Sangue e Alma

Fofocas


RONY

Quando saí da Sala Precisa, estaquei ao me deparar com nada menos que vinte pessoas agrupadas me esperando do lado de fora. No meio delas, estava Gina, que dava risadinhas bestas igual um gnomo.

Se eu tinha algum companheirismo e carinho por ela nos últimos dois dias, neste dia eles evaporaram feito água fervente.

– Tudo bem? - indagou Gina, olhando de esguelha para o bando de xeretas atrás de nós.

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– Estou - resmunguei, olhando para os nossos colegas que me encaravam com olhares assombrados - o que esse povo todo veio fazer aqui?

– Estávamos curiosos para saber como a Hermione está - disse Dino, dando de ombros - e, ahn... como você está fazendo para... você sabe...

– Alimenta-la? - revirei os olhos.

– É, tipo isso.

Com essa, até Luna riu.

– "Tipo isso"?

– Cala a boca, Luna.

– E então? - disse Parvati, empurrando Luna para o canto.

– Ela está melhor. Eu diria que está quase... normal - olhei para a porta da Sala Precisa, sentindo um estranho aperto no estômago.

– Hum... que bom, cara - Harry surgiu não se sabia de onde no meio do grupo - ela está reagindo bem à rotina?

Assenti, sem prestar realmente atenção. Estava estranhando aquela reunião súbita para discutir sobre o estado de Hermione. Eu duvidava que todas aquelas pessoas tivessem vindo ali só para saber sobre isso.

– O que está acontecendo? - suspirei para Gina.

– Como assim? - a poker face de Gina não me enganou nem um pouco.

Foi a vez de Dino suspirar.

– Queríamos saber se, sabe... os outros vampirizados poderiam... ahn... ter uma vida mais tranquila nesta semana.

A expressão agoniada dele parecia berrar o nome de Cho Chang. Pobre Dino.

– Mas Hermione... - comecei, sendo interrompido por Gina.

– Nós sabemos. Hermione é controlada, é diferente, etc - ela balançou as mãos, afobada - mas ela é o único parâmetro que temos, não é? Por que não podemos tentar seu "método" com outros vampirizados também?

– Nem todos são como a namorada dele - bufou Terêncio Boot.

– Vai catar coquinho, Boot.

– Ele tem razão - Córmaco comentou - você não soube da Angélica? Ela atacou o irmãozinho mais novo que veio visita-la na enfermaria com os pais...

– É um caso á parte, não é, Córmaco? - indaguei, engolindo em seco. Um vampirizado atacar alguém para defender outra pessoa ainda era aceitável. Mas se os outros vampirizados estavam atacando pessoas da própria família, então a coisa estava feia.

– Só é um caso isolado por que as pessoas tem o juízo de ficarem longe dos vampirizados - Gina murmurou, parecendo aborrecida - com os outros é só a rotina de ficar longe e dar doações. Metade deles estão acorrentados nas masmorras. A Angélica foi para lá depois que levaram o menino para Saint Mungus. Só Deus sabe se vão conseguir reconstruir o braço dele.

– Ela arrancou o braço dele?? - eu estava ficando ligeiramente nauseado.

– Foi... mas isso não vem ao caso, Weasley - Dino estava ficando mais pálido á a cada momento - como o Sr. Bíceps falou, foi uma fatalidade. O que a gente quer saber é se você acha que nós possamos ajudar os vampirizados menos "brutais" á passarem por essa semana da vampirização de um jeito mais agradável do que acorrentados nas masmorras. Não sei se alguns aqui perceberam, mas ainda são nossos colegas... nossos amigos... pessoas que nós amamos. Não são animais.

Ele fez uma pausa aflita ao acabar seu pequeno monólogo. Todos o olhavam com expressões reflexivas.

– DIno tem razão - Gina se virou para mim - e então, Rony? O que você acha?

Olhei para Dino e vi um reflexo da minha preocupação e angústia. Ele também queria que a namorada fosse tratada melhor do que como uma besta sanguinária.

– Dino tem razão... acho que o que os aurores e os outros aqui deviam fazer é tentar melhorar o cotidiano de todos os que estão doentes, e não joga-los na sarjeta.

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– Então, fechou - Gina bateu palmas - assim que sairmos daqui, vamos conversar com Madame Pomfrey, a Professora McGonnagal e os aurores - ela revirou os olhos - o que foi agora, Dino?

Dino olhou esperançoso para a Sala Precisa. E eu definitivamente bufei.

– Bom, se vocês querem mesmo fazer isso, é melhor terem ideia de com o que estão lidando. Venham comigo.

– Bem vindos á exposição de vampirizados - brincou Gina.

Olhei para ela. Será que se eu lançasse um sectumsempra na testa dela, ia fazer muita sujeira no corredor? Eu realmente estava querendo descobrir, mas me contentei á revirar os olhos.

Dei meia-volta e empurrei a porta da Sala precisa para abri-la outra vez.

Capítulo 11

A visita de meio mundo ao meu novo lar provisório foi um fiasco tão ridículo que até agora remoo uma vontade louca de morder Rony, mas não mais por causa da sede de vampirizada.

Em resumo, vários colegas nossos entraram na Sala Precisa e me observaram assustados como se eu fosse um experimento científico que havia dado errado. Rony mostrava o lugar e os objetos e falava sem parar, mas eu tinha apenas parte de minha atenção focada no que ele dizia. Estava ocupada demais analisando as reações dos nossos pobres amigos.

Quando ele chegou no bisturi, Ana Abbot finalmente desmaiou. Todos deram a volta nela como se nada houvesse acontecido e continuaram a observar meu namorado palestrante.

Assim que Córmaco passou pela porta afora carregando o peso quase morto de Ana, olhei enviesada para Rony, perguntando o que raios havia acontecido ali.

– Eles queriam... melhorar o tratamento dos outros vampirizados - ele deu de ombros.

Ótimo... agora eu ia ter inquilinos na minha nova casa. Minha exasperação devia estar bem evidente, pois Rony gargalhou ao ver minha expressão.

Tentei não ser rabugenta quando ele me puxou para seus braços, me abraçando.

– Ora, Hermione, não vai ser tão ruim. Na verdade, os outros vão te observar e provavelmente vão aprender a se comportar bem durante a semana. Quem sabe a gente até possa botar vocês juntos com os outros na Torre daqui a algum tempo.

Recuei, balançando a cabeça. Eu estava controlada, sim. Eu me mataria antes de machucar alguém, sim. Mas isso não queria dizer que eu podia chegar e começar á fingir que era só mais uma humana normal. Os outros vampirizados tão pouco conseguiriam também.

Revirei os olhos e me aninhei outra vez em seu abraço. Era tão bom... por um momento maravilhosos, eu podia me esquecer que estava vampirizada, que tinha acabado de sair de uma batalha sangrenta e de que meus pais estavam longe de mim. Por um momento, só havia eu e Rony no mundo.

Ele apertou o abraço, juntando seu corpo mais perto do meu. Tremi ao sentir seu beijo tímido em meus cabelos.

– Eu nunca mais vou sair perto de você. Nunca mais.

Aquelas palavras provocaram uma onda de ternura e carinho que eu não esperava sentir num corpo tão debilitado e inumano. Me senti quente, amada... protegida. Como eu só me sentira durante a vida com o amor de meus pais.

O sangue que latejava em seu ombro ainda me atraía, mas eu não estava pensando naquilo no momento. Pela primeira vez desde a vampirização, me senti completamente humana e normal. Eu era outra vez uma menina de cinquenta e cinco quilos, boba, apaixonada e viciada em estudos, como havia sido durante aqueles sete anos anteriores, e não uma máquina sedenta de sangue capaz de matar.

Parecia que tudo ia, sim, entrar numa linha de trilhos onde o "felizes para sempre" não era uma ideia tão absurda.

Mas até mesmo um trem muda de trilhos de uma hora para outra... e decididamente alguém puxou a alavanca do nada em nossas vidas naquela semana...