estou sentindo um desejo enorme...

— Jura? – seu tom mudou de preocupado para interessado. – Desejo?

— Sim. Será que pode me ajudar a saciar isso? – as palavras saiam com naturalidade.

— Com certeza, querida Sunshine. – lambeu os lábios, ansioso. – Só preciso que diga as palavras.

— Mais um de seus joguinhos? Tudo bem. – eu sabia o que ele queria. – Faça amor comigo, Hermes.

Com uma rapidez surpreendente, me pegou nos braços. Fomos juntos para seu quarto. Suas mãos abaixaram o zíper de meu vestido e...

Ops, acho melhor não contar isso. Mas vocês já sabem, não é?

.

Acordei com a luz no rosto. Droga, que dor-de-cabeça...

Onde eu estava? Tentava me lembrar da noite passada, mas nada me vinha a cabeça. Será que eu tinha desmaiado? Dei uma olhada ao redor, tentando descobrir alguma coisa, e tomei um susto quando vi um homem ao meu lado.

— O que é isso?! – gritei.

— Ahn... Bom dia, Emma. – Hermes deu um sorriso sonolento. – Aconteceu alguma coisa?

— Eu é que pergunto! O que estou fazendo aqui... No seu quarto? – na sua cama e debaixo dos lençóis, para ser mais precisa.

— Não se lembra? – franziu a testa. – Nós viemos para cá, e...

— Espera aí... Isso quer dizer que nós dois...? – ah não...

— Sim. E devo dizer, você é uma amante excepcional.

— Mas eu não me lembro de nada disso! Como eu pude... Tem que haver uma explicação!

Me levantei rapidamente da cama, e percebi que estava completamente nua. Puxei as cobertas para me cobrir e saí em busca de minhas roupas. Tudo o que achei foi um vestido rasgado. Definitivamente hoje não era o meu dia de sorte.

— O que está fazendo? – perguntou.

— Procurando algo pra vestir... Você pode me emprestar uma camisa? – no mesmo momento, ele me vestiu com uma calça jeans e uma blusa branca. – Obrigada.

— Por que tanta pressa?

— Eu não deveria estar aqui! E Charles deve estar preocupado...

— E desde quando você liga pra ele? – desde ontem a noite, quando nos beijamos...

— Bem, nunca se sabe. Talvez ele tenha contatado meu pai, que pode estar me procurando agora mesmo!

Fui para a sala, e achei meus saltos. Pelo menos estavam intactos. Toda aquela cor (só olhar o sofá me deixava tonta) piorou minha dor-de-cabeça. Hermes apareceu, uma toalha pendendo nos quadris. Analisando o seu corpo, não sobravam dúvidas; ele era MESMO um Deus grego.

— Quer um remédio? – ofereceu.

— Não, obrigada. Eu tenho que ir agora. – será que estava sendo grossa demais?

— Ei, olha só. Ainda sobrou um pouco de bebida na sua taça. – pegou o vidro em cima da mesa, e analisou o liquido rosa. – Hm... Isso não parece um drink comum. Quem te deu isto aqui?

— Dionísio, eu acho. Por quê? Algo errado?

— Pelo cheiro, parece mais um dos drinks especiais dele. E pela cor... – seus olhos brilharam. – Ah, isso explica tudo.

— O que foi? – lá vem coisa...

— É uma poção de paixão.

— Você quer dizer, de amor? – isso estava parecendo um filme do Harry Potter.

— Não, de paixão mesmo. Quem bebe fica louco, com um desejo ardente. Deve ser por isso que você pediu para ficar comigo ontem.

— Ai, que vergonha! Nunca mais vou aceitar alguma coisa do Sr. D!

— Bem, eu não me arrependo de nada. A noite passada foi incrível. – pegou meu rosto entre as mãos. – Quando te vejo de novo?

— Em breve. Me dê alguns dias. – pedi. – Agora... Me leve para casa.

Hermes suspirou pesadamente e me transportou para o meu sótão. Finalmente sozinha, pude pensar com mais clareza.

Meus Deuses, o que eu tinha feito?