Schizophrenic

20 de maio de 2015


Dezoito anos, cerca de duzentos convidados, apenas vinte conhecidos. Milionários, acionistas, potenciais sócios e investidores e suas proles. Essa era a minha “maravilhosa” festa de dezoito anos, pelo menos presentes de pessoas ricas são legais, belo consolo, objetos, bens, era nisso que a sociedade da qual eu fazia parte estava imersa.

Eu estava vagando pela minha própria casa, como se eu fosse um intruso deslocado em minha própria “festa”, opa, era exatamente o que eu era. Andei sem rumo e acabei chegando a sala de visitas, onde meus pais haviam guardado o piano, eu o evitava, me lembrava dele.

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O som dos martelos encostando nas cordas do piano penetrava o ar, cada martelada que eu dava, cada nota executada me tornava mais leve, me fazia relaxar, conseguia esquecer o mundo em que eu estava, meus medos, minha preocupação, as vozes que me rondavam, conseguia escapar de mim mesmo.

–Senti falta disso. - Chris falou entrando na sala me assustando e me fazendo parar a música – Feliz aniversário, Adam.

–Pensei que não o veria mais. Não lhe vejo desde...

–Desde Kyle. Se eu viesse com você se culpando, só pioraria a situação. Porque não está aproveitando sua festa?

–Minha festa? – perguntei rindo com desdém – Talvez porque não seja a minha festa, Chris. Só sou um objeto para eles, um objeto bonitinho que atrai investimentos. Lembra quando me deu aquelas partituras de pop e rock? - ri.

–Sua mãe quase me bateu quando eu “o tirei do bom caminho da música clássica”.

–Porque eu te empurrei?

–Esquece isso. Foi um acidente, Adam.

Tornei a tocar o piano, meus dedos dançavam suavemente pelas teclas de marfim, enquanto Chris, em silêncio, me observava.

–Parabéns, Adam. - Bryan falou vindo por trás de mim, ao me virar, percebi que Christopher havia ido embora.

–Obrigado por ter vindo.

–Não perderia seu aniversário.

Ele me entregou uma caixa preta de veludo, ao abrir, vi lá dento um cordão de ouro.

–Bryan, eu não posso aceitar isso. - falei admirando o presente.

–Claro que pode, tenho certeza que os sócios dos seus pais lhe deram coisas muito melhores e mais caras.

Havia um pingente de A no cordão, pouco original, mas legal da parte dele. Ele pegou o cordão e o colocou em meu pescoço e quando voltou para minha frente, ficamos nos encarando, o clima entre nós ainda estava estranho.

–Como... Como estão as coisas entre você e...? - perguntei.

–Não vamos falar sobre isso agora.

–Ele me pediu em namoro. - despejei sem pensar – Há algumas semanas.

–É por isso que as coisas andam tão estranhas entre vocês?

–Não vamos falar sobre isso agora.

–Meu irmão, as pessoas da nossa escola e alguns amigos dos filhos dos seus pais estão no jardim jogando uma mistura doentia de Verdade ou Desafio e Eu Nunca, agora pelo que me consta você é de maior, o que acha de ficar bêbado e descobrir segredos alheios?

Claro que não daria o que prestasse, mas pensei “porque não?”

20 de maio de 2015

Caro Christopher,

rolou muita coisa no jogo, de tudo, pegação, insinuações de sexo, pedidos de namoro. Isaac girou a garrafa, parou em mim.

–Desafio – falei.

–Beije alguém que valha a pena.

Eu poderia virar meia garrafa de vodca, podeira, mentir e beijar uma das dez meninas que davam em cima de mim, mas novamente, só vi vultos, e ao “acordar”, vi meus lábios selados aos de Bryan, pude ver Bryce se revirar na cadeira, e vi os olhos de Isaac brilharem de uma forma assustadora. Assim que me dei conta do que estava acontecendo, saí correndo e fui para meu quarto.

Merda, Chris, eu não posso mais me deixar levar por emoções bobas, eu não posso mais me aproximar das pessoas, eu não posso mais, será que... Que algum dia terei paz? Ele está me ligando, pela vigésima sexta vez. Devo tomar meus remédios? Esquecer tudo e viver uma merda de uma vida drogada e... manipulada? Não posso, eu não consigo.

A peça irá estrear em alguns dias, mas... As coisas entre Bryce e eu já estão bem ruins, vou conseguir beijá-lo no palco? Depois de tudo isso, conseguirei... Conseguirei não explodir?

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Até mais, Chris.”