A Pianista

Capítulo 22


A tarde acabou passando e nós não conseguimos falar um com o outro. A primeira pessoa a sair foi a Naomi. Depois, o Hayato; Em seguida o Tatsuo e por fim eu. Tatsuo disse que me levaria para casa, mas eu recusei dizendo que não precisava. Agradeci o convite então tomei meu rumo e Nagashima o dele. Voltei para casa com minha cabeça trabalhando a mil, novamente. Ainda me pergunto: "Por quê? Por que tudo isso foi acontecer? Justamente comigo? Por quê? " Cheguei em casa me desmanchando.

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– Cheguei! - gritei.

– Bem vinda, querida! - disse mamãe secando suas mãos pois estava lavando a louça - Ai meu Deus, Ayumi! Que machucado é esse em seu joelho? Caiu novamente?

– Não, estou bem... Só me distrai um pouco quando estava correndo. Ah mãe... posso falar com você sobre uma coisa?

– Mas claro, queria. O que é?

– POR QUE VOCÊ DISSE AQUILO PARA O NAGASHIMA???? - disse revoltada. Senti minhas bochechas ficarem vermelhas, novamente.

– O-o quê? A verdade?

– MÃE! - senti algo quente sair dos meus olhos e escorrer pela bochecha. Por que comecei a chorar? Vergonha?

– Oh, querida. Eu não sabia que você iria ficar assim...

Mamãe me abraçou e começou a acariciar minha cabeça delicadamente. Quando ela me abraçou, parece que eu estava segura e que todos os meus problemas e feridas haviam sido curadas. Como um remédio. Me senti segura em seus braços, então comecei a chorar mais forte ainda ao lembrar dos meus problemas.

– Querida, por que choras? - disse mamãe se afastando um pouco de mim e levantando minha cabeça. Ela sempre fazia isso quando estava machucada quando pequena.

O que falar para mamãe? Que sou fraca? Que não posso me conter em algum tipo de obstáculo que eu não passo mais? Que os problemas de antigamente acabaram vindo para o presente apenas para me derrubar? Sequei minhas lágrimas e apenas disse:

– Eu sei lá... Saudade desse abraço caloroso... Mas é que sei lá... Estou passando por tantos sentimentos e confusões que parece que vou desmoronar. Não sei como você consegue suportar tudo isso - disse com um sorriso envergonhado para mamãe.

– Querida, a qualquer momento você pode, deve, procurar sua mãe. Pois saiba que ela sempre estará aqui para te proteger e fazer o que for possível para te deixar feliz. Prometo que nunca mais envergonharei você daquele jeito na frente de seus amigos.

Ela me deu um beijo doce e delicado na testa e depois me abraçou novamente. Depois acabei subindo para meu quarto e fui tomar um banho para tentar relaxar um pouco. Depois do meu banho, fui realizar minhas tarefas escolares de casa. Não sei se acabei fazendo tudo, porque peguei no sono.

_____

Na manhã seguinte, acordei com mamãe cantando. Espera, deixa eu voltar a pensar no que acabei de dizer: "acordei com mamãe cantando". Ela sempre está com um sorriso no rosto pela manhã, mas nunca cantando. Se ela não está sorrindo está cantarolando. Mas NUNCA cantando! O que será que aconteceu com ela? Desci as escadas, ainda de pijama, e fui até a cozinha.

– Bom, dia... - disse bocejando enquanto secava uma bolinha de lágrima que se formara no meu olho direito.

– Bom, dia! Fiz torradas e seu chá verde. Aproveite, querida!

Que bicho mordeu ela? Sentei na mesa e peguei a torrada sem tirar o olho confuso da mamãe.

– Mãe...? Você está bem?

– Mas claro! Estou ótima!

– Ok, o que aconteceu?

– Ah... Nada não... - disse sorrindo.

Mãe... Fala, o que aconteceu? Você está aí toda feliz, cantando e tudo mais. O que foi? Jogou na loteria e ganhou o prêmio?

Ela sentou na mesa junto comigo, na minha frente, e ela com um sorriso que não se fechava ficou corada. Mamãe falou o motivo. Queria voltar minutos atrás para não perguntar o que aconteceu com ela. Naqueles segundos daquelas palavras, meu mundo caiu, desabou. Eu senti minha alma sair do corpo tombando para trás. Demorei uns três minutos para me recompor.

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– Q-q-q-q-QUÊ?????????

– Eu sei! Não é uma fofura da parte dele?

– Mas você o quê???

– Sim - disse sorrindo ainda mais.

– Q-q-q-q-QUÊ?????????

Jesus, José e Maria! Christopher Jonson, nosso vizinho, o inglês, pediu mamãe em casamento! Nosso vizinho (repito se necessário: nosso VIZINHO, um INGLÊS pediu mamãe em CASAMENTO), será agora meu pai?! Não! Não! Não!

– Querida, mas você não gosta dele? - disse mamãe agora um com pequeno sorriso no rosto.

– B-bom, s-sim... Mas é que... Eu não estou preparada!

Me levantei rapidamente e fui andando do mesmo ritmo para meu quarto, mas voltei para o cozinha. Ainda com cara de brava, peguei uma torrada e passei minha geleia de fruta favorita: frutas vermelhas. Depois com uma torrada na boca, fui para meu quarto. Arrumei minhas coisas, coloquei meu uniforme e fui para o colégio. Tenho o costume de toda vez que sair, avisar mamãe com um "Estou saindo", mas dessa vez não disse nada.

Ao chegar na escola, eu era praticamente a única pessoa lá. Acho que cheguei muito cedo. Sentei em um banco onde ficava em frente ao ginásio, onde tinham árvores de Sakura. Ali, também a tal árvore de Sakura que não havia flores. Fiquei hipnotizada por um bom tempo, quando vejo que o Hayato sentou ao meu lado.

– Bom dia, Ay-chan! - disse com um sorriso no rosto.

– Ah, b-bom dia...

– Observando as árvores é...?

– Pois é... Não sei por quê aquela árvore ali não tem flor - disse apontando para a árvore escura e sombria no canto do ginásio.

– Há uma lenda sobre ela, sabia?

– U-uma lenda? - disse focando minha atenção no meu amigo.

– Sim... As árvores que temos aqui no colégio, foi plantada e cuidada graças aos antigos alunos do colégio. Dizem que essas árvores que foram plantadas por tais alunos, carregam consigo a sua alma também. Como se as árvores fosse um "segundo corpo". Então, se acontece alguma coisa com seu "dono", as árvores sofrem também. Se é verdade eu não sei, mas já cheguei a acreditar nisso. Disseram que um menino que estudava aqui que plantou a árvore acabou quebrando o braço. No dia seguinte, a árvore dele estava com um galho quebrado, quase caindo no chão. Era impossível aquele galho ter quebrado sozinho, pois era forte e grosso.

Uou! Essa escola é mais macabra do que um festival de bruxas.

– Mas quanta besteira, Kazumi. - disse uma voz atrás de nós.

Nos viramos rapidamente e então era Tatsuo. Estava com sua bolsa segurada na mão esquerda e com a mão direita estava no bolso.

Logo em seguida a Naomi chegou nos cumprimentando. Cumprimentamos também e ela acabou puxando assunto enquanto estávamos indo para as salas.

– Tiveram dificuldade para estudar?

– Não... Foi tranquilo – respondeu Tatsuo.

– Por que teríamos? – perguntei.

– Ah, é que vocês disseram que não estavam entendendo a matéria muito bem. Mas fico feliz que hoje mostrará que entendeu! Assim pode mostrar ao professor que é capaz.

Acho que ela enxergou um ponto de interrogação enorme saindo da minha cabeça fluorescente piscando. Para me ajudar, ela disse pausadamente palavras chaves.

– O teste... de matemática... de hoje...

– O QUÊ?????!!!!! – disse o Hayato

– Não me diga que vocês dois não estudaram?! – disse a Naomi arregalando seus belos olhos azuis.

Eu e o Hayato começamos a dar risadinhas, mas por dentro estávamos correndo desesperados em círculos (eu até vi o Hayato meter a cara num poste...). O Hayato-kun acabou correndo até a Naomi agarrando-a pelos braços.

–Nao-chan! Por favor! Diga-me TUDO que sabe!

Enquanto o Kazumi acabava sugando as informações da Naomi, Tatsuo nos chamou para subir para a sala. Eu nunca fui boa em matemática, mesmo estudando. Agora sem estudo, irei zerar aquela prova. O professor entregou os testes e escutei o Hayato murmurar.

– Ah, droga! A Naomi acabou de falar isso para mim! Vou chorar... Quero minha mãe - disse já choramingando.

Mas logo foi repreendido pelo professor. Queria rir, mas a situação também estava crítica para o meu lado. E agora? Agora é fazer esse teste e se preparar para a recuperação.