Lumos! Interativa

Quadros e Flertes


— Você tem certeza sobre isso?

— É lógico que eu tenho certeza! Eu sempre tenho certeza de tudo o que falo!

Glen observou sua companheira de cima, mostrando seu habitual ceticismo com relação às tantas certezas que ela afirmava ter. Desde que firmara amizade com Alana, aqueles olhares tornaram-se frequentes entre ambos.

Um mês após o jogo de Grifindor, e a dupla ainda debatia sobre praticamente tudo. Naquele exato instante, porém, a jovem integrante da Corvinal tentava convencê-lo a deixá-la ver suas pinturas. Ele ainda lamentava o fato de confiar a ela sua maneira de passar o tempo quando não estava cuidando do castelo. Irritava-o ainda mais a razão de estar reticente quanto ao pedido dela.

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Ele passou as mãos pelos cabelos, em um tom forte de roxo – fruto de outro feitiço de Cateline – e suspirou, pensando em desculpas para dizer. Não encontrou nenhuma decente. — Eu não pinto tão bem assim, nem ao menos é algo digno de ser visto.

Uma meia mentira, afinal ele tinha orgulho das próprias obras, embora não soubesse se poderiam cativar outras pessoas. Simplesmente gostava de mantê-las para si mesmo. Pintar era a sua forma de aliviar a frustração e ocupar a mente, entrar em um mundo mágico onde fora negado ao nascer. Era grato aos fundadores por terem deixado-o habitar na escola, lógico, mas apenas quando misturava a tinta e usava-a para criar linhas sobre a tela, era que se sentia realmente parte de algo maior.

— Deixe de ser tão mesquinho! — ela fez um biquinho, cruzando os braços. — E não deve ser tão ruim assim! Deixe-me ver, deixe-me ver, deixe-me…

— Caramba, você não desiste?

— Desistir? Nem sei o que significa, isso é de comer?

— Haha… engraçadinha. — ele riu por um tempo, e deixou seus ombros vergarem. — Tudo bem, se você insiste tanto assim.

— Prometo não rir se forem muito ruins! — ela deu pulinhos de alegria, por pouco não tropeçando e indo ao chão. Glen apressou-se em agarrá-la pelo cotovelo até que readquirisse seu parco equilíbrio. Ele absteve-se de afirmar o quanto isso era o que menos preocupava-o. — E como compensação, vou te levar a um lugar bem legal!

— Imagino que seja incrível mesmo, com seu péssimo senso de direção deve encontrá-lo uma vez por ano. — implicou, colocando uma mão nas costas dela para fazê-la andar adiante e adicionando em seguida, com um ar mais sério. — Tente não se perder de mim, tudo bem?

— Sim, senhor!

E seguiu pelos extensos corredores, com uma Alana absolutamente satisfeita andando bem ao seu lado. De vez em quando precisava segurá-la para que não caísse, isso quando ela não derrubava ambos no chão – o que aconteceu três vezes. Ainda assim, de alguma forma, conseguiram chegar ao aposento particular do rapaz, localizado no porão, no mesmo nível do dormitório dos lufanos.

Assim que Glen abriu a porta, os olhos de Alana passaram a brilhar. Não pelo quarto, afinal era tão simples que não havia nada a dizer sobre ele… até mesmo a mobília era pouca, resumindo-se em uma cama, uma escrivaninha e os um cavalete. A luz vinha de uma janela extensa, dando ao rapaz a luminosidade necessária para que pintasse, embora a menina tenha notado um castiçal elegante fixado a parede mais próxima de sua mesa.

O que mais chamava a atenção eram as telas, inúmeras delas, espalhadas pelo aposento. Havia rabiscos, desenhos em preto e branco e verdadeiras obras de arte coloridas. Alana percebeu que as paisagens predominavam, e imaginava que Glen usava seu tempo livre andando pelo terreno da escola, capturando cenas belíssimas.

— Feche a boca, está me deixando constrangido.

Ela automaticamente fez o que ele pedia, nem lembrava quando tinha entreaberto os lábios. Depois de vislumbrar aquilo tudo por algum tempo, a cabeça virando de um lado para o outro sem saber em que prender sua atenção, conseguiu finalmente expressar seus sentimentos. — É tudo tão bonito… você realmente tem um dom maravilhoso, Glen!

Ele tirou os olhos momentaneamente dela para murmurar um “obrigado” tímido, arrependendo-se de tal postura logo depois. Ao reerguer a cabeça, viu-a tocar com delicadeza um dos painéis que havia criado para manter ocultas algumas outras pinturas. Como esperado, o acessório desprendeu-se da parede, e ela precisou agarrá-lo com força para que não caísse. O que deixou-a frente a frente com seu próprio rosto.

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Eram ao todo seis retratos, a maior parte em esboço, um devidamente colorido e assinado. Os dois permaneciam paralisados, Alana encarando as pinturas de cima a baixo, com os olhos arregalados, enquanto Glen amaldiçoava-se por ter subestimado a falta de jeito dela. Uma gotinha de suor desceu da testa dele, e ele moveu-se para enxugá-la, engolindo em seco.

Ela achou… ela achou, ela achou, ela achou, oh, meu Deus, como sou idiota!

— Essa sou eu?

— Hum… é… pois é, então, sobre isso…

— São lindos! — ela deu meia volta para observá-lo, um sorriso mais quente que o sol estampado em seu rosto.

O coração dele falhou uma batida.

— Er… não está zangada ou algo do tipo? Não vai gritar e sair correndo como se eu fosse um doente? A propósito eu não sou, é que você tem… ãh… uma ótima estrutura óssea.

— Uma ótima estrutura óssea?

— Sim…

— Quer dizer que você me acha bonita?

Ele sentiu o sangue subir ao seu rosto tão rápido que poderia ter ficado tonto. Adoraria arranjar um lugar para enfiar a cabeça, será que a tal Sala Precisa aparecia para abortos? — Hum… sim… um pouco.

Em resposta ela apenas riu, docemente. Sua cara deveria estar mesmo ridícula. — Que coincidência.

Glen deu uma risada nervosa. — O que é coincidência?

— Eu… — deu uma pausa, seus olhos claros vendo algo perto da perna dele. — Ora essa, Vega, quantas vezes mais pretende me deixar preocupada? — ela pôs as mãos nas cadeiras, e Glen franziu o cenho, virando a cabeça para enxergar com o quê a moça falava. Ao ver uma gata balinês, tudo fez sentido… aparentemente o animalzinho tinha fugido da dona pela enésima vez, aquilo nem era mais novidade, mas Alana ficava nervosa sempre que acontecia. Ela diminuiu a parca distância que havia entre os dois e agachou-se para pegar o bichinho, que aninhou-se contente em seu colo.

— Acho que está na hora de irmos… logo tenho de voltar para as minhas tarefas, e você tem aulas também, não é?

— Ah, é, verdade! Obrigada por me lembrar!

Ela esqueceu mesmo!?

— De nada. — ele esperou-a sair do quarto para voltar a entrar no mesmo, apoiando-se no batente. — Até mais tarde.

— Até mais. — ela ensaiou um movimento de corrida, mas parou na metade e endireitou o corpo para observá-lo mais uma vez. — Ei, Glen. Da próxima vez, vou te levar àquele lugar especial, tudo bem?

— Que tipo de lugar é?

— Não vou dizer, é uma surpresa!

Ele fez uma careta, rezando para que suas batidas de coração não estivessem tão altas quanto pareciam para si mesmo. — Tanto faz. E não corra, ou vai acabar se machucando… e a gata também!

Alana mostrou-lhe a língua, deu-lhe as costas e começou a andar calmamente, Vega ronronando feliz em seu colo. Glen murmurou uma dúzia de imprecauções e dirigiu-se ao painel para recolocá-lo no lugar, não sem ficar um bom tempo encarando os esboços que fizera da garota antes de escondê-los. Suspirando, ajeitou tudo como deveria estar e deixou o quarto, batendo a porta atrás de si.

X-X

Na Sala Comunal da Lufa-Lufa reinava a balburdia de sempre, com seus numerosos alunos brincando, brigando e importunando-se como acontecia todos os dias. Max contava vários feitos mitológicos de Apolo, o deus grego do Sol, para um aglomerado de companheiros que sentavam-se ao seu lado. Dimitry dormia em um dos cantos, usando uma obra qualquer apenas para cobrir o rosto – independente do barulho ao seu redor. Anastácia esforçava-se para ler um dos livros que Max lhe emprestara – sobre deuses egípcios – encolhida numa das poltronas.

Como se a bagunça não fosse suficiente, duas figuras que não deveriam estar ali adentraram o recinto sem cerimônia alguma. O primeiro, Ian, gesticulava impacientemente para a segunda, Katherine, enquanto gritava com ela. — Vamos resolver isso de uma vez por todas, e ai você vai fazer o que eu mandar pelo resto do ano!

— Ha, pobrezinho, acho melhor acordar pra vida, está sonhando alto demais.

O barulho parou imediatamente, todos os integrantes da sala observaram os recém-chegados. Então uma boa parte das meninas gritou escandalosamente o nome de Ian, enquanto os rapazes suspiraram por ver Kat. Uma parte menor de ambos os gêneros bufaram com antipatia. Max saudou-os com um aceno de mão, Ani sorriu timidamente e Dimitry não fez mais que erguer o livro momentaneamente para observar quem havia chegado, pondo-se a abaixá-lo logo depois.

— Viu só? Eu disse.

— Argh, você não sabe contar também, pelo visto.

— Quem não sabe contar aqui, garota!?

— Er… — Max interrompeu, levantando uma sobrancelha. — Sabem como eu detesto apartar uma briga entre os dois, mas podem me dizer o que está acontecendo desta vez?

— Sobre o que estão discutindo? — perguntou Ani, fechando o livro que lia.

— Aposto que estão debatendo quem tem mais fãs. — murmurou Dimitry baixinho, para ninguém em especial.

Os dois pararam de trocar olhares furiosos para focarem-se nos amigos. Katherine fez um sinal para que eles os seguissem para fora da sala, ao passo que Ian apoiou ambas as mãos na cintura. — Precisamos falar com vocês sobre algo especialmente sério. Vamos!

— Bem, se você diz. — Max foi o primeiro a levantar-se e se aproximar.

— Mas a leitura estava tão interessante… — choramingou Ani, arrastando os pés e abraçando o livro.

— Não se preocupe, não precisa ter pressa em me devolver.

— Er… mesmo assim…

— Dimitry, até quando você vai continuar dormindo ai? — protestou Kat, seus olhos ferinos brilhando de insatisfação ao reparar que o rapaz nem se mexera.

— Para sempre, de preferência.

— Levante-se e venha nos ajudar!

— Eu não quero ajudar ninguém, considerem que estou amaldiçoado a dormir por toda a eternidade, a menos que ganhe o beijo de amor verdadeiro que me libertará.

A sonserina abriu um sorriso malicioso. — Se você quer um beijo, eu vou até ai e resolvo isso.

— Meu sonho de dormir para sempre vai se realizar. Uhu!

Ani pôde jurar que ouviu os suspiros de inveja quando Katherine, revoltada, foi até o rapaz deitado e agarrou-o pelo colarinho, tentando beijá-lo a força como algum tipo irracional de vingança, ao passo que Dimitry usava a mão para afugentá-la dali.

— Sai… Katherine, saia de cima de mim! — ele pôs a mão espalmada para que ela beijasse no lugar de sua boca. — Certo, venceu, estou me levantando! Garota louca…

O grupo deixou a sala depois disso, ouvindo os cochichos que logo deram lugar ao barulho usual. Ian reclamava com Kat, alegando que ela estava tentando ultrapassá-lo fazendo pontuações antes da hora.

— Pontuação? De que estão falando? — Anastácia recostou-se na parede, trocando olhares entre um e outro. Dimitry rapidamente elegeu seu ombro como um bom travesseiro e logo tinha deitado a cabeça nele. — Dim, você é pesado!

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— E seu ombro é confortável, não me culpe.

— Do que mais poderíamos estar falando? — Katherine respondeu finalmente, erguendo o queixo, com sua atitude superior habitual. — É sobre a minha competição com Ian para saber quem é o mais desejado de Hogwarts.

O trio de lufanos observou os dois competidores de cima a baixo. Max deixou-se cair sentado e logo depois rolava pelo piso de tanto rir. Ani soerguera suas sobrancelhas e entreabrira os lábios, tentando buscar palavras para dizer, mas não encontrando nenhuma. Dimitry franziu o cenho, estreitando os olhos avermelhados. — Sério mesmo que me acordaram pra isso!?

— É um assunto muito sério. — retrucaram em resposta, praticamente ao mesmo tempo.

— Uau, isso é… muito empolgante.

Anastácia balançou a cabeça para sair de sua estupefação. — Tenho até medo de perguntar, mas como pretendem competir?

— Beijando todos os interessados. — Ian alegou, como se fosse uma resposta óbvia. — Mas como nenhum de nós confia no outro pra contabilizar, precisamos de vocês como… hum… juízes.

— Eu passo. — Dimitry bocejou, levantando uma mão e fazendo menção de voltar para a Sala Comunal, antes de ter seu braço segurado por Katherine.

— Ah, você não vai a lugar nenhum, querido.

— Me dê um bom motivo pra eu participar dessa coisa sem sentido.

Talvez Ian e Kat pudessem até admitir que aquela era uma mera forma de fazer com que se divertissem, desde o desaparecimento de Ana que aqueles três estavam um pouco mais retraídos que o normal. Mas é claro que, considerando a rivalidade longa entre a sonserina e o grifinório, aquilo era apenas um dos motivos, e ambos nunca falariam tal coisa em voz alta.

— Você pode ser o primeiro da minha lista!

— Eu disse para me dar um bom motivo. — ele uniu as sobrancelhas. — E não quero um beijo seu.

— Tolice, todo mundo quer um beijo meu.

— Francamente. — Dimitry bufou, desvencilhando-se dela para voltar a recostar-se na parede, ao lado de Ani. — Eu participo, se me deixar em paz.

— Me parece ótimo. — Katherine piscou os olhos verdes, sedutoramente. — Não quer mesmo ser o primeiro?

— Não…

Max, que havia conseguido recuperar-se do ataque de risos e já colocava-se de pé com o apoio de Anastácia, passou as mãos pelas vestes para limpá-las e sorriu, ainda rindo um pouco. — Isso vai ser muito inútil, mas muito engraçado. Eu topo!

— Isso é errado de tantas maneiras que não consigo nem enumerá-las. — a lufana disse, cruzando os braços. — Ian, como você acha que vai conquistar a Lottie fazendo essas coisas?

O ruivo jogou os longos cabelos para trás, encarando Anastácia. — De que está falando? Eu flerto com Charllotie como flerto com qualquer outra garota, não tenho nada com ela. — mesmo dizendo isso, seus dentes trincaram. Ani achou aquilo um tanto suspeito, mas preferiu deixar pra lá.

— Tanto faz, mas eu tenho uma condição. Nada de ficarem iludindo as garotas e os garotos, apenas peçam os beijos e quem quiser vai dá-los.

— Ahn, que tédio… — Kat resmungou, ao mesmo tempo que Ian fez uma careta de desgosto.

— Tá, tá, é justo! — concordou por fim, espalmando as mãos. — Então, Ani… posso começar com você?

A menina ruborizou-se de imediato. Começou a fazer um monte de gestos sem significado algum, antes de deixar suas mãos caírem rente ao corpo e alegar num sussurro tímido. — Eu não beijo qualquer pessoa.

Ian e Kat trocaram olhares. — Ela obviamente nunca beijou ninguém.

— Com toda certeza.

— Significa que quer fazer isso com alguém especial.

— Possivelmente está apaixonada e…

Anastácia reparou que agora todos olhavam para ela, até mesmo Dimitry, com seu jeito meio dormindo, meio acordado de sempre. Encolheu-se em direção a parede, como se fosse um fantasma e pudesse atravessá-la.

— Você está mesmo gostando de alguém, Ani? — Max questionou, perto demais dela. Sentiu o rosto queimar de constrangimento, uniu as mãos abaixo na altura do peito e falou, um pouco mais alto do que esperava – na verdade, quase gritando:

— Isso não é da conta de ninguém! — fez uma pausa, percebendo que havia fechado os olhos. Quando voltou a abri-los, notou surpresa nos olhares do resto do grupo. Não entendeu muito bem a expressão meio decepcionada de Max, mas tinha que mover a atenção para longe dela mesma, o mais rápido possível. — Er… o que estão esperando? Vão à luta… à caça… enfim, vocês entenderam.

— Relaxe garota, estamos apenas brincando com você. — Katherine revirou os olhos, sorrindo um pouco. — Bom… acho melhor nos dividirmos, não? Garotas para um lado, rapazes para o outro?

— E nos encontramos no final do dia. — complementou Ian. — Que vença o mais desejável!

— Já sabemos quem será.

Os dois se olharam uma última vez, faíscas dançando de um para o outro. Então giraram nos calcanhares e marcharam para lados opostos, seus juízes respectivos seguindo-os segundos depois, não muito confiantes de que aquela era uma boa ideia.

X-X

Connor andava pelos corredores de Hogwarts sem prestar muita atenção no que acontecia ao redor. Aquilo era normal para ele, o rapaz facilmente se perdia em pensamentos, e não era novidade vê-lo vagando sem rumo pela escola, quando não estava em aula ou fazendo algo relevante. Ele tinha em mente que a aula de Herbologia com Helga começaria em pouco tempo, e como era uma matéria que gostava, dificilmente se atrasaria para a mesma.

Não percebeu que parara no meio do caminho, os olhos sonhadores focalizados nas extensas janelas que deixavam o sol entrar. Uma chuva de meteoros aconteceria dali a alguns dias, e ele não queria perdê-la de forma alguma. A dois anos, quando fizera treze, seus pais aproveitaram o período sem aulas para levá-lo a um campo aberto, e foram juntos que vislumbraram aquele fenômeno fantástico, riscos cintilantes rasgando o negro pontilhado.

Aquela memória marcara-o profundamente, tanto que era a própria que ativava seu patrono. No ano anterior, Connor fora incapaz de ver a chuva, mas desta vez ele estaria preparado. Pensara em chamar Alana para acompanhá-lo, não que tivesse interesse pela amiga pequena e atrapalhada, mas sabia que ela amava os assuntos do céu tanto quanto ele.

Foi enquanto ele sonhava acordado, as mãos enfiadas nos bolsos – afinal odiava seu tamanho avantajado – que Connor sentiu. Ele não percebera a aproximação da pessoa, obviamente, e foi surpreendido com mãos macias e delicadas que envolviam seu rosto e…

Um beijo.

Nos lábios.

Espera…

Seus olhos desceram para encarar Katherine, que colocara as mãos na cintura e sorria descaradamente. Ani estava mais atrás, olhando de um para o outro absolutamente chocada. — Katherine! Eu disse para pedir, não para roubar!

A sonserina balançou a mão. — Isso não é importante!

Connor franziu o cenho, dando de ombros. — Tá, né… — e continuou seu caminho, como se absolutamente nada tivesse acontecido. Também ignorou a discussão que iniciou-se atrás de si, Anastácia alegando que aquilo não contara e Kat argumentando qualquer coisa em sua defesa.

Um beijo dificilmente o abalaria, a menos que a menina que o desse abalasse-o antes. E para alguma coisa tirá-lo de sua zona de conforto, precisava ser muito interessante. Não que Katherine fosse desinteressante, só não era o tipo dele – e, pensando bem, nunca imaginara que “tipo” ele teria.

Foi assoviando baixo que ele manteve o passo, apressando-se para a aula de Helga.

Afinal, plantas faziam mais sentido para ele do que garotas… e não se sentia frustrado por isso.

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Alana