Oathkeeper

Jaime


— Mas nós já nos conhecemos, Alayne. - Jaime se lembrava de dizer. - Ou devo te chamar de Sansa Stark?

Estúpido. Eu sou estúpido, refletiu enquanto fitava suas correntes. Com certeza Tyrion saberia lidar melhor com a situação, de uma maneira que não pararia onde eu estou agora. Tyrion estava certo quando sempre dizia que eu era o irmão bonito, e ele o esperto.

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Agora que ele estava preso na Cela do Céu, uma das masmorras mais infames de Westeros, percebia que havia feito uma maldita bobagem. Oh, Brienne, me desculpe. Pensar na dama o fazia entrar em desespero. Sabia que a moça também estava em alguma dessas masmorras, e esperava que ela fosse aguentar ficar o tempo que fosse necessário.

Jaime sentou-se o melhor que pôde nessas espécies de prateleiras íngrimes, fazendo o melhor para não olhar para o céu aberto. Seus dentes tremiam pelo frio, e sabia que seu bigode estava congelando.

No momento em que o Lannister, nada sutil, disse que conhecia Sansa, Petyr mandou prendê-lo por molestar sua filha de quinze anos. Ele não tinha provas, mas era o Protetor do Vale, e podia fazer o que quisesse.

— A Senhora também, Senhor? - Perguntou um dos guardas que segurava Brienne pelo braço, enquanto a mesma protestava em vão.

— Sim, essa mulher asquerosa também ia abusar de minha linda e inocente filha! - Gritou Petyr, vermelho de raiva.

Jaime deixou sua cabeça encostar na parede de rocha, e se permitiu fechar os olhos por alguns instantes, sem conseguir ou ousar dormir.

Passaram três dias que Jaime estava preso. Os guardas apareciam uma vez ao dia para levar um pouco de água e um pedaço de pão embolorado. Faziam três dias que o Lannister não dormia, sentia sua cabeça pesando. Talvez só um pouquinho... Se permitiu fechar os olhos e deitou no chão.

Após alguns instantes, seu corpo começou a escorregar, e Jaime gritou pelo susto, e voltou a se sentar no canto da masmorra.

No quinto dia, um guarda entrou na parte da noite em sua cela:

— Regicida! - Gritou - Venha comigo.

Levantou sem gentileza o Lannister, que fez muito esforço para tal movimento. Sua cabeça doía pelo frio, fome e sono.

— Cadê a Brienne? - Perguntou, sua voz rouca pelo pouco uso. - Eu quero vê-la. Aonde está Brienne?

O homem não o respondeu. Jaime queria esmurrá-lo, mas não tinha forças nem para pensar direito.

Percebeu que estavam levando-o para descer a montanha. Colocaram Jaime em cima de uma mula. O mesmo dormiu o caminho inteiro, sabendo que a qualquer momento podia cair e morrer. Parecia não se importar com isso.

Chegando em superfície plana, avistou Brienne presa e com um saco na cabeça, sentada no dorso do cavalo. Olhou para o lado e congelou. Melisandre. Aquela puta vermelha nos encontrou. O mesmo que fizeram à dama de Tarth, também fizeram à Jaime.

— Para onde estão nos levando? - Perguntou Jaime. Sua intenção era ter gritado, rugido, mas só saiu uma voz um pouco mais forte que um sussurro.

— Sor Jaime? - Perguntou Brienne, claramente aliviada.

— Brienne, estou aqui.

Jaime tateou a mão da moça no escuro, tentando, em vão, achá-la para poder segurá-la, sentir sua pele quente e macia. Mas não conseguiu. Vamos sair dessa, prometeu para si, mesmo tendo poucas esperanças.

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O Lannister sentia o cavalo balançando, mas tudo em sua volta estava escuro. Havia apenas um buraco perto do nariz, para poder respirar. Aquela escuridão estava começando a deixá-lo louco.

Cavalgaram por quase décadas, na visão do Lannister. Era difícil ter uma noção do tempo quando tudo estava escuro. Só tirava o capuz dele quando era para entregar um pouco de comida e água. Suas coxas e costas doíam, e ele ansiava por uma cama.

Finalmente, os cavalos pararam e sentiu alguém tirando seu capuz. Jaime pôde ver os homens da mulher vermelha ao seu redor, e Brienne no cavalo ao lado, parecendo tão abatida e dolorida quanto ele.

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Então Jaime olhou ao seu redor e reconheceu: estavam em Pedra do Dragão.

Olhou para Melisandre com ódio, seus olhos de esmeralda com um brilho muito perigoso.

— Você vai pagar por isso. - Disse, sua voz rouca, quase um sussurro.

— Quieto, Regicida! - Gritou um guarda. - Esta é Melisandre, dirija-se a ela com mais respeito.

— E você fale com mais respeito com Sor Jaime. - Rugiu Brienne.

— Tenho certeza que Sor Jaime está cansado da viagem. - Disse Melisandre, com sua voz de seda calma como sempre - Levem-no para os meus aposentos privados. Tranquem a Regicida Brienne.

Jaime deu um olhar de relance em sua dama de Tarth, a mesma parecia furiosa. Talvez não por trancá-la, mas sim pela ordem de levar o Lannister para o quarto da mulher vermelha.

Os guardas empurraram ambos do cavalo, caindo lado a lado. Jaime pôde sussurrar em seu ouvido:

— Eu te amo.

Brienne o olhou, com seus olhos de safira arregalados e úmidos, e respondeu em sussurro:

— Fique bem. Fique vivo. Eu também o amo.

Jaime assentiu, sentindo sua visão embaçar. Três guardas ora carregavam ora arrastavam Brienne até a porta do castelo, em direção à alguma cela.

Então sentiu dois guardas segurando seus braços, levando-o para o quarto de Melisandre. Jaime tropeçou algumas vezes, quase não sentia suas pernas de tão dormentes que estavam.

Os homens soltaram suas correntes e o jogaram no chão do quarto, e o mesmo bateu o nariz no solo duro. Deu um gemido de dor. Ouviu os guardas trancando sua porta. Também estou preso, pensou. A única diferença é que minha cela tem comida, vinho e uma mulher.

O Lannister se levantou com dificuldade, e viu que havia uma roupa vermelha e dourada a espera do mesmo na cama de seda também vermelha.

Jaime se despiu, e entrou em sua pequena banheira. Sentir a água quente em seus ossos foi quase uma benção. Se esfregou, percebendo que a água ia ficando escura a cada instante que a sujeira ia saindo de seu corpo. Não pôde deixar de pensar no banho que compartilhou com Brienne de Tarth em Harrenhal.

Involuntariamente, lágrimas escorreram dos olhos do leão.

Preciso salvá-la. Estava tão farto de serem capturados e de nada dar certo, só queria poder levar sua dama para algum lugar quente e bonito para viverem seus dias trocando carícias e sorrisos.

De repente, a água da banheira pareceu esfriar. Jaime se levantou e colocou sua roupa. Os morangos enormes e vermelhos que haviam na cabeceira da cama o tentaram. Podem estar envenenados, refletiu. Mas não creio que Melisandre mataria o "Azor Ahai".

Enquanto discutia internamente se pegava ou não um morango, uma voz o surpreendeu, fazendo o mesmo se arrepiar com o susto:

— Esses morangos estão deliciosos. Experimente um.

Jaime não ouviu os passos da mulher vermelha. Agora, em seu vestido vermelho longo, parecia deslizar até a cama onde o Lannister estava sentado. Ele afastou a mão das frutas.

— Não, obrigado. Estou sem fome, vocês me alimentaram muito bem no caminho para cá. - Disse, ironicamente. A mulher vermelha abriu um sorriso tímido.

— Me desculpe por isso. - Respondeu, entendendo sua ironia sentando-se ao lado dele na cama. - Precisava alimentar meus homens e a sua amiga Brienne também.

Jaime a analisou. Que jogo ela pensa que está jogando comigo? Sem dizer mais nada, Melisandre levou sua mão para a roupa do leão, desabotoando-a, deixando seu peito nu.

— Espero que tenha gostado das cores que escolhi para sua roupa.

— São as cores dos Lannisters.

— Eu sei. - A mulher vermelha deslizou seus dedos finos e brancos pelo peito de Jaime, e o mesmo sentiu arrepios. A mesma levou sua boca até o ouvido dele, sussurrando: - Possua-me, Azor Ahai.

E se levantou, ficando na frente dele. Começou a tocar sua própria barriga, subindo sua mão branca pelo contorno dos seios, e parou no rubi em seu pescoço.

— Bonito colar. - Jaime disse.

— Você gosta? - Ela perguntou, e então desamarrou o próprio vestindo, ficando nua na frente do Lannister.

Jaime se levantou imediatamente, ficando de frente para a mulher vermelha, que pegou a mão do mesmo e levou até seu mamilo endurecido. O Lannister acariciou o mesmo, subindo a mão lentamente pelo pescoço dela.

Deu o melhor dos seus sorrisos sedutores. Segurou o colar dela com a mão esquerda e o puxou com todas as forças. A mesma começou a se debater, tentando em vão respirar, enquanto Jaime olhava em seus olhos. As esmeraldas estavam quase negras de tanto ódio. Melisandre tentou se defender, mas sua vida já estava desvanecendo. Seus olhos vermelhos perdendo o brilho, então, Jaime sussurrou em seu ouvido:

Sim, seu colar de rubi é bonito. Mas prefiro safiras.

E então, a mulher vermelha caiu, morta, em seus braços. Jaime jogou seu cadáver nu, branco e vermelho, no chão.

Pegou uma adaga que estava em cima da cabeceira, ao lado dos morangos, e foi em busca de sua Brienne de Tarth.