Our love is like a song

Capítulo 4 - Meu Erro


“Você diz não saber
O que houve de errado
E o meu erro foi crer
Que estar ao seu lado
Bastaria”

Meu Erro – Paralamas do Sucesso

~~

Pedras erram arremessadas em minha janela. Não queria ouvir o que ele tinha a dizer, não me importava. Coloquei a música no volume máximo em meus fones de ouvido e respirei fundo para não ceder às tentações.

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O grande problema de se apaixonar por seu melhor amigo é que a vida real não funciona como um livro ou uma história fictícia. Na vida real não há qualquer garantia de que esse tipo de situação daria certo. Pelo contrário, a chance de dar tudo errado era ainda maior do que na ficção. Óbvio que comigo não seria diferente. Minha sorte era horrível, afinal.

Claro, eu queria que desse certo, que, no mínimo, não desse merda. Tentei ficar ao seu lado o máximo que pude. Tentei ouvi-lo falar de outras pessoas pelas quais ele se interessava, tentei ajudar com tudo o que eu podia, mas tudo tem um limite. Geralmente meu limite com relação a Marco era bem grande. Antes dessa situação toda eu o julgava infinito.

Aquela música fazia tanto sentido para mim naquele momento... Como eu pude ser tão idiota? Como eu pude pensar que estar ao lado dele como seu melhor amigo seria o suficiente?

Meu celular vibrou. Eu ignorei. Sabia que era ele.

Talvez se eu ficasse bem quieto ele pensasse que eu estava dormindo e fosse embora. Talvez se eu o ignorasse as coisas ficariam mais fáceis... Talvez...

Acho que seria interessante explicar como cheguei nessa situação de estar ignorando meu melhor amigo enquanto ele tentava falar comigo a qualquer custo, certo? Certo.

Ymir, uma colega nossa do colégio, deu uma de suas grandes e famosas festas – extremamente conhecidas pela quantidade de álcool, maconha e putaria envolvidas nelas. Marco nunca ia nesse tipo de festa. Não era a cara dele. Mas Jaeger o havia convencido de ir. Importante notar que eu já havia tentado o convencer muitas vezes de ir comigo e ele nunca havia concordado. Também importante notar que foi Jaeger quem conseguiu essa proeza. De qualquer maneira: Marco foi.

Eu cheguei algumas cervejas depois dele, encontrando Marco já levemente alterado, conversando com Reiner e Bertholdt e dando gargalhadas.

Resolvi ficar sóbrio para me manter alerta caso ele extrapolasse. Essa foi minha pior decisão da noite. Mantê-lo em meu campo de visão era incrivelmente difícil. Era como se Marco houvesse percebido minhas intenções e estivesse fugindo de mim propositalmente. Eu estava tentando relevar Reiner se colocando em meu caminho toda vez que eu avistava meu amigo, estava tentando ignorar a presença incômoda de Connie e Sasha incrivelmente chapados fazendo piadas idiotas que não tinham a mínima graça para alguém que estava sóbrio e irritado.

Até eu os ver. Juntos.

Meu queixo caiu ao ver Marco e Jaeger se agarrando, sem camisa, em um canto da casa zoneada de Ymir. Fiquei parado, atônito, ouvindo os gemidos vindos da boca de cada um deles. Até que Marco abriu os olhos e – juntamente com um gemido provocado por Eren mordiscando seu pescoço – disse meu nome. Foi a gota d’água para mim. Saí correndo e fui para minha casa, me segurando para não voltar e espancar Eren Jaeger no meio da festa.

Dois meses depois e eu não havia dito uma palavra sequer a Marco. Havia ignorado todas as suas mensagens, todas as tentativas dele me contatar. Meus amigos não me pressionavam – eles sabiam como eu estava me sentido. A verdade é que todos – inclusive Jaeger – sabiam como eu me sentia com relação ao meu antigo melhor amigo. Menos ele.

Agora ele estava na frente de minha casa, jogando pedras em minha janela.

Minha música chegou ao fim e pouco antes de outra começar ouvi os gritos dele. Caralho, ele não desistia mesmo... Levantei da minha cadeira, de saco cheio e abri a janela.

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‘Puta merda, você não consegue entender que eu não to afim de falar com você? Preciso desenhar ou vai parar de dar uma de Romeu aí embaixo e ir embora?’ gritei de volta, cruzando os braços. Geralmente quando nos víamos nossos rostos se iluminavam com sorrisos, mas não daquela vez.

‘Dois meses.’ foi tudo o que ele disse antes de abaixar a cabeça.

‘Parabéns, você sabe contar. Agora pode ir embora.’ virei as costas para deixa-lo sozinho na rua.

‘Jean!’ congelei no lugar, sem voltar para encara-lo. ‘Abre a porta pra mim. Para de ser infantil e vamos conversar.’

‘Por que você não vai conversar com Jaeger? Tenho certeza que você vai acabar achando usos melhores pra boca dele no meio do processo.’ meu coração apertou ao dizer aquelas palavras. ‘Vai embora, Marco.’

‘Eu nem sei o que eu te fiz!’ meu sangue subiu à cabeça. ‘Se você não abrir a porta pra mim eu vou arrombar ela sozinho!’ ele me advertiu. Saí de lá e fui faze-lo, antes que ele me desse problemas maiores ou começasse um escândalo que chamasse a atenção da vizinhança toda. ‘Jean Kirschtein!’ começou a gritar, apressei o passo, tropeçando em alguns degraus, mas conseguindo chegar à porta antes dele a chutar.

‘O que você quer de mim?’ ele abaixou o pé, que já estava preparado para derrubar a entrada de minha casa.

‘Saber o que eu te fiz. Porra, Jean, eu te dei todo o tempo do mundo, como o pessoal me disse pra dar, mas dois meses é exagero, cara!’ minha mão foi de encontro com seu rosto. Aquilo irritou Marco e o fez partir para cima de mim. Caímos no chão nos batendo, até ele conseguir me imobilizar. ‘Mas que porra, Jean? Qual o seu problema?’

‘Meu problema é você.’ Seu queixo caiu no momento em que eu disse aquelas palavras. ‘Meu problema é ter aguentado meus sentimentos por você, calado, até dois meses atrás e encontrar você se pegando com aquele merda em uma festa. Festa que eu tentei te convencer muitas vezes de ir e você nunca quis, mas bastou o cara que faz minha vida insuportável te pedir uma vez e você não pensou duas vezes. Esse é o meu problema.’

Eu via nos olhos de Marco uma confusão clara. Ah, não era possível que ele não havia notado que aquele era o motivo de eu ter ficado puto. Ele não era tão inocente. Ou era?

‘Foi por isso?’ perguntou depois de passar um grande período de tempo calado. Eu assenti. ‘Jean, me desculpa...’ o brilho de seus olhos oscilou. ‘Me desculpa, mas eu não tinha como adivinhar que você gostava de mim. Você nunca me disse nada, você nunca deu a entender. Era óbvio que eu ia acabar me envolvendo com outras pessoas.’

‘Não com ele.’ Marco soltou minhas mãos – que, até o momento, segurava em cima de minha cabeça. ‘Nunca com ele.’

‘Você tinha que ter me dito.’ Sua voz saiu como uma bronca, o que me deixou ainda mais puto. ‘Não retruca, só aceita que você errou, Jean. Aceita que você fez merda. Você tinha que ter me dito.’

‘É, eu errei.’ Joguei meus braços por trás do pescoço de Marco. ‘Errei em achar que eu conseguia ser só seu amigo. Pra mim chega.’ o puxei para perto de mim e o beijei calorosamente. Marco retribuiu meu beijo quase que instantaneamente.

‘Nunca mais faça isso.’ Disse arfando ao nos separarmos. Percebi que havíamos trocado de posição e era eu quem estava por cima dele. ‘Se você parar de falar comigo de novo ou esconder alguma coisa de mim e me deixar no escuro eu nunca mais olho na sua cara, Jean.’ assenti.

‘Nunca mais beije Eren Jaeger e estamos combinados.’ Marco sorriu.

Depois daquilo eu, provavelmente, não conseguiria mais ficar ao lado dele sem esperar que fossemos algo a mais. Mas acho seguro dizer que Marco também não.