Objeto Perdido

Capítulo sete


Acordo ao som escandaloso do meu despertador me avisando que está na hora de me levantar para ir à escola. Fito o teto por um instante e reflito sobre tudo que terei que fazer hoje, logo, as lembranças do dia anterior tomam conta de todo meu psicológico. Sento-me apressada em minha cama, levanto o travesseiro a procura do anel, e sinto um alivio enorme.

– Filha, você está bem para ir à aula? – como sempre, minha mãe surge sem se pronunciar em meu quarto.

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– Claro, mãe. Estou muito bem. – por incrível que pareça, não minto desta vez. Ela apenas sorri, e se vira para a saída de meu quarto. – O café está pronto, Dan já está te esperando.

Levanto apressadamente da cama e praticamente corro por meu quarto para me arrumar. Nunca fui de me arrumar muito para ir à escola, não há necessidade para isso. Então, apenas coloco uma calça jeans super básica, o uniforme escolar e uma blusa de frio super leve, azul com algumas bolinhas brancas, por cima. Sempre senti muito frio pela manhã, mas nunca consegui explicar o por que. Escovo meu cabelo apressadamente e noto como ele está comprido, seu tom castanho parece um pouco mais claro, quase como um mel. Lembro-me de Jessie falando de seu comprimento ontem pela manhã, e logo um sorriso surge em meus lábios. Pego minha mochila, coloco o anel em meu bolso e saio literalmente correndo de meu quarto.

A escada me dá calafrios, então procuro descê-la de modo mais lento possível, seguro no corrimão e dou um passo de cada vez.

– Está se sentindo bem, Melanie? – Dan pergunta assim que chego à cozinha. Há comida na mesa, mas não sinto muita fome no momento. Me apoio no balcão e apenas pego um pequeno copo de leite para que eles não me amolem depois.

– Com certeza, Dan. – respondo entre um gole e outro. – Estou novinha em folha.

– Nunca mais tente brincar de rolar escada abaixo, ouviu mocinha? – sempre foi engraçado Dan tentando me dar bronca. Apenas sorri e terminei meu leite em um último gole. – Vamos?

– Não vai comer mais nada, filha? – minha mãe pergunta enquanto começa a lavar a pequena louça que se acumula na pia.

– Não, mãe. – respondo indo colocar a xícara na pia. – Obrigada, mas não tenho fome.

– Então pegue isso. – Dan me estende sua mão, nela há dinheiro. – Para comprar alguma coisa no colégio.

– Não precisa... – tento começar a dizer.

– Não aceito não como resposta. – Dan me interrompe, causando um riso solto de minha mãe.

– Tudo bem. – sorrio e pego o dinheiro de sua mão, colocando-o no bolso. – Muito obrigada.

– Às ordens. – ele ri dando um último gole em seu café. – Vamos então, gracinha?

– Demorou... – rio e pego minha mochila que havia jogado no canto da cozinha. – Beijos mãe, bom trabalho para você. – beijo seu rosto e saio correndo em direção a porta, deixando Dan se despedir dela. Espero por ele, já do lado de fora de casa, ao lado de seu carro. Uma sensação de estar sendo vigiada me invade e juntamente uma sensação de vazio e medo faz meu corpo estremecer. Os olhos daquele homem ainda sem nome de repente invadem minha mente e me faz querer gritar, mas sei que tenho que permanecer forte, me entregar tão facilmente seria covardia de minha parte. Fechei duramente meus olhos e sacudi a cabeça, fazendo aquela pequena visão dos olhos negros ir embora.

Dan aparece e finalmente entro no carro, rumo ao colégio. Pelo caminho, ele me pergunta coisas sobre como foi o primeiro dia de aula, e eu respondo apenas o que acho essencial, não posso simplesmente falar para ele que conheci um anjo que diz precisar da minha ajuda para salvar o mundo. Meu coração palpita com a aproximação que sinto da escola, algo em mim grita para que eu não desça do carro, mas ao mesmo tempo algo me puxa para fora. Despedi-me de Dan, combinamos que ele não precisaria me buscar e sai...

A escola parece um pouco vazia, mas logo consigo ver uma garota de longos cabelos vermelhos sentada solitariamente em um dos bancos localizados no jardim de entrada do colégio.

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– Bom dia, Cora. – digo ao chegar perto dela, que se encontra lendo um livro qualquer.

– Oi, Melanie! – ela sorri e se levanta para me dar um super abraço. – Sente-se aqui, estava apenas tentando me distrair enquanto os idiotas dessa escola não aparecem.

– Nossa, Cora. – rio e me sento ao seu lado. – Quanto amor por seu colégio.

– Nem sempre fui assim, sabe. – ela fecha seu livro, o guarda em sua bolsa e se ajeita no banco. – Eu era do tipo que não conversava, excluída e amedrontada, mas isso cansa, não é? – sorri e apenas concordo com a cabeça. – Até conhecer o Caio, outro excluído, e então, conhecemos você... – ela ri.

– Outra excluída. – solto uma risada, completando sua frase.

– Você não é excluída, mulher. – ela bate em minha perna. – Uma excluída não consegue fazer amizade tão facilmente com o novato e já eleito o mais gato da escola.

– Só porque falei com ele ontem? – ri com a lembrança de minha primeira conversa com Jessie.

– Você é a excluída chefe, então. – ela me abraça e ri. – De verdade, eu gostei de você.

– E eu de você... – respondi sorrindo, até que meus olhos encontram Jessie se aproximando. Confesso que meu coração pulou de uma certa alegria ao vê-lo, é meio inevitável que ele tem sobre mim, inexplicável. Ele usa uma camisa preta, o que o deixa ainda mais, digamos, atraente aos olhos humanos, principalmente ao público feminino.

– Olha quem vem ai... – escuto Cora suspirando ao meu lado. Sorrio com a lembrança de sua presença em meu quarto na noite anterior, todo o medo que sentia por ele está dando lugar a um tipo de sentimento que ainda não consegui decifrar. Na noite passada foi como se, de alguma forma, ele me curasse, tirasse meu medo e toda minha dor.

– Bom dia, garotas. – não tinha notado sua aproximação, estou imersa demais em meus pensamentos. Repentinamente ele está em nossa frente, com seu sorriso literalmente angelical. Seus olhos encontram o meu e sinto uma vibração dentro de mim, tenho total certeza de que neste momento, não é efeito do anel.

– Bom dia, moço bonito. – Cora se levanta e o cumprimenta com um beijo no rosto, o que lhe causa uma risada. – Se a minha amiga, Melanie, não me apresenta a você, então terei que me apresentar sozinha, não é? – percebo que seus olhos azuis, de algum modo, sorriem nesse instante. – Prazer, meu nome é Cora... E o seu?

– Prazer o meu, Cora. – ele pega sua mão e a beija. – Meu nome é Jessie.

– Como você pode não me apresentar seu amigo, Melanie? – ela se vira para mim, completamente corada, com um imenso sorriso em seus lábios. Olho para Jessie, ele me olha com um sorriso ainda mais encantador.

– Queria que se conhecessem assim, de modo natural. – sorrio envergonhada com o olhar de Jessie sobre mim.

– Ah, na verdade, amei esse modo natural. – diz Cora se virando e olhando para Jessie, que lhe retribuiu o olhar, sorrindo com o canto de seus lábios.

– Bom, acho melhor irmos antes que o professor não nos deixe entrar. – digo me levantando apressadamente ao ouvir o sinal soar.

– Temos o campeão de entrar atrasado com a gente... – diz Cora, rindo enquanto pega suas coisas no banco.

– Foi só ontem. – Jessie ri e ajuda com as coisas de Cora.

– Onde está Caio? – pergunto quando finalmente nos encaminhamos rumo à sala de aula.

– Os pais dele estão se mudando, então ele não virá hoje para ajudar na mudança. – responde Cora, localizada ao meio de Jessie e eu.

– Mas e a matéria que ele perder? – pergunto, realmente preocupada.

– Ah, eu vou até a casa dele e passo, pode ficar tranqüila. – ela sorri e me lança uma piscadela amiga. Nesse momento nada me parece assustador, me esqueço completamente daquela história maluca de Jessie. Até que uma pequena visão me deixa completamente imóvel e sem reação...

Ao entrar nos corredores do colégio, na porta de nossa sala de aula, há uma garota parada de costas para nós, o único problema era a pessoa que há a sua frente. A certeza é absoluta, é o mesmo homem que entrou em meu quarto no dia anterior, não me esqueceria daqueles olhos e daquele rosto nunca em minha vida.