–É ele Miranda, só pode ser ele. – Eu disse, euforicamente, segurando o rosto da minha irmã mais nova.
– Qual é Kay? Você sabe quantos caras com as iniciais T.S podem morar no Brooklyn?
–Eu sei, eu sei, mas quantos caras com as iniciais T.S moram no Brooklyn, fazem grafites inspiradores e estudam na nossa escola em?
–Como você pode ter tanta certeza?
–Eu venho investigando isso há dois anos. Você sabe o que são dois anos?
–E até agora só tem duas pistas totalmente furadas. Você ainda acredita no Connor?
–Eu não tenho culpa se o seu namorado me disse que conhece um cara que conhece outro cara que conhece o Ted?
–Você sabe que eu e o Connor não somos namorados e...–Miranda interrompeu a si mesma e me fitou fortemente, indignada e com os olhos verdes exageradamente grandes, que eram cópias dos meus, arregalados.–Ted? Katie, o que você tem na cabeça garota?
–Não muda de assunto Mi. Você sabe que pode contar tudo pra mim não sabe? Diz aí, o que tá rolando entre você e o Connor em?
–Ah, a gente só deus uns beijos aquele dia no cinema e...–Miranda me olhou, impressionada e novamente arregalou os olhos já grandes.–Katie Gardner, você é maléfica. Estou orgulhosa de você.
Ela deu tapinhas leves na minha cabeça e se levantou da minha cama, indo em direção à porta.
–Hey, vai onde?
–Não te interessa, curiosa.–Miranda me mostrou a língua e saiu.
–Quem da língua pede beijo! No seu caso do Connor.–Gritei e pude ouvir os passinhos rápidos de Miranda e logo ela apareceu novamente na porta do meu quarto.
–Vai arranjar o que fazer, vai. E não se meta nos meus rolos com o Connor. Seu quiser eu posso arranjar um encontro pra você com o irmão dele, o Tra...–Eu a interrompi antes de ela dizer à besteira que diria.
–Não ouse citar esse nome dentro do meu quarto. Muito menos insinuar que eu iria a um encontro com esse porcaria.–Miranda saiu novamente do quarto.
–Tenha consciência de que as porcarias são as melhores.–Ela gritou barra cantarolou já na porta da frente da casa, me deixando furiosa para trás.

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Olhei no relógio. Faltavam cinco minutos pro meu programa começar. Eu estava super atrasada, nem ao menos tinha ligado os aparelhos. Desci três lances de escadas até chegar ao porão, lugar que eu costumava chamar de estúdio.

P.O.V:Travis

–Connor!!! - Gritei por meu irmão mais novo.–Você viu meu rádio de pilhas?

–Travis, meu querido irmão, não precisa me deixar surdo por causa daquela coisinha dos anos cinquenta!!!–Ele disse, gritando a última frase.

Connor entrou em meu quarto, tropeçando em algumas latinhas de tinta em spray que havia esvaziado nas últimas noites. Aproximei-me bruscamente e o levantei pelo colarinho da camiseta polo cor-de-rosa, me aproveitando dos poucos centímetros a mais que eu tinha de vantagem sobre ele.
–Olha aqui, miniatura, seu eu perder o programa da Green Eyes, vou te culpar para todo o sempre de nunca ter encontrado o amor da minha vida!–Gritei e dei um sorriso cínico. Connor me olhou, com os olhos azuis quase saltando das órbitas, mas logo depois gargalhou.–Tá rindo do que tampinha? Eu to falando sério, me devolve o meu rádio.
–Okay, okay. Você venceu. Mas seria mais legal ainda se você me soltasse, porque está amassando a gola da camisa que eu acabei de passar.–Eu o soltei e ele tirou meu rádio verde do bolso da calça e me entregou.
Eu o analisei da cabeça aos pés.
–Arrumado, roupas passadas, banho de perfume. Isso me leva a duas opções: ou você vai sair com a Gardner mais nova, ou virou marica. Mas acho a primeira mais viável, já que a Miranda gosta mesmo de caras maricas.
–Desde quando a minha vida é da sua conta?–Connor levantou as sobrancelhas.
–Desde que você nasceu e roubou meu cargo de bebe da mamãe.–Eu disse, já colocando os fones de ouvido. Connor encostou-se ao batente da porta e me fitou curioso.
–Você sabe que essa tal “pista” que a Green Eyes vai dar é que ela tem olhos verdes não sabe?–Ele disse, sério. Não o respondi.–NÃO SABE?
–Eu sei Connor, eu sei.
–Olha cara, eu só não quero que você se iluda e perca uma vida toda por causa dessa tal garota que você nem sabe se existe. Eu não gosto nem de lembrar o que aconteceu da última vez.

Meus olhos marejaram e a súbita vontade de me trancar e chorar como um bebê me atingiu em cheio. Se Connor não gostava de se lembrar, muito menos eu. Me joguei na minha gigante cama.

–Esquece isso Connor, eu não vou deixar isso acontecer de novo, você sabe que não.
–Tudo bem, eu já entendi. Agora, se me da licença, eu tenho um encontro.
–Com quem?
–Quantas vezes eu vou ter que repetir que isso não é da sua conta em?
Ouvi o barulho da porta da sala batendo e liguei o rádio na estação dela.
“Olá minhas jujubas, e começa mais um programa da Green Eyes...