Sociedade Devoradora de Cérebros
Cantina
Se passaram pelo menos 5 minutos de silêncio e encaradas até alguém resolver falar alguma coisa, Fred, que estava olhando pela janelinha da porta, quebrou o silêncio:
– Bom, temos uma missão. Não podemos ficar lamentando a morte dele e ficar com medo, e como o "doente" - Ele diz com tom irônico - já foi embora, acho que podemos sair.
– Fred tem razão, se esperarmos muito tempo, vai anoitecer e as coisas podem piorar bastante se os doentes tiverem "visão noturna". - Rachel olha para Fred com seu olhar de menosprezo e voz sarcástica.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Tínhamos que sair, eu começo a puxar a mesa que Fred e Jack haviam usado de barricada para a porta fazendo o menor barulho possível, logo os dois chegam para me ajudar, Jack ainda estava com cara assustada, mais do que todos nós. Ao terminar de puxar, eu abro a porta e vejo se o corredor estava realmente limpo, e estava. Via-se apenas o corpo morto do garoto que deixamos para trás. Faço um movimento com as mãos para me seguirem e andamos em silêncio pelo corredor até chegar à escada, descemos.
Ao chegar no corredor do primeiro andar, Rachel aponta para a porta dos fundos da escola:
– Aquele é o caminho mais rápido para chegar à lanchonete.
– Mas não sabemos se há zumbis lá ou não, já olhamos o caminho da porta da frente e estava limpo... - Fred responde, com rapidez.
– Em primeiro lugar, pare de usar essa palavra, por favor, é ridícula, eles tem uma doença recém-descoberta e estão manifestando os sintomas, não são monstros genéricos de algum filme antigo. - Rachel olha séria para Fred. - E em segundo lugar, verificamos o caminho da frente já faz um tempo, então não faz diferença.
– Quem te elegeu como líder do grupo ?
– Ninguém, porém eu sou claramente a mais inteligente, e talvez a única que percebe oque realmente está acontecendo aqui e não fica falando de zumbis e baboseiras de nerd ! - Rachel começou a levantar a voz, quase como um grito.
– Amor, fala um pouco mais baixo. Não queremos fazer barulho. - Jack quase sussurra em seu ouvido.
– Muito bem. - Rachel falava, agora com voz normal, após receber um beijo de Jack.- Nós vamos pelo caminho dos fundos, vocês vão por onde quiserem.
– Quê? - Jack soltou, com cara preocupada.
– Nem mais um piu. - Rachel se vira e o leva pela mão pelo corredor em direção à porta.
– Eu quero ir por onde ela for. - Laura os segue.
– David... - Fred diz, olhando pra mim.
– Haja paciência. - Murmuro, enquanto seguíamos os "rebeldes".
– Caiu a ficha ? - Rachel diz, olhando pra trás.
Ao chegar na porta, via-se do lado de fora o pátio, com as cadeiras e guarda-sóis usados para conversar e comer os lanches da cantina, que ficava logo acima, um grande quiosque aberto coberto por uma lona azul que fazia muito barulho quando chovia, apenas a cozinha era fechada.
Tudo estava completamente devastado, nada estava no lugar, cadeiras caídas, guarda-sóis do outro lado do pátio cobertos de sangue e até 6 ou 7 corpos de estudantes no chão, não era nada lindo de se ver.
– Não podemos pegar as comidas do balcão, os mostruários se estilhaçaram e está tudo caído no chão. - Fred observa.
– Obrigado por nos avisar o óbvio, teremos que ir para a cozinha. - Rachel nem olha pra trás.
Fred atrasa um pouco o passo e chega do meu lado para sussurrar:
– Não vamos ficar com eles pra sempre, né ? Vamos nos separar.
– Não sei, amigo.
Chegamos na porta de entrada da cozinha, Jack tenta abrir e não consegue:
– Está trancada, acho que...
– Vocês não podem entrar. - Uma voz feminina fala do outro lado da porta.
– Por favor, precisamos de comida. - Jack implora.
– Algum de vocês está mordido ?
–Não. Não que eu saiba.
Um silêncio fica no ar por alguns segundos, ouve-se discussões do lado de dentro:
– Não parece confiável, fiquem aí fora e não tentem mais entrar !
– Por favor...
– Se continuarem aí fora vou atirar em todos vocês.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Vocês tem uma arma ? - Rachel parece desconfiada.
– Sim, e não estou blefando.
– Ela está mentindo. - Rachel sussurra para Jack, que parece um pouco mais feliz.
Jack começa a bater na porta, parecendo desesperado.
– NOS DEIXEM ENTRAR, NÃO PODEMOS VOLTAR SEM COMIDA !!!
A voz de dentro começa a gritar também:
– EU JÁ MANDEI VOCÊS DAREM O FORA DAQUI !! SEUS GRITOS VÃO ATRAIR OS ZUMBIS!!!
– Doentes...- Rachel diz, em tom de impaciência.
– POR FAVOR, É SÓ UM POUCO DE COMIDA!! - Jack continua.
– Jack, eu acho melhor você parar, eles não vão abrir a porta. - Chego perto dele, que nem me ouve.
– VAMOS ARROMBAR A PORTA !! - Jack grita ainda mais alto.
– NÃO SE ATREVAM !!
Jack começa a chutar a porta com força, fazendo muito barulho.
– ABRAM AGORA !!
A porta se abre e a cozinheira sai de lá com uma escopeta, ela era extremamente gorda e usava seu uniforme e uma touca de cozinha, nunca foi boazinha, porém parecia particularmente psicopata enquanto estourava a cabeça de Rachel com um único tiro em uma enorme explosão de sangue que fez muito barulho. Gritos distantes ecoam pelo pátio, não gritos comuns, de doentes. Eles ouviram e estavam vindo.
– Droga ! - Diz a cozinheira e entra na cozinha novamente, deixando cair a escopeta para o lado de fora.
Fred e Laura estavam paralisados de terror, não importa quanta violência você vê na televisão ou video-game, na vida real é muito pior. Jack deixava cair lágrimas enquanto olhava para o corpo:
– Docinho...- Ele diz, soluçando.
– Jack... Temos que ir.
Jack senta no chão e pega o corpo decepado de Rachel no colo, chorando.
– Não faz isso comigo, volta pra mim !- Ele começa a gritar - Você não tem esse direito ! - Sua camiseta já estava encharcada de lágrimas e ele começa a abraçar o corpo no chão.
– Jack, temos que ir. Agora . - Eu chego perto.
Ele pega a escopeta do chão.
– Jack, não...
Jack pega a escopeta com a mão tremendo, e coloca o cano em sua boca, dizendo, com dificuldade:
– Para sempre te amarei, te amarei para sempre.
– Jack, larga essa arma agora. - Tento convencê-lo com a voz séria.
– Qual é a razão de viver, se não terei você ? - Ele estava me ignorando por completo.
Me ajoelho e minhas mãos chegam perto da arma com calma:
– Jack, eu vou tirar essa arma de dentro da sua boca e vai ficar tudo bem, ok ?
– A morte pode tentar nos separar, eu não permitirei. - Ele fecha os olhos.
Movimentos bruscos são complicados, muitas vezes não se pode entendê-los. Eu tinha certeza que Jack iria puxar o gatilho naquele exato momento, eu precisava fazer alguma coisa, seria um covarde ainda maior se não fizesse nada. Naquele exato momento, tudo foi rápido demais, eu tento pegar a arma o mais rápido possível, não podia deixá-lo se matar, naquele momento, minhas mãos tocam as dele e eu, inconscientemente, aplico um pouco de força em seus dedos, naquele momento, o cano da arma solta o projétil e mais uma vida é perdida, naquele momento, eu não sabia se a culpa era minha.
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