Garota rara e diferente

Caçando e conversando


Hoje o dia foi excelente!

Desde que cheguei aqui nessa aldeia, eu chamei bastante atenção. Não sei se é porque eu sou uma garota super rebelde e independente, ou se é porque eu...

Só um momento, meu celular está tocando.

Ah, é a minha mamãe me chamando no WhatsApp. Ela quer saber se eu estou comendo legumes e escovando os dentes. Claro que não, afinal eu sou uma fora da lei tremenda! Imagine você que há pouco tempo eu estava fazendo uma pichação. Pois é. Eu fiz um lindo desenho de um panda. Viram como eu sou rebelde sem causa? Bem, na verdade era um projeto comunitário para deixar o muro mais bonito. Mas ainda assim.

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Continuando, eu chamei bastante atenção aqui. E parece que o Percival está interessado em mim. Inclusive, ele me deu um anel de ouro muito bonito. Não sei o que esses garotos vêem em mim, eu sou apenas uma geek feia.

Embora isso esteja acontecendo, eu estou ouvindo vozes sobre seres sobrenaturais que querem me capturar. Eu não sei exatamente do que se trata, mas Percival disse que é coisa séria.

— Julieta — Uma voz chama — Você pode me ajudar?

— Claro!

— Eu deixei algumas armadilhas para caçar coelhos hoje de manhã, e preciso ver se peguei algo. Eu gostaria de uma companhia feminina.

— Seria um prazer. — Eu me levanto e o acompanho até a floresta.

Nós andamos calmamente por entre as árvores. Tudo o que conseguimos ouvir é o cricrilar dos grilos. A luz das estrelas por entre a copa das árvores deixa o ambiente bastante romântico.

— O Eduardo e o Jacob ainda não voltaram? — Questiono.

— Não. Twix está preocupado, e eu também. Ele disse que o efeito do dardo seria só de meia hora, então eles já deveriam ter voltado.

— E já está anoitecendo. Ele me falou que existem monstros nessa floresta durante a noite.

— E ele não mentiu — Fiquei um pouco preocupado ao ouvi-lo informar isso — Mas não se preocupe. Tudo vai ficar bem.

Nós continuamos andando por mais um tempo, até que chegamos às armadilhas que ele havia preparado mais cedo. Infelizmente, não há nenhum coelho.

— Mas que merda! — Percival exclama.

— Calma, Percival, eram apenas coelhos. A gente arruma outra coisa para comer.

— Não eram apenas coelhos, eram coelhos feitos de Nutella.

Arregalo os olhos em surpresa, e logo lágrimas começam a escorrer por eles.

— De... De Nutella?

Começo a chutar o chão e a me descabelar. Por que quis o destino que eu ficasse sem esse alimento? Que vida cruel!

— Tudo bem, não adianta chorar sobre o leite derramado. Vem comigo, podemos ir até o mercadinho da cidade e roubar alguma coisa de lá.

— Tem certeza que isso é certo? Estou um pouco nervosa.

— Por que? Você já se envolveu até com o traficante mais perigoso do país!

— Como você sabe disso?

Ele pega o celular dele no bolso e me mostra. Está aberto no meu perfil do Facebook. Esse é o problema das redes sociais. As pessoas ficam se infiltrando demais na vida das outras pessoas. Coisa de gente desocupada. Tipo aquela menina, a Fabiane, que fica o dia todo postando selfies no Shopping. Enfim, acho que as pessoas não deveriam ficar cuidando da vida das outras.

Eu decido aceitar a proposta dele de assaltar o mercado. Já que é o único jeito da aldeia comer algo...

— Vamos lá! — Ele chama e começa a correr.

Corro até ele e nós atravessamos a floresta rapidamente. Fazia tempo que eu não corria assim. Ele é bem rápido. Em pouco tempo nós atravessamos a floresta inteira e chegamos à cidade. O mercado fica bem perto da floresta, então chegamos até ele bem rápido.

Entramos e não tem nada lá. Nem comida, nem pessoas.

— Ué, geralmente o seu Juca está aqui para atender as pessoas. Será que ele decidiu fechar a loja? — Percival ajunta um pacote de carne seca do chão e coloca na mochila.

— Ah, ali está ele — Eu aponto para um homem careca, gordinho e de camiseta branca, caído no chão e cheio de sangue.

Ao me ouvir, ele se levanta lentamente. A cara dele está toda ensanguentada, e ele está com uma aparência muito estranha. Eu solto um pequeno grito quando o vejo e me afasto dele.

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— Mas que porcaria aconteceu com você, seu Juca? Eu te falei para parar de ficar cheirando aquelas coisas, mas você nunca me escuta.

Seu Juca grunhe e começa a se aproximar vagarosamente. Mas que diabos está acontecendo?