Síndrome de Estocolmo

Acho que ele precisa de um filho


Capítulo 20 – Acho que ele precisa de um filho.

—Eu não acredito nisso! – Falou o garoto, que descobri que se chama Harley, ao ver Clint tirar o quinjet do modo camuflagem

—E vocês deixaram ele em qualquer canto? - Ralhou Tony abrindo a porta do quinjet e subindo

Apenas dei um olhar de “eu avisei” para Clint mas ele bufou e pendeu a cabeça pra trás

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—Não mexa em nada garoto – Ralhou Tony já se sentando na cadeira do co-piloto e utilizando o computador de bordo

Harley, andava de um lado pro outro no quinjet querendo tocar em tudo

Eu só espero que ele não descubra a parede das armas

—Consegue Hackear? - Perguntei a Tony me sentando na cadeira do piloto

—Não dependo de Jarvis para tudo – Falou Tony arrogante dando um sorriso confiante

—Apenas perguntei, por que talvez o agente ali posso ajudar com isso – Falei sorrindo e apontando com a cabeça para Clint que mexia concentrado em um tablet

—Prefiro doar minha fortuna antes de fazer isso

Apenas ri e abaixei a cabeça segurando o braço de Tony

—Essa arrogância que te trouxe até aqui, não se esqueça disso. Passar seu endereço para um terrorista, o que estava pensando?

—Talvez essa não tenha sido minha melhor escolha

—Você anda fazendo muitas delas ultimamente – Tony me olhou irritado mas apenas balancei a cabeça negando - Você está bem Tony, de verdade?

Perguntei olhando no fundo de seus olhos castanhos escuros.

Eu adorava Tony, ele era como um super irmão mais velho pra mim, mas com o passar dos meses ele estavam piorando, ao invés de superar os eventos de Nova Iorque, ele parecia definhar com essa lembrança

—Você não precisa se preocupar eu sou...

—Não, você não é de ferro, sua armadura é, não você!

—Você não precisa me lembrar disso – Admitiu Tony visivelmente abalado

—Tony, as vezes eu preciso. Você está nitidamente abalado com o que aconteceu com Happy e tudo bem! Só que precisamos procurar ajuda de um profissional para nos ajudar

Tony me encarou por longos minutos, sua respiração começou a ficar acelerada e ele visivelmente agitado.

—Temos que acabar com isso logo. - Tony falou colocando um ponto final na discussão

Ele estava visivelmente agitado e irritado.

Em poucos minutos Tony conseguiu contornar o firewall da empresa e entrar em seus arquivos e logo de imediato um nome chamou nossa atenção.

Projeto Extremis

Apontei para Tony a pasta que logo tratou de abri-la, o primeiro arquivo era de um soldado de aparentemente 22 anos, ele possuía os cabelos loiros curtos num corte militar

—Qual foi o momento mais importante mais importante da sua vida – Falou uma voz que até então não aparecia no vídeo, havia apenas um grande close na face do garoto

—Acho que foi o dia que não me deixei abalar pela lesão

Tony trocou o vídeo para o próximo e agora tinhas uma mulher ruiva, ela possuía sua face esquerda queimada, e não tinha o ante braço em seu braço esquerdo

Eu não duvidava nada que fosse um ferimento de bomba

—Seu nome

—Ellen Brandt

—É a mulher que me atacou no bar

—Como ela te atacou sem um braço - Perguntei curiosa. Tony sabia lutar, era difícil acreditar que ele tinha perdido essa briga

—Ela tinha os dois – Conclui Tony

—Como assim?

—É isso que vamos descobrir

Tony passou para o próximo vídeo e agora ele se iniciava num homem austero com cabelos loiros longos até os ombros e uma barba grisalha. Ele tinha as feições fundas de quem não comia nem dormia muito bem.

Com certeza um acadêmico.

Incapacitados, aleijados, vocês são a próxima iteração da evolução humana, não aqueles mutantes imundos. Então antes de começarmos, prometo que ao olharem para trás não haverá nada tão amargo como a lembrança do glorioso risco que prudentemente quiseram assumir. Hoje é a sua glória.

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A câmera mostrava várias pessoas em macas verticais completamente amarradas enquanto recebiam algum tipo de medicamento

Aquilo não ia dar bom

Não demorou muito para as pessoas incandescerem por dentro como se realmente tivessem lava dentro delas, e o mais estranho não era isso. Era que a “lava” que estava dentro delas faziam o membro faltante delas crescer

—Eles estão tentando criar o gene X – Falei relembrando do que Collin havia me falado na noite anterior.

Será que era por isso que tentaram me matar? Por causa do meu DNA?

Não precisamos assistir mais cinco minuto de vídeo para descobrir que havia uma falha.

Uma das cobaias começou a gritar agonizando de dor, e quando a câmera focalizou-o não precisou de muito para perceber que algo tinha dado errado com ele, ele pulsava como se houvesse uma explosão dentro dele que quisesse sair e ele apenas ficava cada vez mais incandescente

—Uma bomba que não é uma bomba – Sussurrei parafraseando Tony ao ver o corpo da cobaia explodir e todo o vídeo ficar preto

—Parece que ele encontrou um comprador pro projeto dele finalmente, Mandarim – Falou Tony me olhando sério

—Mas o projeto claramente tem falhas.

—E ele deve mandar essas falhas para os locais que ele deseja explodir

—Resolvendo dois problemas em um

—Eu o peguei – Tony deu um sorriso orgulhoso

Mas obviamente o que é bom dura pouco

—Gente, acho que vocês vão querer ver isso – Falou Clint vindo em nossa direção e colocando o tablet sob o painel de controle para que todos pudéssemos assistir

Logo o símbolo característico do Mandarim começou a aparecer na tela

Sem dúvida ele ia fazer um pronunciamento se gabando da morte de Tony mas não foi bem isso que vimos a seguir

Sr. Presidente, só faltam duas lições. E pretendo concluir isso antes da manhã de natal. Conheça Thomas Richards

A câmera se abriu e aos pés do homem encapuzado, Mandarim, havia um senhor jogado no chão, não conseguia saber sua idade, apenas via seu cabelo branco e corpo rechonchudo. Mandarim apontava uma arma diretamente para sua cabeça

—Nome bom e forte, com uma função boa e forte. Thomas é contador da RoxxonOil Corporation, mas tenho certeza que ele é um bom sujeito. Vou dar um tiro na cabeça dele, ao vivo na sua televisão em 30 segundos. O número deste telefone está no seu celular.

Dava para ouvir claramente o homem ao chão gritar socorro e aquilo era agonizante, eu sentia praticamente o desespero daquele homem em mim

Tinha que fazer alguma coisa.

—Eletrizante não é, imaginar como foi parar aí – Continuou Mandarim - América! Se seu presidente me ligar nos próximos 30 segundos. Tom Viverá. Valendo!

Percebi que Tony já estava em pé ao lado de Clint com os punhos cerrados, Clint apertava a cadeira do piloto tenso e irritado

Eu sentia que se pudesse os dois gostaria de voar naquele instante para onde quer que Mandarim estivesse e o matar a sangue frio ali mesmo.

A tensão foi despertada quando o telefone ao lado de Mandarim tocou, aquilo pareceu relaxar todos nós, dar esperança

Mas ela não durou muito

Mandarim deu um sorriso sombrio e atirou na cabeça do Sr. Fazendo espalhar sangue por todo tapete enquanto o homem tinha seus últimos resquícios de vida esvaziados em seus olhos arregalados e assustados.

Ouvi um soco forte e percebi que era Tony que havia socado a parede do quinjet revoltado

Ele parecia uma bomba relógio prestes a explodir.

—Falta só uma lição Presidente Ellis. Então fuja, esconda-se, despeça-se de seus filhos. Porque nada, nem seu exército, nem seu cão raivoso azul podem salvá-lo. Nós veremos em breve.

E como a gravação apareceu, ela sumiu da tela

—Temos que fazer algo – Falei me levantando e acariciando as costas de Tony tentando acalmá-lo – E rápido

—Vou tentar rastrear o sinal de onde a transmissão foi feita – Tony voltou a se concentrar no computador de bordo e me juntei Clint que estava apoiado numa ilha no centro do quinjet

—Por que vocês não fazem nada? – Perguntei curiosa para Clint parando ao seu lado

—Provavelmente estávamos fazendo – Clint suspirou cansado e se virou pra mim – Mas se algum herói se intromete na história deixamos de lados. - Clint olhou para Tony por longos minutos para por fim me dar um sorriso – Esses caras erram bastante, mas no fim eles dão um jeito. Além de que o Mandarim parece precisar diretamente de Tony. E você sabe como ele gosta de fazer as coisas sozinhos

—Isso é verdade

—Alguns heróis tem que enfrentar seus próprios vilões

—E quem é o seu? - Perguntei curiosa

—E eu sou um herói? Sou um agente

—Você esteve em Nova Iorque – Sussurrei baixo vendo que Harley estava agora ao lado de Tony

—Você também

—O meu foi morto ontem – Falei dando um sorriso divertida

—Bem, se for assim eu...

—Miami, Florida – Falou Tony se levantando num pulo

—Ele está em Miami? O que ele está fazendo lá? O local do próximo ataque talvez?

—Não temos tempo para especular, são quase quatro horas de voo até lá. E já é dia 24. Temos pouco mais de 24h antes de Mandarim dar sua jogada

Eu apenas acenei concordando

—Agora, prioridades primeiro. Criança, como está a armadura?

Percebi que Harley tirou um grande tablet vermelho do casaco e verificou alguma coisa

—Não está carregada

Tony pareceu ter levado um tiro naquele momento, ele se apoiou na cadeira do co-piloto levando a mão no peito respirando apressadamente. Tony começou a correr desesperado para fora do quinjet e assim que saiu caiu de joelho no chão como se ele tivesse se afogando

—Tony, você está bem? - Perguntou Clint preocupado

—Você está tendo outro ataque de ansiedade, não é? - Perguntou Harley indo de encontro de Tony – Mas eu nem mencionei Nova Iorque

E parece que apenas citando o nome da cidade ele piorou as coisas. Tony começou se afastar de nós correndo para longe, mas Harley o seguiu, tentei ir atrás mas Clint me impediu

—Acho que aquele menino dá conta

—Mas Tony está tendo uma crise de ansiedade!

—É normal, estresse pós traumático – Falou Clint – Todos nós tivemos. Eu, Natasha e Steve aceitamos a ajuda da SHIELD e fizemos acompanhamento psicológico, alias ainda fazemos

—Tony devia fazer também

—E Fury sugeriu, mas Tony decidiu que iria resolver sozinho

—E por que ninguém me ofereceu isso?

—Tínhamos que manter você em segredo.

—Acima da minha sanidade?

—Você está melhor que muitos de nós - Admitiu Clint me dando um sorriso carinhoso - Você pareceu aceitar bem tudo que aconteceu

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—Bem eu não diria – Admiti lembrando as primeiras noites sem dormir – Mas eu tinha tanta coisa na cabeça, na verdade ainda tenho que acho que nem processei direito tudo que está acontecendo

Percebi que Tony voltava andando com Harley, aparentemente mais calmo

—Vamos ter que dar uma saída pombinhos

—Não íamos para Miami?

—E vamos, mas antes disso preciso dar uma passada em um lugar primeiro – Tony deu um meio sorriso para a criança que acenou concordando

Eu e Clint nos entreolhamos preocupados mas a frese que Clint havia acabado de falar ecoou em minha mente

“Esses caras erram bastante, mas no fim eles dão um jeito.”

—Está certo – Admiti dando os ombros - Não tenho ideia do que vamos fazer mas esperamos você aqui para partir para Miami

Clint jogou as chaves do carro para Tony que a pegou no ar

—Voltamos logo

Tony foi em direção ao carro com Harley em seu encalço

—Acho que Tony precisa de um filho – Admitiu Clint enquanto guardava seu arco

—Eu não duvido, ele está bem envolvido com o Harley

—Eu diria que até amigo dele

Clint digitou alguma coisa no tablet fazendo uma calma de solteiro surgir de uma das paredes do quinjet

—Um descanso enquanto eles não voltam? - Clint já se deitou na cama e deu batidas ao seu lado me indicando para me deitar também.

Fechei a porta do quinjet rindo e me juntei ao arqueiro.

—Não é um Hotel Hilton mas dá para o gasto – Brinquei fazendo carinho nos cabelos de Clint

—Meu Deus vou ter que te levar em um hotel Hilton um dia

—Vai – Admiti rindo

Ficamos longos minutos em silêncio e estava quase dormindo quando ouvi Clint falar

—Na verdade gostaria de te levar a outro lugar

Abri os olhos curioso e percebi que Clint me olhava sério

—Como assim?

—Kim, o que eu fiquei fazendo esses meses que estive fora foi procurando sobre mutantes – Falou Clint me olhando sério, me virei ficando de frente para ele podendo vê-lo melhor

—Por que você fez isso?

—Existem muitos mutantes nesse mundo, sabemos disso. Alguns por fatores genéticos, como você - Clint acariciou me braço suavemente – E eu queria entender isso, poder te ajudar com seus poderes

Clint fez uma pausa esperando-me falar algo, mas eu não tinha o que falar, só queria entender onde ele queria chegar

—Estudando os arquivos da SHIELD sobre mutantes percebi que todos eram associados a uma pessoa, Charles Francis Xavier, professor X

—Nunca ouvir falar dele

—Ele se mantém no anonimato, na verdade a maioria dos heróis se mantem com a exceção de Tony

—Mas e Steve?

—Acreditam que o manto do Capitão América foi passado a outra pessoa e que Steve realmente morreu congelado

—Certo, e você quer que eu conheça esse Charles?

—Charles em nossos arquivos é descrito como maior telepata mutante que sabemos que existe – O olhei surpresa

Realmente existe alguém tem poderoso assim?

—E você foi atrás dele?

—Sim, fiquei com ele algumas semanas, mas nem todos os mutantes concordam com o Professor X faz – Admitiu Clint apontando para as costelas e fazendo uma careta

—E o que ele faz?

—Ele tem uma escola para treinar mutantes, a Mansão X

Fiquei uns minutos em silêncio. Havia realmente uma escola para mutantes, um que poderia me ensinar controlar meus poderes, poderia aprender a tornar isso útil.

Uma centelha de esperança se acendeu em mim

—E você quer que eu me matricule nessa escola?

—Não, eu quero que você conheça o Professor X, e a Mansão, ai SE você gostar ele poderia te ajudar

Senti meu coração se aquecer com essa frase, Clint não parecia querer me impor nada ou decidir por mim, e desde que descobri meus poderes parece que é o que as pessoas mais vem tentando fazer comigo, me controlar e fazer escolhas por mim

Mas saber que Clint não queria fazer isso me fazia sorrir

—Isso é sério?

—Claro, faltam pouco mais de 6 meses para você se formar e você já deixou claro que isso é bem importante para você. Talvez após a faculdade.

—E eu não vou ser velha demais para essa escola? – Falei torcendo o nariz

Não queria ter que treinar com um monte de criança

—Não - Falou Clint rindo - Há pessoas de várias idades na mansão eu mesmo garanti isso, não se preocupe

Dei um sorriso e me aconcheguei mais no peito de Clint o fazendo me abraçar apertado

—Obrigada Clint

—Pelo que?

—Por me dá escolhas.