3 de maio de 1998 (*). Para boa parte do mundo, o dia amanheceu como apenas mais um dia ensolarado, como se apenas horas antes uma batalha que decidiu o destino de todos não tivesse sido travada.

Mas enquanto os trouxas - pessoas não mágicas - continuavam suas vidas naquele domingo preguiçoso (**), a parcela mágica do mundo estava em festa. Ou pelo menos parte dela.

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Em algum lugar ao norte da Escócia, envolto por montanhas e uma enorme floresta, encontra-se um castelo. Ah, mas esse não é qualquer castelo. É claro que ele já havia tido dias melhores. Parte da floresta que margeava os seus jardins estava destruída, com pinheiros de três metros de altura caídos, arrancados da raiz naquela noite que passou. Escombros se amontoavam em vários lugares, inclusive dentro do enorme lago negro, onde sua moradora mais ilustre, a lula gigante que ali reside, retirava calmamente com seus enormes tentáculos algumas pedras que haviam caído nele. Paredes inteiras do castelo já não se encontravam onde deveriam estar, deixando que o vento caminhasse calmamente pelos corredores que ainda tinham as marcas das batalhas que aconteceram no dia anterior.

Mas todo esse ar de destruição não tirava a beleza do local, agora tão silencioso. Os corajosos bruxos e bruxas que sobreviveram se retiraram do local, tendo muito o que fazer. Alguns foram procurar entes queridos desaparecidos ou escondidos devido às ameaças sofridas, outros precisavam sepultar seus mortos, que não eram poucos. Havia ainda os trabalhadores da lei que foram caçar os que estavam do lado do tal Lorde e conseguiram fugir. Era um dia movimentado, agitado. Para quase todos.

Das centenas de torres e torrinhas que formavam o castelo, existe uma em especial, e é nela que começa a nossa história. Da janela dessa torrinha especial se enxerga a orla da floresta proibida. Não era a melhor vista que o castelo podia oferecer, mas era bela mesmo assim. Dentro daquela torrinha, em um ambiente circular, cinco camas de colunas ficavam dispostas. Era um aposento bonito, luxuoso, de paredes de pedra escura e chão de madeira nobre e lustrosa. A lareira crepitava calmamente com o resto da lenha que ainda soltava fagulhas no ar aquecido. Por sorte, essa torrinha específica não foi atingida, e nem a grande cama de colunas onde o único hóspede desse local ressonava.

Era um jovem bonito, de maxilar quadrado e cabelos muito negros que cresciam arrepiados para todos os lados. Estava machucado, com vários arranhões na pele visível, com um corte particularmente fundo logo abaixo do olho direito que certamente deixaria uma cicariz, mas o cansaço era tanto que atuava como uma poção para dormir, deixando o jovem inconsciente das comemorações e brindes em seu nome, que aconteciam naquele momento em todo o mundo bruxo.

Em nome do herói que venceu novamente, e para sempre, o Lorde das Trevas; Harry Potter, o menino – agora homem - que sobreviveu.