Capítulo 13

Tenho que continuar andando
Eu tenho que seguir andando

Deixe-me dizer a todos vocês
Eu estou tão cansado
Mas eu não posso perder o meu tranco

Michael Jackson - 25 Miles

– Você é realmente imprudente, uma garota não deveria estar caminhando sozinha a essa hora.

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Virei-me completamente surpresa, vendo o único homem que poderia ser tão cordial e cavalheiro daquele jeito. Foi inevitável sorrir para ele.

– Achei que você fosse o último a se importar comigo – Eu disse, com um pequeno sorriso de contentamento se formando em meus lábios.

– Eu estava... nervoso, naquele dia – Elijah colocou as mãos nos bolsos da calça e se aproximou. Caminhamos lado a lado.

– Eu sinto muito – Eu disse, abaixando a cabeça.

– Eu acho que você não tem porque se desculpar, Elena – Eu o encarei confusa, e momentaneamente feliz por ser tratada por “Elena” – Eu sei como Katherine pode ser persuasiva. Ela tem uma personalidade forte e difícil, você teve seus motivos e eu não sou ninguém para julgá-la. Por isso, decidi que nesse tempo em que você se passar por Katherine, eu lhe ajudarei.

– Está... falando realmente sério? – Indaguei quase incrédula, estancando no lugar. Elijah continuou a andar e depois de alguns passos parou e se virou, me olhando com um sorriso.

– Vou tornar esses dias mais fáceis para nós dois, Elena – Ele estendeu a mão para mim em um convite – Vamos? Eu te levo.

Com um sorriso, eu corri até ele e segurei sua mão.

Como prometido, Elijah me deixou em casa. Eu relatei a ele tudo o que havia acontecido nos últimos dias, principalmente a descoberta de Caroline sobre mim, mas ocultei, claro, a parte do porquê de Stefan agir daquela forma. Havia algo no olhar de Elijah que me impedia de contar, algo que só aparecia quando ele falava da minha sósia.

A única coisa que fiz foi tomar um banho, colocar o pijama e dormir. O dia havia sido exaustivo e eu só queria uma boa noite de sono, que durou até o celular tocar ao meu lado e me acordar.

Ainda de olhos fechados, peguei o celular e atendi.

– Alô? – Minha voz saiu arrastada e bem grogue.

– Katherine? O que faz dormindo? – Era Isobel. Ótimo, tudo que eu precisava para começar meu dia.

– Descansando, talvez? – Indaguei, rezando para que ela desligasse logo e me deixasse voltar a dormir.

– Levante da cama e se arrume. Não almoçamos juntas faz alguns dias, e eu sinto falta disso. Vamos para o Restaurante Gordon Ramsay, faz tempo que não passamos por lá, e eu sinto falta. Tudo bem para você? – Sua voz como sempre autoritária mostrava algo mais, como se ela houvesse revirado os olhos, coisa que ela realmente não faria em público.

Eu também sabia que ela definitivamente não levaria não como resposta. Tirei o cobertor de cima de mim e me levantei, passando a mão pelo cabelo.

– Tudo bem, Is... Mãe. Meio dia nos encontramos lá – Eu respondi.

– Ótimo – Isobel nem ao menos deu tchau e desfez a chamada. Joguei o celular sobre a cama, estressada. Um encontro com a mãe inexpressiva era a última coisa que eu precisava.

Apesar de ter tomado um banho na noite passada, tomei outro, era possível Isobel estar um metro longe de mim e com sua mania de perfeccionismo, perceber que eu não havia tomado banho naquela manhã.

Deixei meus pensamentos de aversão a Isobel um pouco longe e fui me arrumar. Coloquei uma calça jeans preta, uma blusa azul clara, um casaquinho e um sapato de bico e salto fino. Deixei meus cabelos cacheados naturalmente, mas refiz alguns cachos com a babyliss, para não deixar brechas para Isobel reclamar.

Já era onze e meia quando terminei minha “produção”. Peguei minha bolsa com documentos, celular e chave do carro e fui para a garagem do condomínio. Procurei na internet o endereço do restaurante e coloquei no GPS do celular. O lugar era vinte minutos dali.

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Depois de vinte minutos ouvindo alguma música calma da coleção de CD’s de Katherine, finalmente cheguei no restaurante. Dei a chave para o chofer e entrei, e como sempre nos restaurante, fui até a recepção, onde havia uma mulher loira e muito bem arrumada.

– Olá, eu tenho uma reserva no nome de...

– Isobel. Olá senhorita Katherine, faz um bom tempo que você não vem aqui – Ela sorriu simpática e eu tentei acompanhar seu entusiasmo.

– Claro – Eu sorri um pouco forçado – Qual é a minha mesa?

– A mesma de sempre – Ótimo, até porque eu sou a Katherine e venho muitas vezes nesse restaurante almoçar com a “mamãe”.

– Ahh – Tentei colocar minha melhor expressão chateada – Eu realmente ando com tanta coisa na cabeça que nem lembro qual é a mesa que eu e minha mãe costumamos usar.

– Ah claro, eu entendo, senhorita Katherine. A mesa é a 19.

– Obrigada.

Não sei como alguém poderia cair naquela mentira, mas aquela garota provavelmente não passava de uma garota que parecia admirar muito Katherine. A razão? Não faço a mínima ideia. Então não havia como ela desconfiar de mim, que sou a cara da Katherine.

É, acho que ter minhas primeiras horas do dia com Isobel não me deixou com um humor muito bom. Caminhei entre as mesas até encontrar Isobel encarando o movimento do lado de fora da janela.

– Bom dia, mãe – Eu me sentei em sua frente e coloquei minha bolsa na cadeira ao lado. Isobel finalmente me olhou, e em seus olhos vi algo mais do que sua eterna pose de rancorosa – Está tudo bem?

– Está tudo bem, Katherine? – Arregalei os olhos com sua pergunta repentina, quase arfei.

– C- Claro que está, mãe. Por que a pergunta? – Pigarreei e me ajeitei na cadeira, cruzando as pernas.

– Eu não sei, diga-me você – Ela me olhou desconfiada, e cruzou os braços – Há alguns dias você anda um pouco... Diferente. Elizabete me contou como você é gentil e educada com todos – Ela sorriu irônica – Nunca achei que algum dia eu fosse ouvir isso.

– Acho que eu apenas fui bem educada – Rebati, vendo ela arquear uma sobrancelha.

– Pelo seu pai, talvez, você o adorava – Ela sorriu, e olhou para algum ponto na mesa, descruzando os braços. Era a primeira vez que via ela tão... serena, e era a primeira vez que alguém comentava algo sobre o pai de Katherine.

– É, é sim – Concordei.

– Ele era um homem incrível – Isobel me encarou – Acho que não conversamos muito sobre ele, não é? Sinto muito por não estar aqui por você, Katherine. Você sabe que eu não sou a pessoa mais aberta do mundo, e prefiro guardar as coisas para mim mesmo. Acho que por minha causa, você se tornou como eu. Sinto muito, filha.

Eu tinha lágrimas prestes a cair de meus olhos. Outra imagem sobre Isobel se formava em minha mente, não mais como uma mulher autoritária e perfeccionista, mas uma mulher sozinha que não conversava com ninguém e que guardava tudo para si mesma. Eu me sentia invadindo uma conversa que não era minha, pois não fui eu que fui deixada sozinha, não fui eu que guardou tudo para mim mesma, e fiquei como Isobel, foi Katherine, a verdadeira Katherine.

E era por isso que eu estava prestes a chorar! Eu estava invadindo muito mais que o combinado da vida de Katherine. Isso era correto? Era correto eu me envolver tanto com essa família?

– Está tudo bem, sério – Limpei as lágrimas e sorri, deixando a pose de Katherine de lado e tentando reconfortar a mulher na minha frente como Elena.

Eu me levantei e me sentei ao seu lado. Mesmo relutante, eu a abracei. Isobel pareceu surpresa, mas depois de alguns segundos ela me abraçou de volta.

Estar com ela foi... reconfortante. Era como estar com Miranda novamente, era como um abraço de mãe, apesar de Isobel não ser experiente nesse quesito.

Nos afastamos apenas quando um garçom chegou com uma bandeja. O olhei interrogativa, mas vi Isobel, sorrir.

– Eu já fiz o pedido antes de você chegar. Pedi um prato vegetariano que eu sei que você adora – Ah claro, eu adoro comida vegetariana.

Eu fui para meu lugar inicial, e comecei a comer, vendo as tentativas de Isobel de relembrar o passado de Katherine. Eu queria dar respostas animadas, mas... bem, eram as histórias de Katherine, as quais eu não tive acesso, muito menos as vivi. O jeito foi tentar anima-la. Isobel parecia, mais do que nunca, carente.

Depois do almoço – comida vegetariana, tem algo pior? – Isobel resolveu que tinha que passar na empresa, ver como estavam as coisas, e também conversar com Elijah. Ela me convidou, mas fiquei com medo de que Katherine tivesse algum cargo e eu tivesse que fazer algo que eu não sabia, claro que eu duvidava muito disso, mas o melhor é não arriscar.

Voltei para o apartamento exausta e estranhando a falta de informação da família Salvatore. Damon não me ligara, e Stefan não deu mais a cara depois de ontem. Teria acontecido algo?

Mas antes que eu me jogasse na cama para finalmente descansar, meu celular tocou. Meu sorriso aumentou – se formou, na verdade – na hora, e o nome na tela fez meu coração acelerar. Opa, querida, se acalme!

Pigarreei antes de atender e me ajeitei na cama, como se de alguma forma ele fosse me ver.

– Alô?

– Katherine, é o Damon – Sua voz cansada, mas nem por isso menos sensual soou no meu ouvido e eu tive vontade de beija-lo, mas me controlei para manter minha voz no mesmo nível de normalidade.

– Oh sim, oi! – Claro que eu sei que é você!

– Minha mãe insiste que nós temos que passar mais tempo juntos – Ele suspirou. Adoraria! – Então eu pensei em, quem sabe, jantarmos na casa da sua mãe – Isso significa comida vegetariana?

– Ah, tudo bem – Mas não estava tudo bem! Eu definitivamente não queria passar um dia inteiro com Isobel. Sim, estávamos em trégua, ela havia sido bem legal no almoço de hoje, mas nem tudo se resolve com comida e uma conversa agradável – Você gosta de comida vegetariana?

– Por que, você quer comida vegetariana? – Ele perguntou.

– Ah não, definidamente não! – Eu não queria que ele achasse que eu era a louca da comida vegetariana. Será que Katherine gostava tanto assim? – O que você quer jantar? Eu posso cozinhar.

– Achei que você não soubesse cozinhar – Imaginei que ele tivesse franzido o cenho.

– Não é tão difícil olhando a receita – Eu já estava ficando expert em inventar desculpas sobre minhas diferenças com Katherine.

– Bom. Enfim, tanto faz, só não prepare algo pesado, por favor – Damon pedindo por favor? – Nos vemos a noite. Beijo, Katherine.

– Até a noite, Damon – Eu sorri imensamente, e quando desligue a chamada, beijei o celular como se estivesse beijando ele e rolei pela cama, feliz que passaria um tempo com ele. Eu estava disposta a aproveitar todo tempo possível com ele, porque sinto que nunca serei capaz de o reencontrar depois que Katherine voltar a ser Katherine.

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Mas o mais importante no momento era focar em fingir, e não pensar nas consequências futuras!