Não sei, sou de exatas

Transferência de calor por convecção


Estamos subindo escadas cimentadas, porém velhas. Não acredito na estabilidade desse lugar.

Você vai à frente, confiante, sem saber o quanto detesto lugares fechados, empoeirados e em iminência de desabar.

Chegamos ao que me parece um sótão de filme de terror americano. O chão sujo contem marcas de pés.

– Você vem muito aqui? – pergunto.

– Sim.

– E sempre traz pessoas pra cá também?

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Não é minha intenção parecer ciumento. Você me encara com as sobrancelhas arqueadas e percebo que aquilo não é da minha conta. Mesmo assim, o sentimento ácido se espalha por meu peito.

– É a segunda vez. A Lorena já veio.

“Lorena”.

– E ela sabe de você, ela já tinha te visto me secando.

Estou envergonhado. Isso que consigo ao antepor suposições antes de ter todas as incógnitas.

Você não está irritado, pelo menos. Gesticula para que eu te acompanhe até um dos vitrais quebrados.

Através da janela nós podemos ver toda a cidade.

Eu assobio, admirado.

– Venho aqui para pensar – você diz. – Esses dias, eu pensei em testar uma coisa.

Então pisco e você está muito perto, tão perto que posso sentir o ar quente de sua respiração. A transferência térmica acontece por convecção. Eu entreabro a boca.