A Esposa do Século

Capítulo 12


Capítulo 12

Palavras flutuam como uma chuva sem fim em um copo de papel
Elas se mexem selvagemente enquanto deslizam pelo universo
Um monte de mágoas, um punhado de alegrias
Estão passando por minha mente
Me possuindo e acariciando

The Beatles - Across The Universe

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Katherine não sabia como prosseguir. Ela, como todo mundo que sabia sobre Elena ser quase sua cópia, tinha suas teorias sobre como isso aconteceu.

A primeira vez que se encontraram não foi no banheiro da boate, pelo menos não para a cacheada.

Era um dia chuvoso e seu carro acabou quebrando no meio da rua. Não era uma opção sair, já que estragaria toda sua produção de duas horas. Ela queria gritar aos céus, e para completar toda a merda, seu celular não tinha sinal.

Não era um lugar isolado, afinal Katherine tinha pavor de lugares assim. Paranoica do jeito que apenas ela sabia ser, ela imaginava que acabaria sendo sequestrada e morta em um lugar assim.

Sem opção, ela saiu do carro com o casaco – de grife, um dos mais bonitos que ela tinha – sobre a cabeça, tentando tardar o momento em que ficaria encharcada. Ela correu com cuidado para que não caísse sobre os saltos, mas como uma dama que ela era, o fez com êxito. Ela foi até um restaurante e entrou. Ninguém estranhou ver uma mulher molhada entrar ali, mas os funcionários que já a conheciam estranhou vê-la ali. Ela já não havia entrado há dez minutos?

Ela ignorou os olhares confusos – que como uma boa observadora que era, não passou despercebido por ela – e foi até uma mesa que a dava a visão de todo o restaurante. Ela pediu apenas uma torta e sacou o celular no bolso, com rapidez discou o número do irmão adotivo.

– Elijah? – Sua voz saíra arrastada, quase manhosa, fazendo o homem sorrir do outro lado da linha.

– O que houve? – Ele perguntou, sereno como sempre. Katherine sempre se perguntou como ele conseguia manter-se assim o tempo todo.

– Meu carro quebrou, eu estou no restaurante Splendido. Você pode vir me buscar?

– Quebrou ou você o deixou sem gasolina novamente? – Ele debochou risonho. Katherine revirou os olhos.

– Claro que não – Ela disse, rápido demais na verdade, depois ponderou – Talvez... mas de que isso importa? Venha me buscar ou mande alguém, e não demore, estou impaciente.

Ela desligou a chamada na mesma hora.

Katherine sabia que Elijah era seu irmão, mas nem sempre ele foi seu irmão. Quando ela tinha cinco anos, eles brincavam juntos e apenas como amigos. Ele era filho de um antigo amigo de seu pai, e quando seus pais morreram em um acidente de carro, sua mão, Isobel, se compadeceu e adotou o menino, que possuía apenas dez anos na época. Elijah sempre foi carinhoso com Katherine, e muito grato aos pais da menina que deveria considerar como uma irmãzinha.

Mas ambos não conseguiam. Cresceram unidos, como se verdadeiramente compartilhassem do mesmo sangue, mas isso era apenas o inicio de um grande amor.

Katherine se recriminava todos os dias, sabendo que sua mãe nunca aceitaria aquilo, não do jeito como ela se importava mais com riquezas e a opinião dos outros do que a própria filha. Katherine sabia que não podia julga-lo, e admitia ser uma garota mimada e mesquinha, mas criada como ela fora, era impossível ser diferente.

E por todas essas coisas, ela tinha que abrir mão de seu amor, e casar com um homem desconhecido. Por capricho, por dinheiro, por mero interesse.

Enquanto comia sua torta ela observava o restaurante. Ele estava cheio, já que era meio dia, mas um grupo de amigos lhe chamou a atenção e a fez arquear a sobrancelha em curiosidade. Aquele grupo conversava animadamente enquanto almoçavam.

Eram quatro garotos, e três garotas. Perfeccionista como era, Katherine primeiramente observou os rostos dos homens. Um deles a chamou a atenção, ele era lindo, com cabelos quase loiros, olhos verdes e lábios carnudos, percebeu, mesmo com uma mesa de distância, seu sotaque britânico, mas ao ver a garota loira de cabelos cacheados beijar seu pescoço alvo e encostar sua cabeça no ombro dele, Katherine revirou os olhos, bufando.

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Os outros garotos eram apresentáveis, mas não o suficiente para chama-lhe a atenção. Ela percebeu como a garota de pele escura e cabelos curtos era bonita, ela estava de mãos dadas sobre a mesa com o garoto branquinho de cabelo espetado.

A terceira garota ela não via o rosto, mas estranhou, ela era a única que não estava tão animada assim. Foi quando ela se levantou, mostrando o quanto era magra e alta. Seus cabelos castanhos eram lisos e ia até sua cintura. Katherine pensou que ela precisava de um novo corte, quem sabe repicar, combinaria com ela, ou ela achava, pois até então não via seu rosto.

Foi quando a morena se virou, e Katherine arfou, pois ela via aquele rosto toda manhã no espelho. Ela conhecia aquele rosto há vinte e um anos. Como aquela estranha poderia ser sua cara?

O coração de Katherine estava acelerado e suas mãos soavam, mesmo ela estando molhada. Por instinto, ela se encolheu na cadeira e colocou o cardápio na frente do rosto quando a mulher passou ao seu lado.

Esse foi o primeiro contato delas. Como qualquer pessoa normal, Katherine passou dias perturbada. Seriam gêmeas? Mas sua mãe não teria motivos para abandonar uma filha, mas essa era a única explicação plausível. Já que não acreditava naquela teoria estupida de que existiam mais pessoas idênticas a si espalhadas pelo mundo.

Ela pensou em perguntar a sua mãe, mas vendo como a mulher andava estressada achou melhor não. Ela pensou em falar com Elijah, mas achou que talvez ele a jugasse como louca. E louca Katherine não era, ela realmente viu aquela mulher idêntica a si.

Foi quando veio a notícia de que dali a dois meses, Katherine se casaria com Damon Salvatore. Ela não queria de jeito nenhum se casar com aquele homem. Em todas as vezes em que se encontraram, Katherine o julgou como um metido arrogante.

Enquanto pensava jogada em sua cama certa noite, ela teve uma brilhante ideia.

Durante um mês inteiro, ela observou Elena, descobriu toda sua ficha e dia-a-dia, Katherine praticamente se tornou sua sombra sem ela saber.

Quando descobriu que ela iria a boate de seu noivo, não pensou duas vezes. Anunciou ao gerente do clube e exigiu entrada vip, já que era noiva do dono daquele lugar. Não precisou de muito e estava dentro, e sabia que logo, logo Elena também estaria.

Katherine podia perceber muitas diferenças entre as duas. Na verdade, a única coisa em que se pareciam, era a aparência mesmo, já que possuíam personalidades tão distintas.

Ela viu a outra ir ao banheiro, e sorrateiramente a seguiu. Elena lavava as mãos olhando para baixo, enquanto Katherine se prostrou ao seu lado com um sorriso de canto. Foi quando Elena levantou o olhar, e ficou chocada, pois ao seu lado estava sua cópia.

Como ela mesma, Elena também ficara chocada, mas não deu tempo de a morena lhe indagar algo e foi embora.

Quando a encontrou novamente, disse o que queria, como queria se aproveitar daquela situação. Mas claro, não disse seu real motivo.

Katherine não queria se casar com o arrogante Damon, mas com certeza ela queria o dinheiro, por isso não fugiria, mas uma vez casada, quando que ela teria oportunidade para investigar o porquê de Elena se parecer tanto com ela?

Por isso, logo quando Elena aceitou se passar por ela, Katherine começou sua busca a verdade.

Ela começou procurando os ultrassons de quando ainda estava na barriga de sua mãe, mas em todos mostravam apenas um bebê. Depois ela foi nos hospitais da cidade e chiou tanto ao ponto de convencer a recepcionista a mostra-la todos os nascimentos que ocorreram no mesmo dia que o seu.

Mas naquele dia, havia apenas ela de menina, todos os outros foram meninos. Ela procurou alguns médicos e lhes questiono. Foram dias andando e andando em busca do porquê. Mas tudo que encontrou foi um grande não.

Até que ela percebeu que só procurara em volta de si, mas a doce Elena possuía uma família, bom, pelo menos sua vó deveria saber de algo.

Decidida, ela foi até o hospital. Se identificou como Elena Gilbert, e claro, ninguém contestou, muito menos pediu documentos, já que já estavam acostumados a ver a garota ali, mas nunca a viram tão bem arrumada como naquele dia.

Katherine seguiu pelos corredores e bateu na porta duas vezes. Após receber a confirmação da enfermeira, ela entrou. A morena olhou para a moça que trocava o soro, e com a voz fria ditou:

– Saia.

A moça tomou um susto e se virou. Era Elena, mas por que ela parecia tão diferente? Já estava acostumada a recebe-la e Elena nunca a tratara com tanta arrogância. Quase magoada, a enfermeira loira saiu do quarto, deixando avó e neta sozinhas.

Dona Helena observava tudo aquilo confusa. Sua neta não era daquele jeito, sua neta era gentil e doce, foi quando, ao olhar nos olhos castanhos que estava acostumada a ver, Helena percebeu que aquela não era sua neta. Ela arfou, tentando controlar os batimentos do coração.

Para sorte de Katherine, Dona Helena estava em um de seus poucos momentos lúcidos.

– Você não é a minha neta – Disse Helena, com a voz fraca.

– Como não? Por acaso existe outra de mim, vovó? – Sua irônica era palpável. Naquele momento ela soube que agora acertara em cheio. Ela saberia a verdade, e tudo viria da boca daquela velha.

– Onde está minha neta?

– Provavelmente casando. Ele é um homem muito rico, não se preocupe – Katherine riu, se sentando no banquinho ao lado da cama hospitalar – Você sabe que eu não sou a Elena, e eu quero saber como isso aconteceu. Eu quero a verdade.

– Quem é você? – Helena sentiu as lágrimas escorrer por suas bochechas. Nunca imaginaria que em sua vida encontraria aquela garota.

– Meu nome é Katherine – Respondeu – Elena está se passando por mim em troca de pagar esse muquifo que vocês chamam de hospital.

– Vocês se conheceram? Oh meu Deus! – Helena não conseguia mais se controlar e logo estava chorando, as mãos enrugadas tentando estancar as lágrimas.

– Sim, e acredita, nós duas estamos bem chocadas em sermos tão parecidas. Somos gêmeas, não é? – Katherine indagou, vendo a senhora na cama assentir freneticamente – E de quem somos filhas, da minha mãe ou da mulher que criou Elena?