Antônio Resiliente era seu nome, se eu tivesse que associar uma lembrança qualquer com a imagem de um vitorioso, associaria com a de meu pai.

Por mais estranho que pareça, nada muito grandioso me remete-o, além da clara recordação dos seus momentos mais tristonhos.

Qual a ligação de vitória com tristeza? Enalteço tanto a imagem deste homem, pois mesmo nas derrotas da vida, ele sabia admitir que estava baixo, no chão, rastejando e não vestia uma máscara, meu pai era tão forte assim, pois escolheu ser verídico e a maior vitória é ascender sobre a viga que te força para baixo, num submundo de mentiras, consumismo e vicissitudes.

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Conheci tantos coronéis, mortalhas caladas e terras mofadas, meu pai era tão real que se morresse um dia, escreveria no epitáfio: “Morri”, não seria redundante, tantas foices funestas não passaram e deixaram um caixão de hipocrisia.

Queria viver um dia como ele, sendo sincero, pulando no escuro e iluminando as frestas do perdão. A questão que prevalece é o que me impede, o controle se fundiu a minha mão, a poltrona aos meus pés e nas paredes há tantas fotografias antigas, levanto e calmamente me dirijo à porta, encontro o rótulo: Comodismo.