Eu não sabia dizer onde estava com precisão uma vez que a Corte sendo uma área extremamente gigante, havia muitos quartos do tamanho de apartamentos pequenos e corredores que eu ainda não conhecia muito bem uma vez que passava a maior parte do tempo com Lissa no primeiro andar ou diretamente na casa dela por ser sua Guardiã Pessoal, mas mesmo assim, odiando me sentir vulnerável perto de qualquer que eu devia proteger, me sentia estranhamente muito segura por saber que Christian Ozera, noivo da minha melhor amiga estava ali junto comigo naquele momento, ele era realmente um bom amigo e com o tempo havíamos construído uma ótima amizade.
– Christian, posso fazer uma pergunta meio estranha? -Perguntei lembrando-me do estranho bilhete que havia recebido um tempo atrás.
– Teoricamente você já está me fazendo uma pergunta Guardiã e eu particularmente sempre te achei meio estranha, mas mesmo assim claro que pode. -Respondeu Christian ao me ajudar a sentar no sofá de dois lugares.
– Sabe quem mandaria algo assim para mim e porque iriam querer meu pescoço além do óbvio? -Peguei o bilhete e entreguei para Christian.
– "Você tirou tudo de mim, hora de retribuir o favor." Isso é uma carta de ameaça com certeza, mas não conheço a letra. - Disse Christian olhando para a folha com a testa franzida. - Quem estava com isso?
– O Guardião Hans me entregou durante uma reunião instrutiva antes do aniversário dos gêmeos. Mais isso não importa agora, se é uma ameaça sabe o que significa não sabe? -Perguntei começando a entrar em pânico ao perceber onde aquilo poderia acabar e poir que arriscar a minha vida era ver isso acontecer com Dimitri e meu bebê.
– Hey, vai ficar tudo bem Rose. Você e o seu bebê estão totalmente seguros aqui na Corte do que em qualquer outro lugar do mundo sobrenatural e humano e o Guardião Belikov ainda está de castigo até segunda ordem, então também está seguro. Por enquanto. -Afirmou Christian sentando ao meu lado, lançando um rápido olhar para minha barriga. – Você gravida de um Dhampiro, sinceramente não consigo dizer se isso é fofo ou potencialmente bizarro, mas eu sei que você será uma boa mãe.
– Espero que tenha razão quanto a isso fogaréu Real, porque a única coisa que me assusta nessa coisa de ser mãe, não é virar uma baleia... Ok, virar uma baleia não é muito legal também... Enfim, entre tudo que eu poderia listar, o que me mataria seria falhar com o bebê e sendo assim decepcionar o Dimitri. –Falei olhando para o chão tentando organizar meus pensamentos.
– Você não vai falhar com seu bebê em nada Rose Hathaway, eu tenho certeza e não é só porque te conheço desde a época de Academia e aposto que o Belikov também sente o mesmo... Até mais do que eu já que está acompanhando você a mais tempo e mais de perto... Bem de perto, mas isso não vêm ao caso agora. –Respondeu Christian levantando devagar e encarando o relógio em seu pulso. – Eu vou ligar para o Belikov vir te buscar e te levar pra casa onde provavelmente vai ficar um pouco mais confortável, não saia daqui. Ok?
– Tudo bem fogaréu, eu não vou a lugar algum com esse maldito mal-estar mesmo. –Falei deitando no sofá alisando a barriga, eu estava começando a ficar enjoada. Droga!
Christian me lançou um olhar preocupado mediante minhas palavras desesperadas e sem esperar para ver o que poderia acontecer a seguir correu para a saída rapidamente em busca de ajuda, fechei os olhos os apertando com força uma vez que a dor por alguma razão havia aumentado e no que pareceu ter durado apenas alguns segundos senti uma mão quente e macia tocar meu rosto suavemente.
– Vocês estão bem meu amor? Rose, consegue abrir os olhos ou andar? –Perguntou Dimitri agachando na frente do sofá ao me encarar com a testa franzida. –Christian me disse que estava com dor. Quer ir ao hospital dar uma olhada?
– Eu não sei direito o que to sentindo Camarada, na verdade eu dúvido que consiga ao menos dar um passo. –Falei relutante, eu odiava admitir estar fraca mesmo que para ele.
– Tudo bem Roza, eu pego você. Vamos ao hospital fora da Corte para não levantar especulações daqueles que ainda não sabem sobre você e depois vamos para casa passar o dia no sofá vendo filmes de romances ruins e comendo algo saudável para você e nosso pequeno ou pequena. –Disse ele encaixando os braços embaixo de meu corpo e logo eu estava num dos meus lugares prediletos no mundo; os braços dele.
Os momentos seguintes se resumiram em Dimitri correr em uma velocidade que faria um projétil de uma arma se sentir magoada e lenta, isso mesmo... Ele estava correndo numa velocidade incrível, onde deixava claro que nem o fato de estar carregando 60 kilos a mais nos braços o estava afetando, novamente ignorou todos os Guardiões questionadores pelos quais passamos durante o caminho e logo havia me colocado deitada segura e confortável dentro de um dos carros da Corte, assumiu a direção e o caminho até o hospital do centro foi irritantemente silencioso sendo cortado apenas quando Dimitri ligou para o meu médico notificando que estávamos a caminho de lá e que precisaríamos dele com urgência, mas de qualquer forma com a dor que eu estava sentindo obviamente eu não estaria afim de ter qualquer tipo de conversa.
Finalmente chegamos ao maldito hospital, durante minhas entradas no hospital desde que voltei par a São Vladimir em diante, descobri que Dimitri, em geral nomeado por muitos f como o "Senhor do Controle" não tinha muita paciência com cadeira de rodas e gostava me manter em seus braços o tempo todo que podia fazê-lo, então óbvio que ele me carregou para dentro do hospital aninhada em seu peito como normalmente se faz com um bebê, ignorando alguns olhares incrédulos das pessoas que estavam lá. Ele me colocou muito cuidadosamente sentada numa cadeira de estofado preto na frente da ala de recepção principal como se eu fosse de porcelana que quebraria com qualquer batida, falou com uma enfermeira cuja aparência era de uma adolescente de 16 anos e expressão carrancuda como se tivesse 30 e um casamento infeliz por uns 10 minutos e voltou para onde eu estava sentando ao meu lado, segurando minha mão firme sob a dele com sua habitual máscara irritante de controle que com o tempo eu havia aprendido a derrubar, mesmo tendo sérias dificuldades para tal processo dependendo da situação.
– Srta. Hathaway Mazur? -Meu médico chou em pé ao lado da porta do consultório.
Rapidamente me levantei e Dimitri seguiu ao meu lado, todo rígido - Legal, eu que estava grávida, mas ele que estava todo nervoso como se estivesse prestes a dar a luz no meu lugar, isso era até engraçado e provavelmente eu estaria rindo a plenos pulmões se não estivesse com dor.
– Muito bem Srta Hathaway, vamos examinar esse bebê. Poderia deitar na maca e levantar a blusa, por favor? -Perdiu o médico Dhampir após me ajudar a subir na mesma.
Fiz o que me foi pedido, depois dele analisar minha ficha hospitalar, revisar meus exames, me dar alguns puxões se orelha pela alimentação ainda com falhas pegou um gel transparente e com o auxiliado de um aparelho de metal gelado espalhou aquela coisa pela minha barriga.
– Quando poderemos saber o sexo? -Perguntou Dimitri após algum tempo de silêncio.
– A Srta. Hathaway entra em três meses de gestação ainda essa semana, mas só conseguiremos saber no início de quarto meses provavelmente. -Informou médico com a expressão seria. -Querer ouvir o coração do bebê?
– Por favor. -Falamos em conjunto; nossas vozes juntas tinham uma sonoridade tão perfeita.
O médico acenou positivamente com a cabeça, nos dando um pequeno sorriso gentil, rapidamente direcionou o treco com mais um pouco do gel gelado pegajoso para a lateral da minha barriga e então ouvimos um som forte e acelerado de um batimento cardíaco, meus pulmões inflaram, meus olhos ficaram marejados de lágrimas e eu tinha provavelmente um sorriso tão grande quanto o de Dimitri e aquele passou a ser o meu som favorito. O médico franziu a testa encarando o monitor.
– Algo errado com a minha namorada ou o nosso bebê, Doutor? -Perguntou Dimitri encarando o médico com a testa franzida.
– Não, eu acho que... Não, não é engano. Engraçado, estão ouvindo isso? -O médico direcionou o aparelho para o centro da minha barriga enquanto falava e o batimento se tornou mais sútil que o anterior. - É um segundo batimento cardíaco.
– Espera um momento Doutor, está dizendo que o meu bebê têm dois corações? -Perguntei arregalado os olhos ao encarar Dimitri que havia abandonado sua máscara de controle e tinha uma expressão semelhante a minha.
– Não, na verdade a Senhorita têm dois bebês. Parabéns, são gêmeos. - O Doutor sorriu daquela forma irritante que a maioria aparentemente foi treinado para fazer desligando o aparelho e me entregando uma toalha. -Acabamos por hoje. Espero vê-la em 20 dias com pelo menos mais 3 kilos.
Gêmeos? Ah meu Deus!
Calma Rosemarie Hathaway Mazur, respira fundo sua desmiolada com problemas de controle.... Pelo menos eu poderia colocar a culpa nos hormônios dessa vez, por uns 10 segundos, mas ainda poderia. Ah caramba eu estava realmente surtando mesmo que isso estivesse ocorrendo internamente, e não era para ser esperado menos em especial uma vez que eu havia descoberto que estava esperando gêmeos!
Está certo, melhor do que Rose Hathaway sutando em silêncio por causa de uma gravidez dupla é ver Dimitri Belikov andando de um lado para outro no cômodo do corredor ao lado do nosso montando outro berço com um sorriso de orelha a orelha enquanto eu me mantinha deitada no enorme tapete redondo branco o encarando com atenção enquanto esfregava minha barriga distraidamente e naquele momento eu desejava que tal acontecimento pudesse durar para sempre.

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