A filha de Além Mar
Capítulo 18 - A carta de Erineas
Pedro saiu do quarto mais cedo naquela manhã a pedido de Astride. A jovem menina queria evitar escândalos desnecessários perambulando pelo castelo, preferia anunciar que estavam juntos depois que Mary e ele oficializasse o termino do namoro, o que não demoraria segundo ele. Assim, começariam o relacionamento do jeito certo, sem encontros às escondidas ou noites roubadas na calada da noite.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!O Grande Rei seguiu por um dos enormes corredores do Castelo, caminhava tranquilamente, feliz e realizado por ter passado a noite junto da mulher que realmente amava quando avistou não muito longe seus irmãos mais novos.
—Ed, Susana, vocês não vão acreditar!- disse Pedro para os irmãos ao se aproximar dos mesmos com uma pequena corrida. Estavam caminhando até a sala de jantar para tomar o café da manhã e já discutir os assuntos pendentes.
—O que aconteceu?- perguntou Susana curiosa com um sorriso descontraído na face. A Rainha gentil estava ainda mais bela e graciosa naquela manhã.
—Já até imagino, mas fale... – completou Ed com um ar malicioso ao ver a alegria que o irmão mais velho esbanjava.
—Conversei com a Mary ontem à noite, e ela concordou em terminar o noivado!- disse Pedro.
—Mais que maravilha! E ela não ficou chateada?- perguntou Susana novamente.
—Não, pelo contrário, ela também não queria se casar comigo, então ambos ganharam... Porém essa não é a melhor parte. -
—E qual é?- dessa vez foi Edmundo que perguntou curioso.
—Astride me perdoou!- concluiu Pedro com um olhar triunfante, mas omitiu o pedido de casamento que fizera com medo da repreensão dos irmãos.
—Mas que notícia ótima!- gritou Susana alegremente ao dar várias palminhas de excitação. –E onde está ela agora?-
—Já deve está descendo, achou melhor evitar escândalos antes de oficializar tudo!- disse Pedro, fazendo seus irmãos concordarem com a decisão sensata de Astride e Pedro, talvez a única que eles tenham tomado até agora. –Mas enfim, ainda hoje anunciaremos que estamos... – começou Pedro enquanto abria as portas da sala de jantar e adentrava no local, mas ao olhar para a enorme mesa de madeira, o Grande Rei teve uma surpresa.
—Mary!- disse ele estupefato ao ver a jovem de longos cabelos loiros, sentada ao lado de Lúcia, que já tomava seu café, indiferente ao que acabara de acontecer.
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Enquanto isso, Astride estava no quarto de Pedro terminando de se arrumar. Estava vestido um lindo vestido azul tiffany de mangas longas com poucos detalhes de renda na gola, o cabelo estava solto e enfeitado com uma tiara simples, e o rosto estava limpo e mesmo assim, ela continuava linda.
Quando já estava pronta pra sair, Astride escutou alguém bater na porta. Seu coração gelou no mesmo instante. Ninguém sabia que ela havia passado a noite com Pedro, e não queria que ninguém ficasse sabendo, pelo menos por enquanto. A jovem moça pôs a mão na boca para impedir o reflexo de falar, talvez a pessoa que estava do outro lado desistisse e fosse embora.
Infelizmente não foi isso que aconteceu. Mas uma vez bateram na porta, três batidas especificadamente, e pela rapidez dos toques, a pessoa parecia apressada. “Tudo bem, você pode cuidar disso” falou Astride para se mesma e então seguiu para a porta e abriu a mesma, aesbanjando um enorme sorriso logo depois que viu quem era.
—Orieus, meu amigo! Como vai?-
—Vou bem majestade, muito obrigado por perguntar... O rei Pedro está ai, minha senhora?- perguntou Orieus com um risinho.
—Ah, não, ele... – começou Astride a gaguejar nervosa, mas logo se concentrou e conseguiu disparar uma boa desculpa para estar no quarto do seu rei. –Ele não está, na verdade também estava o procurando, e como não havia nenhum guarda na porta, entrei pra vê se ele estava ou se tinha acontecido alguma coisa, mas não, ele não está, e eu estou indo embora!- disse e então apontou para fora do quarto com um sorriso amarelo, saindo do mesmo em seguida, fechando a porta atrás de se.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!—Claro, sei... – rebateu Orieus com um ar sapeca, algo estranho para um centauro de seu porte. Ele era esperto, já tinha percebido o que estava acontecendo entre eles a tempo, e aquilo só concretizou suas suspeitas. -Mas de qualquer modo, o assunto pode ser resolvido com a senhora, quando achar o grande rei é só entrega isso a ele e repassar a informação. - continuou ele ao entregar uma carta, que estava em suas mãos desde o começo, entretanto passou despercebida por Astride, que recebeu a carta e logo a abriu para lê-la.
“Majestades, venho por meio desta, lhes informar que um grande e numeroso exercito chegou ao anoitecer as margens do Grande Rio, próximo ao local da Grande e Gloriosa Batalha. Os mesmos montaram acampamento e se organizam para a batalha iminente. Eles são muitos, ogros, lobos, minotauros, anões, lobisomens, gigantes, íncubos, erínias, bruxas, e alguns que reconheci, são antigos seguidores da então morta feiticeira Branca, e liderando eles, está uma mulher de pele pálida e cabelo loiro, a quem reconheço como a Feiticeira Negra.
Espero que está mensagem chegue a tempo e possa vim a ajudar vossas majestades, dando lhes alguma vantagem.
De seu fiel súdito, Erineas, o texugo.
Vida longa a Aslan!”
—A feiticeira, ela avançou mais rápido do que eu imaginei. Pensei que depois que Pedro e eu... é ... Conseguimos quebrar parte da Maldição, ela iria esperar mais um pouco. Mas estava errada em pensar que ela nos daria a chance de se recuperar. - disse Astride preocupada ao terminar de ler a carta.
—Tem razão minha senhora, os narnianos ainda estão abalados com aquela noite fatídica, eu mesmo ainda tenho pesadelos com a morte da minha amada esposa... - disse Orieus e então seus olhos se encheram de lágrimas.
Era isso que a feiticeira queria, que todos estivessem tristes e sem esperança, confusos e distraídos para a batalha que estava por vir. E mesmo que o beijo de Pedro e Astride tivesse quebrado parte da maldição, tirando a capa de escuridão e morte que pairava sobre Nárnia, à parte mais forte dela ainda permanecia dos corações e almas dos narnianos, os torturando psicologicamente e até fisicamente.
—Eu sinto muito meu amigo, não tenho ideia do que você passou, mas imagino o quanto sofreu. De verdade... - disse Astride ao se lembrar de que Edmundo havia comentado que Orieus nunca mais foi o mesmo depois que sua mulher morreu por seguidores resistentes da Feiticeira Branca, logo depois que os quatro Pevensie subiram ao trono.
—Obrigado minha querida, mas deixemos isso pra lá!- disse Orieus com um sorriso torto. – Tenho que resolver algumas coisas pendentes com o exercito agora, então vou me atrasar para o café, podem começar a reunião sem mim, e, por favor, entregue a carta ao grande rei!- continuou ele.
—Tudo bem meu amigo, não se preocupe, entregarei assim que o ver!- disse Astride.
—Até logo minha senhora!- disse Orieus ao dar um beijo na mão de Astride e sair dali logo em seguida, deixando a menina sozinha no enorme e silencioso corredor.
—Céus, o que vamos fazer?- sussurrou ela preocupada. Durante a sua curta estadia em Cair Paravel , e com o complicado romance com Pedro, Astride acabou se desviando do seu destino e do real proposito de estar ali. Havia prometido proteger Nárnia com sua própria vida, e não iria desapontar seu irmão, ainda mais quando ele está tão preocupado. Tinha que parar de brincar e ajudar os quatro reis, principalmente seu amado.
Astride respirou fundo e tentou esvaziar a cabeça das imensuráveis preocupações que a rondavam. Fechou a carta que recebera de Orieus e a segurou firme em uma das mãos, e com passos ligeiros, ela seguiu para a sala de jantar, ansiosa para ver Pedro novamente e nervosa ao pensar não ser capaz de ajudar na batalha contra a feiticeira.
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