Não sei, sou de exatas

Ângulos retos e parábolas


Nós deixamos o sarau vários quarteirões para trás. Você está andando ao meu lado.

É um dia quente, provavelmente passou dos 36 graus porque o vento que bagunça seus cachinhos e me empurra para trás não serve para nos refrescar.

Mesmo sendo um dia quente estou de bom humor.

Faz um tempo que começamos a subir.

E continuo de bom humor.

Antigamente, achava que nunca me acostumaria com os morros dessa cidade. Alguns são tão íngremes, mas tão íngremes que às vezes penso estar subindo por um cruzamento de ângulo reto.

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Não sou uma pessoa sedentária, mas minha respiração começa a se alterar e, pelo que percebo, não estamos próximos do fim da rua.

Demora bastante, mas chegamos. E quando chegamos ao topo do que eu julgo ser o pico Everest do Brasil, você também está arfando, mas sorri imensamente para mim.

Nem todo ar do mundo valeria seu sorriso, a mais bela das parábolas. Por ele seria capaz de reiterar todo percurso.

Você aponta para uma construção antiga, aparentemente abandonada, que se assemelha a uma igreja. Desconfio que a estrutura não suportaria muito mais, qualquer peso extra poderia a desabar.

Você me faz o favor de caminhar até lá.