Dois Quartos de Vinho
Noite quente, típica de Março
Prólogo
Ela pressiona o colchão e agarra os lençóis, tomada pelo puro êxtase, abandona qualquer indício de racionalidade. Totalmente entregue as necessidades carnais. Sentia o hálito quente do outro, as mãos que dançavam sobre sua pele, o corpo dele pressionado ao seu. Calor e suor. Fogo e paixão. Nem mesmo caminhar sobre o paraíso traria tanto prazer quanto o que ela desfrutava no momento.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Capítulo 1
Noite quente, típica de Março, o vento invadia o carro pelo vão da janela. Lá dentro, o calor não se faz sentir graças ao ar-condicionado que, enquanto trabalhava, duas amigas continuavam conversado sem dar atenção ao transito que as cercavam.
— Ah, Lia, só não entendo todo esse seu receio com relacionamentos.
— Bom senhorita Aline as mulheres de hoje em dia já não precisam mais de homens para trocar as lâmpadas ou abrir os potes de condimentos. - Respondeu a outra, com falsa formalidade.
— Ah fala sério Lia, não é possível que você não queira ninguém!
— Ué mas é claro que eu quero alguém.
— E quem seria?
— Aceitaria namorar com o Elídio, por exemplo.
— O que? Ele é muito velho pra você! Péssimo gosto colega, péssimo gosto - Disse enquanto fazia sinal de negação com a cabeça.
— Velho nada querida. Ele é como vinho, quanto mais o tempo passa, melhor fica! - concluiu a comparação piscando um olho - Ele vai ficar sabendo que você o acha velho, viu?
— Isso se chegarmos ao Tuca a tempo, né gata? Esse trânsito está infernal! - Retrucou abaixando a cabeça sobre o volante.
Desconsiderando o fato de que as duas tinham 25 anos, uma era o oposto da outra, Lia tinha cabelos compridos e castanhos, os olhos da mesma cor, não tinha mais de 1,60 de altura e era apaixonada pela arte. Já a outra adorava metal, tinha cabelos descoloridos e repicados, que não passavam das orelhas, era mais alta e poucos dias mais nova, além de ter expressivos olhos claros. Eram amigas desde o colégio e há pouco mais de um ano dividiam um apartamento na capital paulista.
Foram as primeiras a chegar ao teatro, apesar do transito, entraram, procuraram suas respectivas poltronas e se sentaram.
— Uau! Estamos muito perto do palco. - Observou Aline.
— Sim! Fazia tanto tempo que não vinha aqui que tinha até esquecido da magia desse lugar - Disse com um toque de admiração na voz, como uma criança que visita um parque de diversões pela primeira vez, enquanto erguia a cabeça para ver os refletores de luz.
Os Barbixas haviam voltado de férias e aquela seria a primeira sessão do ano do espetáculo Improvável, Lia não perderia isso por nada, ela acompanhava a Cia há 6 anos e como boa amiga que era, sempre que possível, arrastava Aline para os espetáculos também.
As pessoas começaram a chegar e o relógio já se aproximava das 21h30, Aline olhou para a amiga e viu estampada em seu rosto uma expressão que conhecia bem, a de total fascínio. Não era a primeira vez que Lia assistia ao espetáculo, foram inúmeras as quintas-feiras onde as duas foram juntas ao Improvável e em todas ela conseguia ver o mesmo ar de ansiedade e admiração nos olhos da amiga.
Já na fila, Lia foi tomada pela habitual ansiedade que sempre tinha antes da sessão de fotos, mesmo já tendo tirado exatas 42 fotos com o trio. Ela começou a suar frio e tremer um pouco. Quando começaram a descer as escadas sua ansiedade dobrou de tamanho.
Estavam no ultimo degrau quando deram de cara com Daniel. Aline na hora acabou soltando um grito involuntário que fez ele dizer:
— Ah para eu nem sou tão feio assim - Com um sorriso encantador no rosto.
Comentário que fez as duas rirem e serviu para deixa-las mais a vontade.
Depois de abraços rápidos e de tirar a tão sonhada foto, Lia entregou uma agenda para eles e pediu para que autografassem.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Ela tem essa agenda há anos e coleciona os autógrafos de vocês. - A outra ficou nitidamente vermelha com o comentário da amiga, a última coisa que queria era que seus ídolos achassem que ela era uma fã histérica e fanática.
— É mesmo? Você vem muitas vezes ao Tuca? - Perguntou Daniel enquanto assinava a agenda e a passava para Anderson.
—Na verdade todo mês eu mato uma ou duas aulas na faculdade para assistir vocês... - Ela respondeu.
— Fico feliz, mas se for reprovada não venha nos processar - Brincou.
— Até porque temos excelentes advogados! - Completou Anderson.
Todos riram, mas as risadas foram abafadas pela tosse da produtora, que observava tudo em segundo plano, o jeito mais simpático que ela encontrou de mostrar que aquela conversa já tinha durado tempo demais. Elídio entregou a agenda para Aline, eles se despediram e as moças foram embora.
— Eu só não te mato porquê é você quem está dirigindo - Lia afirmou pouco depois de entrarem no carro.
— Que foi? O que eu fiz dessa vez criatura? - Aline contestou indignada.
— Vamos logo pra casa, tô muito cansada e preciso dormir - Disse mudando de assunto. Não estava realmente brava, não conseguiria ficar brava depois de ver o trio de cinco.
Fale com o autor