Potens Summi

Lux persuasio


Uma única lágrima desceu lentamente pelo rosto de Aurelia. Ela observava a jovem morta com pesar e tudo o que pôde sussurrar para Astrid foi:

— Me desculpe. – a garota não respondeu.

— Potens Summi é uma entidade. – Jude engoliu em seco, tentando não encarar o cadáver de Isabelle sentado ao lado de Guadalupe e tentando conter o choro – Ela não pode ser encontrada a não ser que queira. Nenhuma de nós escolhemos isso, ok? Não é nossa culpa e também não era culpa da garota que você acabou de matar.

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— Eu entendo, minha querida. Mas a vida é injusta, quanto mais cedo você entender isso, melhor. – e ele deu alguns passos a frente, com os olhos brilhando de excitação e empunhando a faca ensanguentada – E você pode dizer que não escolheu isso, mas mesmo assim foi contemplada com incríveis habilidades. Então eu pergunto: Por que o resto de nós não? – apontou com a mão livre para seus seguidores, e depois apontou para si mesmo – Por que eu não? Eu sou menos merecedor?

— Potens Summi escolhe quem ela quer. – disse Ellaria firmemente.

— Não estamos indo a nenhum lugar aqui. A colaboração de vocês é inútil. – Ele deu as costas para eles, caminhando lentamente em direção à Lupe.

Astrid estava cansada: não podia deixar ninguém mais se machucar por causa daquela causa estúpida. Jude estava certa, nenhuma delas escolheu isso. Queria ter uma adolescência normal, terminar os estudos... Quem sabe construir uma família?

Ela poderia fazê-lo se saísse viva dali, mas Isabelle não. A garota era jovem como ela. Sorriu, chorou, cometeu erros e foi julgada como todos ali; mas desta vez não voltaria para Hogwarts com as amigas e uma boa aventura para contar. Sua juventude, seu futuro com Guadalupe, sua jornada: tudo acabara ali, dolorosa e lentamente com o deslizar de uma lâmina e Astrid teve que passar minutos observando a garota que sempre vivia fazendo piadas dar seu último e triste suspiro.

Não poderia deixar que Klaus saísse impune e, se nenhuma das outras iria fazer algo a respeito, a tarefa cabia a ela. Ao menos ganharia tempo para que Lupe pudesse sair dali.

— Espere. – ela disse, cerrando os punhos com força – Quer nos estudar? Tudo bem. Eu me voluntario.

— Como disse? – Klaus virou-se para ela com uma expressão surpresa.

— Não é isso o que quer? – ele assentiu lentamente – Vai ter. Solte minha amiga e o trato está feito.

— O que ela vai fazer? – sussurrou Bruce para Jude, que franziu o cenho.

— Não sei, mas confio nela.

— Garota, não... – Aurelia começou.

— Está tudo bem. – Astrid disse rispidamente.

Ela começou a caminhar lentamente em direção ao Colecionador e ele não a impediu. A lâmina dele a assustava e a cada passo sua cabeça doía mais, mas a jovem não parou até ficar frente a frente com o homem. Engoliu em seco: Não tinha ideia do que estava fazendo. Ele analisou-a da cabeça aos pés com uma expressão curiosa e satisfeita. Com um aceno de varinha, soltou Guadalupe. Jude fez um sinal para que ela fosse até eles, mas garota se limitou a ajoelhar aos pés da cadeira onde estava Isabelle e desatou a chorar silenciosamente.

Ellaria tocou o braço de Jude discretamente e olhou-a nos olhos para que ela pudesse ler sua mente. As duas pareciam estar em um tipo de discussão mental. Bruce olhava de uma para a outra com uma expressão confusa.

Guadalupe tentou arrastar o corpo de Isabelle, mas ela ainda estava presa a cadeira e, quando mais ela mexesse o cadáver, mais ele iria sangrar e coisas sairiam de seu estômago. Contudo, ela sabia que não podia ficar ali. Fechou os olhos da jovem com a mão direita e correu desajeitadamente até seus amigos. Jude a abraçou e logo depois Bruce, que depositou-lhe um beijo na testa e passou o braço em volta de seus ombros magricelas enquanto ela soluçava.

Klaus, totalmente atento à Astrid, pediu que Jim e Ivy trouxessem uma maca. Ele fez um gesto para que Trid deitasse e ela o fez sem pestanejar. Edmund guardou a faca de Klaus e Oliver trouxe um tipo de máquina de metal e empoeirada, cheia de botões, alavancas e fios coloridos soltos, provavelmente invenção do próprio Colecionador. Com alguns acenos de varinha conectou alguns dos fios a um tipo de capacete negro e de material resistente, colocando-o na cabeça loira de Astrid. Com a conexão, a máquina começara a fazer alguns sons bizarros e um pedaço de pergaminho saiu de um espaço estreito do lado esquerdo. Klaus puxou-o e sorriu com empolgação:

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Primeira transmissão da Eye1247k. Conseguimos. Ela ligou! – seus seguidores bateram palmas, visivelmente entusiasmados – Eu falei que funcionava, só precisava de uma delas. Muito bem, Astrid Black. Quais são os seus poderes?

— Eu posso falar com os animais. – ela disse prontamente.

— Só isso?

— Só.

Outro pedaço de pergaminho saiu da máquina e ele riu cinicamente ao lê-lo:

— Vamos, meu amor, não seja tão modesta. A velha Eye aqui me contou que você pode nos dizer muito mais.

— É só isso o que eu sei. Vai ver sua máquina é velha demais e está quebrada. – ela respondeu.

O Colecionador deu um suspiro impaciente e puxou uma das alavancas com brutalidade, fazendo com que uma descarga de choque percorresse pelo corpo de Astrid. Quando a onda chegou em sua cabeça e a fez gritar, ela concluiu que nunca havia sentido uma dor pior na vida.

Diga.

— Eu controlo o elemento terra. – e, depois disso, prometeu a si mesma que não revelaria mais nada.

A maquina emitiu mais um bilhete. Klaus o leu e voltou-se para a jovem:

— Muito bem, aos poucos vai colaborando. E o que mais pode me dizer sobre você ou as outras? Em que proporções essas habilidades podem chegar?

Ela não respondeu. Limitou-se a encarar Klaus que, em resposta a seu silêncio, puxou a alavanca novamente. Desta vez, ela cerrou os dentes com o impacto e tentou não gritar, mas sentiu que ia desmaiar.

— Responda, Astrid.

Pontos coloridos embaçavam a visão da garota que, em uma reação inesperada às duas descargas, começou a gargalhar:

— Vai ter que me dar mais um desses choques, não sei se entendi muito bem a pergunta.

O Colecionador já não sorria mais: Parecia que alguém havia conseguido tirá-lo do sério. Colocou a mão no bolso de Astrid e tirou de lá o espelho que havia enviado para as garotas mais cedo em Hogwarts. Esperou que a jovem parasse de tremer um pouco para que depositasse o objeto em suas mãos.

— Eu sou muito bom em interpretar pessoas, Astrid Black. E muitas delas, como você, só conseguem agir ou dar respostas quando são fortemente pressionadas ou, ainda melhor: Impulsionadas pela raiva. – ele começou a caminhar de um lado para o outro, colocando as mãos nos bolsos – Você deve ter descoberto por sua amiguinha loira que eu e Você-Sabe-Quem temos um tipo de aliança amigável. Nós não nos metemos um no caminho do outro e nos ajudamos ocasionalmente. Um de seus seguidores, uma mulher chamada Bellatrix Lestrange, me enviou uma de suas memórias mais recentes, de alguns minutos atrás, na verdade. Vamos ver juntos, sim? – e olhou para um de seus ajudantes – Loretta, a Penseira.

A mulher alta de cabelos castanhos presos em um coque aparatou e voltou em poucos segundos com um objeto nas mãos: Uma pequena Penseira, como Astrid já havia visto na sala de Dumbledore. Loretta entregou-a para Klaus e se retirou. O homem soltou Astrid e aproximou o objeto de seu rosto, deixando-o levitar em sua frente enquanto tirava do bolso das vestes um frasco com fios de cabelos negros. Jogou-os dentro do artefato e Astrid se viu dentro de uma visão do que havia acontecido, uma memória na cabeça de alguém.

Caiu no chão com um baque. Ao se levantar, rapidamente percebeu onde estava: Era o Departamento de Mistérios do Ministério da Magia, que ficava perto da sala de profecias onde tinha seus bizarros sonhos com Tom Riddle. Ainda meio atordoada, levou um susto quando um feixe de luz vermelha de um feitiço atravessou seu estômago e acertou a parede: Suspirou de alívio, lembrando-se que era apenas um fantasma ali.

Via vários Comensais da Morte aparatando e lançando feitiços. Reconheceu Harry, Hermione, Rony, Luna, Neville e alguns outros Membros da Ordem. A memória que Klaus a oferecera era a do lugar onde Harry estava lutando! Mas porque ele lhe mostraria algo assim?

No meio do local, havia um tipo de arco transparente que emitia uma névoa que era quase imperceptível, mas lhe dava calafrios.

Enquanto caminhava, encontrou Lupin e Tonks lutando com uma dupla de comensais. Seu coração disparou quando avistou Sirius Black ali, disparando feitiços rapidamente e lutando como o bravo guerreiro que era. Sua maior vontade era gritar “Ei, pai! Estou aqui! Estou tão feliz que está vivo... Deixe-me ajuda-lo!”, mas sabia que era inútil. Contudo, não pôde deixar de sorrir ao ver o pai.

Harry correu até Sirius para ajuda-lo: ambos lutavam contra um homem que Astrid reconheceu como Lucius Malfoy, o pai de Draco. Harry o desarmou com um feitiço expelliarmus e Sirius sorriu:

— Isso mesmo, James! – James? Astrid franziu o cenho.

Astrid, que estava atrás de Lucius, observava tudo com atenção. Eis que Malfoy desaparatou rapidamente e o que aconteceu a seguir fez o sorriso de Astrid instantaneamente sumir de seu rosto.

— AVADA KEDAVRA! - Uma voz feminina gritou e um feixe de luz verde atravessou o peito de Astrid, fazendo um arrepio percorrer sua espinha. Após passar por ela, o feitiço acertou Sirius em cheio.

Astrid não podia acreditar. Olhou para o pai com uma expressão de choque, sem saber o que acontecia. Enquanto mantinha uma conexão visual com Harry, Sirius foi envolvido pela névoa daquele arco bizarro e foi flutuando até que atravessasse o mesmo para não mais voltar.

Então Astrid olhou para trás e viu a mulher que havia acabado de assassinar seu pai: Ela era alta e magra, com vestes pretas, cabelos negros emaranhados e um sorriso sádico. Sem saber o que fazer ou dizer, caminhou até Harry, que parecia no mesmo estado que ela. Tocou seu rosto imóvel e seus dedos o atravessaram. Abraçou-o com toda a força do mundo e desatou a chorar, mesmo que ele não sentisse ou a visse.

— Não é culpa sua. – ela sussurrou enquanto soluçava.

Segundos depois, Harry começara a gritar e ela se afastou. Lupin correu até ele e o segurou com firmeza enquanto ele se debatia e fazia um escândalo, querendo soltar-se para pegar a tal Bellatrix. Astrid virou-se novamente para encarar a mulher desprezível com ódio, desejando que ela morresse da pior forma possível. Aquela mulher era um monstro.

Sentiu que a memória havia acabado quando seu corpo voltava para a maca. A garota estava atordoada e confusa, só sabia sentir ódio e uma repentina sede de sangue. Sua cabeça doía como nunca e ela teve de fechar os olhos e massagear as têmporas até que voltasse.

— E então, o que achou do show? – perguntou Klaus com um tom de humor na voz.

A garota respirou fundo e disse:

— Eu vou te matar, seu filho de uma puta. EU VOU TE MATAR!

E abriu os olhos.

Quando o fez, um feixe de luz cinzenta saiu deles e preencheu todo o local. A força da luz era tanta que estava quase a perfurar o teto e Klaus teve de tampar os olhos. A garota tirou o capacete e saiu da maca, enquanto o pó do teto que quase desabava caía sobre eles. Quando a luz parou de sair de seus olhos, eles apenas se tornaram brancos como cal. Ela segurou o Colecionador pelos ombros e empurrou-o na direção da maca, fazendo-o cair. Seus seguidores apontaram as varinhas para Trid. Aurelia, Jude, Lupe, Bruce e Ellaria correram até lá e apontaram suas varinhas para eles também.

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Trid aproximou-se o bastante para encará-lo profundamente e segurou-o pelas vestes. Ela queria mata-lo, ah, como queria. Aquele homem era desprezível e havia tornado a vida dela um inferno. Ela queria vê-lo queimar aos poucos, agonizando enquanto a vida deixava seus olhos. Queria perfurar seu peito com uma lâmina e assisti-lo sangrar enquanto gargalhava.

Contudo, algo a impedia de mata-lo de forma brutal e sangrenta ali mesmo. Ela repentinamente lembrou-se do porquê estava ali e porquê havia sido escolhida por Potens Summi: Para proteger a raça e os humanos de todos os males, para manter a paz na terra. Ela não podia assassiná-lo por prazer ou ficaria igual a ele. Astrid não fora escolhida para ser uma sádica.

Ela era uma heroína.

Estava com raiva e sede de sangue, mas algo dentro dela a preenchia de paz e esperança, fazendo com que se sentisse dividida e bizarra. Repentinamente, a luz de seu olhos se tornou branca. Era como se a mesma invadisse seu corpo e a impedisse de sucumbir ao ódio.

— Ainda há esperança para você. Renda-se.

— Você é uma gracinha. – Klaus disse com um sorriso doentio.

E para o espanto de todos, o homem simplesmente se transformou em um tipo de névoa áspera e escura que começou a preencher o local. A massa negra passou voando, derrubando todas as prateleiras do local e quebrando os vidros. Todos tiveram que tampar os ouvidos, mas Astrid estava tão possessa que não ligava nem um pouco para o barulho. Klaus não venceria daquela vez: Ninguém mais iria sofrer.

Ela se levantou e abriu as mãos. De dentro delas se formaram suas esferas de luz branca extremamente forte. Começou a flutuar até que conseguisse se manter na mesma altura em que Klaus estava em sua forma bizarra. Ela sorriu ao perceber como aquilo era fácil e leve de se controlar, como se aquela luz sempre fosse parte dela.

— Que porra é essa? – perguntou Jude.

— Sua mais nova habilidade. Lux persuasio é como se chama. – disse Aurelia, maravilhada – É um dos dons mais incríveis que já tive a oportunidade de ver.

Os amigos se entreolharam e repentinamente se sentiram esperançosos também.

— Vamos conseguir. – Lupe abriu um pequeno sorriso e Ellaria assentiu com a cabeça.

— Está pensando no que estou pensando? – Bruce perguntou para Jude.

A garota abriu um sorriso esperto e disse:

— É claro, bonitinho. Vamos botar pra foder!

Apontou a varinha para Jim e soltou seu primeiro feitiço.