Vida Irônica

Eu já te avisei!


Ao chegarmos no aeroporto, perguntei:

– Aonde vamos passar nossa "lua de mel"?

Draco olhou-me, com as sobrancelhas franzidas, e respondeu:

– Na Califórnia. Por quê?

Dei de ombros e respondi:

– Apenas quero saber onde irei passar a noite.

Eu já tinha tirado meu vestido de noiva e posto um outro que era da cor azul escuro, era de veludo e ia até a altura dos joelhos. Eu continuava usando saltos, e aquilo estava me matando. Meu cabelo descia ondulado por causa da trança até o meio das costas.

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Draco e eu andávamos de mãos dadas, tentando parecer o casal cheio de amor que obviamente não éramos. Ele fez todo o processo normal e nós nos sentamos, cheios de sorrisos bobos e falsos e olhares possivelmente apaixonados.

Finalmente a hora de embarcar havia chegado, mas a viagem não demorou tanto assim. Depois de algumas horas, chegamos na Califórnia. Íamos passar algum tempo num hotel enorme e luxuoso, até irmos para "nossa casa". Essas palavras me davam náuseas.

Soltei-me de Draco e passei a mão em minha testa, já prevendo uma terrível dor de cabeça. O taxista que havia nos levado até o hotel tirou as malas de trás do carro e nos entregou, enquanto Draco pagava. Agarrrei minhas três malas e marchei para dentro do hotel, com Draco bem ao meu lado, com suas... cinco malas?!

– Por que tanta mala? - perguntei.

– Ah, Granger... digo, Sra. Malfoy– disse ele com um sorrisinho debochado. - Nem queira saber o que tem aí dentro.

Achei melhor não perguntar mais nada, para o meu próprio bem.

Draco pegou as chaves do nosso quarto e nós subimos as escadas, entrando em um corredor e parando na frente do quarto 211.

– Vou guardar as minhas malas e vou deixar você aqui para você tomar banho, se arrumar e tudo mais, ok? - falou ele.

– Tudo bem. - falei, feliz que ele pelo menos respeitasse o meu espaço.

Óbvio que eu não queria me casar com Draco. Eu sabia que ele teria um caso com qualquer uma de suas vadias e não gostaria de vê-lo bêbado nem aqui nem na China; então, já era um avanço ele respeitar meu espaço. E não, eu não estava com ciúme de vê-lo com essas mulheres, para mim nem importa, ele pode ter um aras cheio delas, mas eu tinha minha dignidade. Eu tinha casado, mesmo contra minha vontade. Era dever dele não me trair, pelo menos não na minha frente.

Ele entrou no closet e depois rapidamente saiu. Suspirei duas vezes antes de entrar no closet para deixar minhas malas.

O closet era enorme, provavelmente maior que o quarto. Mas estava vazio.

Era assim que eu me sentia. Enorme, porém vazia.

Larguei minhas malas no chão, como fizera Draco, tirei uma toalha de dentro de uma das minhas malas e entrei no banheiro.

Tomei um banho longo e relaxante, esquecendo temporariamente de tudo. Depois, me vesti com um vestido longo cor de marfim que ia até os pés. Calcei uma sandália branca (ninguém veria mesmo), peguei um óculos escuro e saí do quarto.

Ao chegar na parte da piscina, sentei em uma cadeira grande e me estiquei nela.

Depois, peguei meu telefone no bolso e disquei um número. Ela atendeu no primeiro toque.

OIIIII!!! COMO É QUE VOCÊ ANDA, FÓFIS? MEU AMOR, QUE SAUDADE DE VOCÊ! – gritou ela.

– Ai, Gina! Quer me deixar surda?

Gina sempre foi minha melhor amiga, desde que me entendo por gente. Apesar dela ser irmã do Ronald, ela que me apoiou quando descobri aquela maldita traição.

Ai, desculpa, amiga! Mas é que eu fiquei surpresa demais e muito feliz com seu telefonema, precisava dar este chilique! Mas me conta, quê que tá pegando?

– Casei. - falei simplesmente.

Gina gritou durante dois minutos e meio e depois exclamou:

Não brinca! E quem é o sortudo? Meu Jesus, passo uma semana fora e as novidades são tão quentes! Acho que não posso me ausentar mais!

Contei à ela que havia casado com Draco, embora obrigada.

Já contei que odeio aquele seu padrasto? Cara malvado, doente, cruel! Você não devia ter consentido, Hermione, que foi que eu já te falei, hein? Toma uma atitude, gata!

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– Gina, a gente precisa se ver. E adivinha onde é minha... lua de mel? Na Califórnia! Precisamos conversar urgente!

AHHH!!! Você está no mesmo lugar que eu, que TUDO!! Você sabe onde é aquele café, o Sophie's Coffe? Vou estar lá te esperando, me conta tudo!

E ela desligou na minha cara. Ah, Gina sempre foi assim. Espontânea. Um doce de garota (falando ironicamente).

Levantei-me e digitei uma mensagem para Draco, avisando que ia me encontrar com Gina. O desgraçado não respondeu, mas não me importei, pois eu veria Gina finalmente.

Decidi gastar um pouco do dinheiro da conta dele, já que agora era meu também.

Paguei o táxi e cheguei no tal café. Lá estava Gina, embora um pouco diferente; os cabelos ruivos estavam curtos, ela estava mais bronzeada e seus olhos estavam mais brilhantes. Ela estava com uma camisa larga e um jeans preto.

Andei rápido até ela e, como ela estava de costas, assustei-a, berrando:

– Oi, Gina!

Ela virou-se mais que depressa, com um sorriso gigante, e me esmagou, dizendo:

– Ah, Mione! Estava sentindo tanto a sua falta! Você está tão linda!

Ela finalmente me largou e indicou a cadeira que estava na sua frente. Dirigi-me a cadeira, massageando as costelas, e sentei-me.

– Obrigada. - consegui murmurar.

– De nada! Agora, me conta tudo, nos mínimos detalhes! No telefone não deu para ouvir direito...

Contei tudo mesmo e ao terminar, Gina encarava-me com a boca aberta e os olhos esbugalhados. Ela engasgou-se com o café quando foi beber um gole e depois exclamou, altíssimo:

– O QUÊ?!

– É isso que você ouviu, agora será que dá para parar de gritar? Todos estão olhando. - falei, corada.

Todos do café nos olhavam. Depois, eles balançaram a cabeça em negativo e voltaram as suas vidas.

– Que se dane! Vem, Hermione! Vamos fazer compras, você - ela apontou para mim - vai ficar es-tu-pen-da!

– Mas, Gina, eu não quero gastar um dinheiro que não é meu!

– Claro que é, você casou com ele! Agora anda, não queremos chegar tarde, ou seu "maridinho" - ela deu um risada - vai reclamar!

– Gina, você me paga!

Gina arrastou-me pela mão, chamou um táxi e levou-me à uma loja, muito refinada, por sinal. Me senti envergonhada; estava apenas com um vestido longo e uma sandália. Gina continuou a me puxar e já na loja corei ainda mais. As atendentes nos olhavam com uma espécie de curiosidade e arrogância; nunca mais voltaria naquela loja, a não ser se fosse para esfregar na cara delas que eu rica, e muito!

Escolhemos algumas muitas roupas e Gina me fez provar todas elas. No final, levamos três vestidos, duas saias, cinco blusas e três short.

– Olha, aqui nós não pagamos parcelado. - falou logo a atendente do caixa.

– Não querida, ela vai pagar à vista mesmo. Nós temos dinheiro, e muito. - falou Gina, ameaçadora.

A atendente pegou meu cartão e passou todas aquelas roupas. Pegamos todas as sacolas e então me despedi de Gina com um abraço, já fora daquela loja que me dava náuseas.

– Tchau, amiga! Se cuida e me liga! - berrou Gina.

Acenei enquanto entrava no táxi. Já estava de noite; o tempo havia passado tão rápido... era sempre assim quando eu estava com Gina.

Na verdade, já eram oito da noite! Pedi ao taxista para acelerar.

Entrei no hotel e pus o óculos em cima da cabeça, já pegando a chave no bolso. Subi a escada e entrei no corredor, parando em frente ao quarto 211.

Gemidos pareciam vir de lá. Bufei de raiva; eu não estava acreditando que aquilo estava acontecendo!

Girei a chave e abri a porta com um chute, tendo a confirmação do que eu pensava assim que a porta se escancarou.

Lá estava Draco, apenas com o jeans, beijando uma mulher semi-nua embaixo dele.

– DRACO! - berrei.

Draco separou-se daquela mulher com um pulo.

– Essa que é a sua esposa? - perguntou a mulher, com um leve sarcasmo.

– SIM, SOU EU! - gritei, provavelmente vermelha de raiva. - DRACO, SE QUISER ME TRAIR COM ESSAS VADIAS, PRA MIM POUCO IMPORTA, DESDE QUE VOCÊ O FAÇA LONGE DE MIM!

– Hermione... - falou Draco.

A esta altura, aquela mulher já havia saído.

– FORA DAQUI! - berrei.

Draco juntou sua camisa no chão, vestiu-a e foi embora, fechando a porta atrás de si.

Afundei na cama, cobrindo meu rosto com as mãos. Levantei-me e fui ao banheiro.

Passei uma água no rosto, que estava pegando fogo, e juntei as sacolas que eu havia jogado no chão sem perceber.

Arrumei minhas roupas na gaveta, tentando me distrair. Coloquei uma música no som que havia no quarto e tudo ficou mais calmo.