Capítulo Vinte e Dois

– E então, Naruto? O que é que você estava prestes a dizer para a Sakura ? - Sasuke perguntou em um tom de voz extremamente frio. Percebi que ele não havia chamado Naruto de "Dobe" como costuma fazer. Entendi isso como um sinal de quê estava falando sério com ele.

– N-nada não - gaguejou o loiro. Era evidente o medo em seus olhos, coisa que até então eu nunca havia visto. Por algum motivo que não consegui compreender, aquilo me irritou, e, quando dei por mim, já estava "rosnando" para Sasuke:

– Na verdade ele estava para me falar algumas verdades, para variar - os olhos de Sasuke voltaram a fulminar Naruto, me impelindo a continuar - Ele não tem culpa, Sasuke! Naruto só estava tentando me ajudar, então não ouse olhar assim para ele!

– Tentando te ajudar...? - Sasuke falou em um tom calmo, porém frio - Isso não é ajuda! Você não deve saber de nada, e ele fica aí, te contando as coisas... Como se isso fosse te ajudar. Mas não vai. Quanto mais você souber, pior será para você!

– Saber é melhor do quê não saber. Sempre.

– Não. Nesse caso não é.

– Ora seu... Maldito! Quem você pensa que é para me dizer o que devo ou não saber?!

– Eu não penso, eu sou. Sou o homem que está te mantendo viva!

– Pois eu não pedi sua ajuda!

Ficamos nos olhando, verde no preto, de maneira furiosa. A esse ponto até mesmo Sasuke já perdeu a compostura e agora estamos um gritando com o outro. Enquanto olho para Sasuke, sinto seu olhar sobre mim congelar. Consigo ver seus olhos me olhando de maneira ainda mais fria enquanto diz as palavras que vão querer me fazer odiá-lo, mesmo que apenas momentaneamente:

– Então talvez eu devesse deixá-la queimar viva em uma fogueira, assim como fiz com sua irmã.

Em um segundo consigo sentir meu coração bater de maneira ainda mais acelerada em meu peito, e, no outro, ele se partindo. E, em um impulso de raiva e dor, minha mão vai ao encontro do rosto de Sasuke lhe acertando um tapa forte o suficiente para deixar minha mão marcada ali. Não dou tempo para ele se enfurecer comigo, pois disparo a correr porta a fora, com lágrimas embaçando minha visão. Consigo ouvir alguém chamando meu nome, mas a voz soa distante. Distante o bastante para mim não conseguir reconhecê-la ou distinguir se é com raiva ou desespero que me chama. Talvez seja o dois.

Ou talvez eu só esteja alucinando. Não sei dizer.

*--------------------------------------------------------*

Naruto ficou aproximadamente meia hora na porta do meu quarto no chalé, pedindo para que eu abrisse. Nem me dei o trabalho de gritar para que fosse embora. Desde que voltei da floresta e me tranquei aqui dentro que estou deitada na minha cama, encarando a escuridão lá fora, através da janela.

Queria poder sumir, ou acordar e descobrir que tudo isso não passa de um pesadelo. Que Sarah e minha mãe ainda estão vivas, assim como Mikoto, e que Ino ainda é minha amiga. Que nada disso aconteceu de fato. Mas aconteceu, realmente aconteceu. E eu não posso ficar me escondendo para sempre!

Em um rompante abro a porta e vou até a sala onde está Naruto, que, assim que me vê, abre um largo sorriso e bate a mão no assento a seu lado, como se me chamando para sentar ali.

– O Teme já foi embora, Sakura-chan. Não precisa se preocupar. - diz ele, me oferecendo um sorriso.

– Não era por ele que eu não queria sair. Ou por ele que saí correndo - resmungo enquanto sento ao lado dele. Como resposta ele apenas alarga ainda mais seu sorriso.

– Sabe, Sakura-chan, sei que o Sasuke parece alguém digno de seu ódio, às vezes, mas...

– A onde quer chegar? - eu o interrompi. Naruto suspirou quase que de maneira cansada antes de continuar, como se eu não tivesse dito nada.

– Ele só está tentando protegê-la. Mesmo que não pareça... Bem, tenho certeza que é isso que ele está tentando fazer.

Bom, realmente não é o que parece, pensei, Mas... Será?

Hein, Sasuke Uchiha....?

*-----------------------------------------------------------*

Já faz aluns minutos desde que estou vagando a esmo pelo pequeno chalé. Desde que Naruto me deixou sozinha no sofá da sala que estou andando por entre os cômodos tentando pegar no sono.

Ainda estou andando distraidamente quando a vejo. A porta. Está entre dois armários, no quanto da cozinha. É feita de madeira e tem o entalhe de uma Lua crescente.

Lua crescente. A conhecida "Lua Negra"

Meus dedos tocam levemente a Lua e, como se por mágica, a porta se abre. Dou alguns passos para dentro, quase que como para ver se realmente tem um chão seguro sob meus pés, e então mergulho de vez na escuridão.