Quando o corpo humano se encontra frente a uma ameaça, um suprimento de hormônios de emergência é descarregado no organismo. O mais importante deles é a adrenalina, que quando lançada no sangue, prepara o corpo para uma decisão que pode ser a diferença entre a vida e a morte: lutar ou fugir. E naquele momento, toda célula do corpo de Harry sabia que a única chance que eles tinham de sobreviver seria fugir.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Temos que fugir – disse Harry – Agora.

— Sim, também chegamos a essa mesma conclusão – respondeu Ron, nervosamente – Agora, se você tiver um plano, aí sim podemos conversar...

— Draco, Dobby não poderia ajudar? – Perguntou Lottie.

— Dobby precisa ficar na Mansão para recepcionar Bela e o Lorde quando chegarem – disse Narcisa, balançando a cabeça loura negativamente – Vocês poderiam tentar escapar pelo bosque, ou pelas masmorras...

— Não haveria tempo hábil para saírem da propriedade a tempo, mãe – interrompeu Draco – E mesmo que conseguissem, ainda estariam em território hostil.

— Então o que faremos? – Perguntou Ron, a ninguém em especial – Ficamos aqui e recepcionamos Voldemort, e aproveitamos para colocar as fofocas em dia com uma xícara de chá?

— Neville! – Exclamou Harry, subitamente, batendo o punho sobre a mão aberta – Ele ainda está com o artefato de Dumbledore!

— Que artefato é esse? – perguntou Narcisa, curiosa.

— Antes de eu me encontrar com Draco na Burgin e Burkes, Dumbledore me entregou uma espécie de bombinha – explicou Harry – Ele me disse que se eu me encontrasse em perigo, eu deveria explodir a bombinha, que ela me levaria a um lugar seguro.

— Deve ser a casa onde Dumbledore nasceu, em Saddington, no lago da reserva natural – disse Lottie – Dumbledore já deu algo parecido para o Sirius em uma missão, e ele foi parar lá.

— Pensei que Dumbledore tivesse nascido em Godric’s Hollow – comentou Draco.

— Ele se mudou para lá muito jovem, logo depois da prisão do pai dele – respondeu Harry, rapidamente – Mas isso não importa agora. Draco, você viu se o Neville deixou uma bombinha em algum lugar?

— Não, ela ainda deve estar com ele. Eu tentei convencê-lo a entrega-la para mim, como fiz com sua varinha, mas nada que eu dissesse mudou a mente dele sobre isso – disse Draco – Eu imaginei que deveria ser algo importante, porque ele não quis se desfazer dela.

— Então vamos ter que pegar na marra – disse Ron, fechando o rosto, e indo em direção a porta da biblioteca.

— Não sem um plano – disse Lottie, segurando o braço de Ron e impedindo que ele alcançasse a maçaneta de prata – Eu sei que Neville não é exatamente um gênio, mas ele é mal! Ele foi praticamente criado pela Belatriz, sem dúvida aprendeu uma coisa ou outra com ela.

— Ele... O que? – Exclamou Mione, olhando assustada para Lottie – Mas ela matou os pais dele!

— É uma longa história, Mione – interrompeu Harry – E quando nós sairmos daqui, Lottie poderá explicar tudo, mas agora temos que escapar. Mas não acho que teremos algum problema em pegar a bombinha de Neville, somos cinco contra um. Nosso maior problema seria ele estourar a bombinha e nós perdermos nossa rota de fuga.

— Não sei se seria sábio Neville ver duas Hermiones – disse Narcisa altivamente, e Harry virou-se na mesma hora para escutar o que ela tinha a dizer – A menos que matem Neville, ele contará tudo o que viu e ouviu para Belatriz e o Lorde, e dar ao inimigo a resposta de como Harry veio parar nesse universo não seria nem um pouco sensata.

— E porque não? – Perguntou Ron, frustrado pela demora.

— Porque Voldemort não demoraria para perceber que, assim como Dumbledore trouxe Harry de outro universo, ele poderia trazer outros bruxos das Trevas, ou até ele mesmo, para ajuda-lo – respondeu Mione, sabiamente, e Harry sentiu o estômago despencar ao imaginar na possibilidade.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Ok, mas o que faremos? – Disse Lottie, e Harry não deixou passar que a irmã estava torcendo os dedos, assim como ele fazia quando nervoso – O tempo não está passando menos rápido, e temos que fugir.

— Neville ainda está sozinho no Salão Branco – disse Draco, alisando o queixo pontudo – Ele é um bom duelista, mas não oferecerá trabalho se estiver em desvantagem. Talvez se Harry e eu...

— Tarde demais – disse Harry, sentindo o estômago embrulhar subitamente, e a cabeça ficar estranhamente pesada – Ele está perto.

— Ele quem? – Perguntou Lottie, com a voz abafada e trêmula, mas antes que Harry pudesse confirmar quem todos tinham em mente, uma batida abafada na porta foi ouvida.

O silêncio que se apoderou da biblioteca era tão denso que Harry tinha a impressão de ser capaz de ouvir a própria pulsação.

— É Neville – sussurrou Harry, com a boca seca, apertando tanto a varinha entre seus dedos que ficou com medo que ela se partisse – Deve ter vindo avisar que Voldemort está vindo.

— E o que fazemos agora? – Perguntou Hermione, tão branca que Harry ficou com medo que a garota desmaiasse a qualquer minuto.

— O rendemos e fugimos – respondeu Ron, levantando a varinha e abrindo a porta em um estrondo.

Tamanha foi a força usada no feitiço de Ron, que uma das dobradiças da porta se soltou e saiu voando, quase atingindo Neville em cheio.

— Que infernos... – Neville deixou escapar, mas antes de ser atingido pelo feitiço estuporante lançado por Lottie, ele havia sacado a varinha e feito um feitiço escudo que o protegeu – Ninguém escapa daqui. Deveriam saber disso. Cruc...

— Estupefaça! – Gritou Harry, antes que Neville pudesse terminar a maldição, e como dessa vez ele não conseguiu se defender do feitiço lançado por Harry, Ron, Mione e Lottie, seu corpo subiu vários centímetros para cima antes de cair pesadamente na parede em frente, com um barulho oco.

— Bem, acho que isso resolve nossos problemas – brincou Ron, guardando a varinha e agachando em frente ao corpo inerte de Neville.

— Isso só piora nossos problemas – disse Harry, a cabeça um pouco mais pesada – Precisamos levar Neville conosco.

— Você está louco? – Perguntou Lottie, encarando-o com os olhos verdes arregalados e incrédulos.

— Ele viu a mim e a Hermione dessa realidade, Lottie – disse Mione, e Harry acenou a cabeça satisfeito, mas nem um pouco surpreso, que a amiga tivesse tido o mesmo raciocínio que ele – E esse era nosso maior medo. Agora precisamos leva-lo como refém, para que ele não conte por aí o que viu.

— Não haverá necessidade de levarem reféns se o matarem – disse Narcisa, olhando com o canto dos olhos gélidos para o corpo desacordado de Neville.

— Não resolvemos nossos problemas desse modo, senhora Malfoy – respondeu Harry secamente, perdendo rapidamente quase todo o respeito que ele passou a nutrir pela mulher – Não quando podemos evitar.

— Então sugiro que vão logo, e mantenham os dois olhos nesse aí – respondeu Narcisa com igual frieza – Minha irmã não cria estúpidos e nem inúteis.

Com pressa, Harry lançou cordas finas da ponta de sua varinha que se enrolaram apertadamente nos tornozelos, joelhos e pulsos de Neville, e com um aceno de Hermione, o corpo do garoto inconsciente flutuou até o seu lado, e lá ficou, como uma marionete em tamanho real, com a cabeça tombada sobre o peito.

— Lottie, por acaso Sirius te contou sobre como essa coisa funciona? – Perguntou Ron, referindo-se ao artefato de fuga dado por Dumbledore.

— Você a estoura e diz uma palavra chave – respondeu Lottie, pegando Mione pela mão e aproximando-a de si e Ron – Então você é levado para algum lugar pré-determinado, como uma palavra chave. Por isso é muito importante estarmos juntos, e nos segurando bem... Harry?

Por uma rápida fração de segundo, Harry pensou que iria vomitar. Involuntariamente, seu corpo de dobrou ao meio, seus sentidos ficaram inúteis nos segundos seguintes e ele não soube dizer se o embrulho em seu estômago vinha da sua sensibilidade em sentir magia negra ou do medo. “Ainda não” pensou Harry, recompondo-se e passando a mão na testa suada “Ainda é cedo demais”.

— Ele chegou – disse Harry, sem se preocupar em ser discreto – Andem, juntem-se!

Hermione largou-se de Draco e correu para segurar o outro braço de Neville. Harry forçou as pernas a se impulsionarem para frente, correndo em passos largos a extensão da biblioteca, mas antes que ele conseguisse cobrir metade do caminho, algo fervente atravessou seu ombro, e jogou-o para trás.

— Sentiu saudades? – A voz fina e enjoativa de Belatriz pode ser ouvida antes que Harry a visse, no fim do corredor.

— Harry! – Gritou Lottie, desesperada, tentando se soltar para ir até o irmão, mas Ron impediu-a de sair de onde estava, e por isso Harry ficou imensamente grato.

Belatriz deu mais um passo em sua direção, mas na posição em que a mulher estava era impossível ela ver o que fosse dentro da biblioteca, o que deixou Harry minimamente aliviado. Seu ombro doía alucinadamente, mas ainda assim Harry se levantou, sentindo o cérebro trabalhar depressa, buscando de qualquer modo uma maneira de pelo menos tirar os amigos e o diário da mansão.

— Então a párea da Ordem veio te buscar? – Riu Belatriz, e embora seu riso ainda fosse mais controlado do que quando comparado com sua realidade, Harry não deixou passar desapercebido que desde que Voldemort a torturara, a mulher ficou muito mais parecida com a Belatriz que ele se lembrava – Meu Lorde ficará contente... Ele tem algumas perguntas para fazer.

— Tenho certeza que será uma reunião muito agradável – disse Harry entredentes, procurando ignorar o fato que havia um buraco em seu ombro e que Voldemort estava em algum lugar da mansão – Mas meus amigos vão ter que recusar.

— Eu não acho que eles possam recusar – respondeu Belatriz balançando a varinha na mão como uma naja negra faz com sua presa antes de atacar.

Harry já havia duelado com Belatriz e a visto duelar com outros bruxos vezes o suficiente para reconhecer o seu estilo e saber quando ela iria atacar. Defender-se, apesar do ombro ferido, não seria um problema. Entretanto, ele tinha seus amigos na biblioteca para se preocupar. Ele sabia que ele jamais chegaria até os amigos a tempo, mas também sabia que Ron não deixaria que ninguém saísse de perto da bombinha de Dumbledore a menos que Harry pedisse, e por isso ele não poderia ser mais grato ao amigo. Ele só precisava de cinco segundos, nada mais...

Mas com Belatriz, cinco segundos podem significar morte.

Entretanto, a outra opção seria esperar Voldemort aparecer para matar todos.

Não havia escolha.

— Ron – disse Harry, sem tirar os olhos de Belatriz – diga “amarelinha”.

— O que? – Perguntou Ron, e embora Harry não estivesse vendo o rosto do amigo, sabia que seu cenho estaria franzido e confuso e que Mione estaria levantando as sobrancelhas em sinal de compreensão. Ele só precisaria ser mais rápido que ela.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Diga – repetiu Harry, mais alto e urgente, ainda encarando Belatriz nos olhos, preocupado que ela fizesse algum movimento brusco, mas ela parecia satisfeita em simplesmente zombar dele até que Voldemort aparecesse – “Amarelinha”!

— Harry, nã... – disse Mione, claramente preocupada, mas Ron a interrompeu.

— Amarelinha! – Disse ele, em alto e em bom som, e esse foi o sinal que Harry precisava para agir.

Saltando para fora do raio de alcance de Belatriz, Harry jogou o diário de Riddle em direção a Lottie, que o segurou com a mão livre, e o rosto contorcido em uma interrogação. Ainda no ar, Harry girou a varinha em direção aos amigos, e com a mira adquirida nos anos de treinamento na Academia somados aos anos de treino de quadribol, Harry ordenou:

— Bombarda!

O feitiço atingiu a bombinha em cheio, no exato momento em que Ron terminava de falar a palavra chave. Um fogo escarlate e dourado emergiu de dentro da bombinha com uma grande explosão e envolveu todos os que estavam de algum modo conectados a ela, e Harry pode sentir a onda de calor queimar as pontas de seus cabelos enquanto caia. A explosão foi tão forte que as janelas da biblioteca se quebraram, o vidro se espalhou pelo ambiente, e as paredes em volta de onde estavam tremeram, mas quando o fogo diminui e se recolheu, Ron, Mione e os outros já não estavam mais lá, assim como a horcrux.

Harry levantou-se do chão coberto de poeira, com o ombro dilacerado, o braço com um corte considerável e um sorriso no rosto. Ela havia conseguido: tirara os amigos dali juntamente com a horcrux.

Mas seu sorriso rapidamente desapareceu, conforme a poeira baixava e a alta e imponente figura de Voldemort se tornava mais nítida.