Cabeça de Javali

Hoje vai ser a primeira visita a Hogsmeade. Harry aceitou a proposta de Hermione e ele vai dar aula de DCAT. Eu ainda não aceitei a proposta dele.

Depois do café da manhã, fizemos uma fila e Filch conferiu nossos nomes na lista de alunos que tinham permissão do responsável para visitar Hogsmeade. Filch se aproximou de Harry e o cheirou. Franzi as sobrancelhas.

─ Por que o Filch estava cheirando você? – pergunto

─ Imagino que estivesse procurando cheiro de Bombas de Bosta. Esqueci de contar a vocês – Harry diz e nos conta toda a história

─ Ele falou que alguém lhe dera uma dica de que você estava encomendando Bombas de Bosta. Mas quem terá sido? – Mione diz

─ Não sei. Talvez Malfoy, ele acharia isso uma grande piada – Harry diz.

─ Malfoy não faria isso. Seria muito óbvio. – Digo

─ Malfoy? Bom... É... Talvez – Mione diz

─ Aonde é que estamos indo, afinal? Ao Três Vassouras? – Harry pergunta

─ Ah... Não – disse Hermione -, não... Está sempre lotado e muito barulhento. Disse aos outros para nos encontrarem no Cabeça de Javali, o outro pub, sabe qual é, fora da estrada principal. Acho que é um pouco... Sabe... Suspeito, mas os estudantes em geral não vão lá, por isso acho que não seremos ouvidos.

– Mione, você é tão inocente. No Três Vassouras tem muito barulho, então ninguém escutaria nossa conversa. No Cabeça de Javali qualquer um que entra escuta tudo – digo.

─ Agora já é tarde demais para mudar o local – Mione diz.

O Cabeça de Javali é um lugar completamente nojento e sujo. O lugar mais asqueroso que já fui. O Três Vassouras é muito melhor.

─ Sério Hermione? Sério mesmo? – pergunto

Ela encolheu os ombros e não falou nada. Havia poucas pessoas ali, mas as poucas que tinham eram muito estranhas. Esse lugar é todo estranho.

─ Não sei como está se sentindo, Hermione. Não lhe ocorreu que a Umbridge possa estar debaixo daquilo? – Harry diz olhando para uma bruxa estranha de véu

─ A Umbridge é mais baixa do que aquela mulher – Mione diz

─ Já ouviu falar em salto alto? – pergunto

Ela volta a falar com Harry e fico olhando em volta.

─ Você quer? – Rony pergunta me encarando

─ O que? – pergunto

─ Quatro cervejas amanteigadas, por favor – Mione diz.

─ Eu me recuso a beber qualquer coisa daqui – digo

─ Eu bebo a sua – Rony diz

─ Fique a vontade – digo

Eles continuaram conversando quando algo que Harry disse chamou minha atenção.

─ Então, quem foi que você disse que viria encontrar a gente? – Harry pergunta a Mione

─ Meia dúzia de pessoas – Mione diz.

─ Eu chamei minha amiga, a Kimberly – digo e Mione assente

─ Pedi para chegarem por volta dessa hora e tenho certeza de que todos sabem onde fica. Ah, veja, talvez sejam eles agora – Mione diz.

Entrou Neville, Dino e Lilá seguidos de Parvati e Padma Patil. Cho Chang – fiz uma careta ao vê-la ─ e uma de suas amigas. Luna, Katie, Alícia e Angelina. Depois dois garotos que são irmãos, acho que seus nomes são Cólin e Dênis. Ernesto Macmillan, Justino Finch-Fletchley, Ana Abbott e uma outra menina que está com uma trança no cabelo. Antônio Goldstein, Miguel Corner e Terêncio Boot. Gina e um garoto que reconheci por jogar no time de quadribol da Lufa-Lufa. Por fim, Jorge, Fred e Lino.

─ Cadê a Kimberly? – pergunto

─ Estou aqui – ela diz entrando e fica ao lado da Luna

─ Meia dúzia de pessoas? – Harry pergunta

─ É, bom, a ideia pareceu muito popular. – Mione diz – Rony, quer puxar mais umas cadeiras para cá?

Fred pediu cerveja amanteigada para todos, mas eu e Kimberly nos recusamos a tomar.

─ Oi, Harry. Oi, Alison – Neville diz sentando na frente de Harry que estava ao meu lado.

Sorrio e pisco para ele. Ele cora e dou risada.

─ Hum... Bom... Hum... Oi – Mione diz

Ela falou que seria bom se aprendêssemos defesa contra as artes das trevas e blá blá blá.

─ Com isso, eu quero dizer aprender a nos defender direito, não somente em teoria, mas praticando realmente feitiços – Mione diz.

─ Mas acho que você também quer passar no N.O.M de Defesa Contra as Artes das Trevas, não? – um menino pergunta, acho que seu nome é Miguel

─ Shh. Deixe-a falar – digo

Hermione volta a falar até que um menino otário a interrompe num tom bem agressivo.

─ E cadê a prova de que Você-Sabe-Quem retornou? – ele pergunta

─ Bom, Dumbledore acredita que sim – Mione tenta dizer

– Você quer dizer que Dumbledore acredita nele – Ele interrompeu indicando Harry com a cabeça

─ Quem é você? – eu e Rony perguntamos ao mesmo tempo

─ Zacarias Smith, e acho que tenho todo o direito de saber exatamente o que faz você afirmar que Você-Sabe-Quem retornou.

─ Olhe, não foi bem para tratar desse assunto que organizamos a reunião – Mione diz.

─ Tudo bem, Hermione – Harry diz e me surpreendo.

Eu achei que ele ia ter uma crise de pelancas igual a que ele teve na aula da Umbridge e ele fala que está tudo bem? Menino estranho.

Harry tem uma breve discussão com esse tal de Zacarias Smith e logo Hermione volta a falar.

─ Então, como eu ia dizendo... Se vocês quiserem aprender alguma defesa então precisamos resolver como vamos fazer isso, com que frequência vamos nos encontrar e aonde vamos nos...

E interrompem a Mione de novo. Ninguém merece!

─ É verdade que você é capaz de produzir um Patrono? – a menina da trança diz

Algumas pessoas começaram a murmurar entre sim e me senti incomodada. Sim, eu sinto ciúme da atenção que Harry recebe. Poxa, eu também mereço um reconhecimento. Hermione merece um reconhecido. Rony merece um reconhecimento. Mas todo o reconhecimento vai para o Harry.

─ Sou – Harry diz e me encara – Mas não sou o único

─ Harry, não precisa fazer isso para eu me sentir melhor – sussurro no ouvido ele.

─ É claro que ela sabe. Alison é a menina de ouro. Um Patrono é pouco para o que ela sabe fazer – Kim diz

─ Menos Kim – digo.

─ Um Patrono corpóreo? – a menina da trança pergunta alternando o olhar entre eu e Harry.

Eu assinto.

─ Hum... Você conhece Madame Bones? – Harry pergunta

─ É minha tia. Sou Susana Bones. Ela me contou como foi sua audiência. Então... É verdade mesmo? Você conjura um Patrono em forma de veado? – a tal da Susana Bones diz

─ Conjuro – Harry diz

─ Qual é a forma do seu Patrono, Ali? – Dino pergunta

─ Uma águia. – digo.

─ Caramba! Eu não sabia disso – Lino diz

─ Mamãe disse para Rony não espalhar. Disse que Harry já chamava muita atenção sem isso – Fred diz

─ Ela não está errada – Harry diz

Todos começam a lembrar a Harry das coisas incríveis que ela já fez e me sinto incomodada de novo.

─ Escutem, não quero parecer modesto nem nada, mas tive muita ajuda em tudo o que fiz – Harry diz.

─Não, com o dragão você não teve. Aquilo foi um voo super irado – Miguel Corner diz

─ É... Bom – Harry diz

─ E ninguém ajudou você a se livrar dos dementadores, agora no verão – Susana Bones diz.

─ Não. Não, ok, eu sei que fiz algumas coisas sem ajuda, mas o que estou tentando dizer é que... – Harry tenta dizer

─ Você está tentando fugir do compromisso de nos mostrar tudo isso? – Zacarias pergunta

─ Tenho uma ideia, por que você não cala a boca? – Rony diz

─ Posso calar para você – digo sorrindo de canto e ele me olha com os olhos arregalados. Depois volta a postura séria de antes.

─ Ora, todos viemos aprender com Harry, e agora ele está dizendo que, no duro, não sabe fazer nada disso – Zacarias diz

─ Não foi isso que ele disse – Fred diz

─ Zacarias, né? – digo e ele assente – Você é burro ou é retardado mesmo? Hora nenhuma Harry disse isso. Você é otário assim mesmo ou faz cursinho?

Ele me encara com os olhos arregalados. Todos me encaravam assim.

─ Quer que a gente limpe seus ouvidos para você? – Jorge pergunta, tirando um longo instrumento metálico da sacola da Zonko’s.

─ Ou enfie isso em qualquer outra parte do corpo, para falar a verdade, não somos muito luxentos – Fred diz e tento não dar risada.

Eu definitivamente amo esses caras.

─ Bom, continuando... A questão é: estamos de acordo que queremos ter aula com o Harry? – Hermione pergunta

Ouço um murmúrio de aprovação.

─ Mas vou precisar de uma ajudante – Harry diz me fitando.

─ Eu não sei... Eu... Eu não levo jeito para essas coisas ─ digo

─ Por favor ─ Harry diz e suspiro

─ Tudo bem. Eu vou ser sua “ajudante” - digo

─ Aula com o menino que sobreviveu e com a menina de ouro? Não posso perder – Fred diz brincando

─ Aula com a filha de um assassino?– Zacarias diz e todos começam falar ao mesmo tempo

─ Meu pai não é um assassino! – quase grito e quase todos ficam em silêncio

─ Não? Ah me poupe Alison ─ Zacarias diz

─ Alison vai ser uma excelente ajuda para o Harry – Kimberly diz – Você não sabe de nada e quer justificar. Você não conhece a Alison, mas eu conheço e sei que ela e Harry vão formar uma ótima dupla.

─ Vamos sambar na cara das inimigas de salto agulha – sussurro no ouvido do Harry e ele ri baixo.

─ Se pararmos para pensar quem se lembra da Alison no ano da pedra filosofal e no da câmara secreta? Ninguém se lembra, mas do nada no ano que o pai dela fugiu ela apareceu em Hogwarts. Não é suspeito? Uma menina que sabe fazer coisas que os outros estudantes não sabem poderia ter ajudado o seu pai a fugir – Zacarias diz

─ Você é meu fã encubado. Só pode. Eu estudava em Beauxbatons – digo

Hermione logo muda o assunto. Várias pessoas começaram a falar que as aulas não podem ser no horário do treino de quadribol deles e blá blá blá. Só que Luna fala algo que faz todo mundo olhar para ela.

─ Bom, isso faz sentido. Afinal de contas, Cornélio Fudge tem um exército particular – Luna diz.

─ Que? – Harry diz

─ É, ele tem um exército de heliopatas – Luna diz e vejo Kimberly colocar a mão na boca para abafar a risada.

─ Não, não tem – Mione diz.

─ Tem sim – Luna diz

─ E o que são heliopatas? ─ Neville pergunta

─ Não precisava ter perguntado – sussurro

Luna Lovegood é meio lunática. Ela é bem legal, porém fala umas coisas muito sem noção.

─ São espíritos do fogo. Figuras altas, grandes e flamejantes que galopam pela terra queimando tudo que encontram – Luna diz.

─ Isso não existe, Neville ─ Hermione diz.

─ Ah, existe, existe sim ─ Luna diz

─ Me desculpe, mas onde está a prova de que existe? ─ Mione pergunta

─ Há muitos depoimentos de testemunhas oculares. Só porque você tem a mentalidade tão tacanha que precisa que enfie as coisas embaixo do seu nariz – Luna diz

─ Hem hem

Eu dei um pulo da cadeira e olhei em volta. Foi a Gina. Ai que susto! Achei que tive sido a sapa velha. Caímos na gargalhada ao perceber que era Gina.

─ Nós não estávamos decidindo quantas vezes vamos nos encontrar para tomar aulas de defesa? – Gina pergunta

─Estávamos – Mione diz

─ Bom, uma vez por semana parece legal ─ digo.

Eles começaram a tentar discutir o local, mas ninguém sabia de um lugar que pudéssemos ter aula. Todos nós assinamos nossos nomes numa lista. Aos poucos as pessoas foram indo sobrando apenas eu, Harry, Hermione, Kimberly e Rony.

Rony tem uma crise por saber que Gina está saindo com Miguel Corner. Revirei os olhos. Gina pode sair com quem ela quiser.

─ E por falar em Miguel e Gina... E a Cho e você? ─ Hemione diz

─ Como assim? ─ Harry pergunta

─ Bom, ela simplesmente não conseguia tirar os olhos de você ─ Mione diz.

Senti algo estranho. Uma raiva da Chang, vontade de colocar um selo nela e manda-la pra bem longe daqui. Ou de tortura-la com a maldição cruciatus. Fiquei um pouco chateada com o que Mione disse, mas não sei o motivo disso.

Sai de lá sem me despedir de ninguém e ouvi passos atrás de mim. Virei para trás e vi minha melhor amiga.

─ Tudo bem? Você ficou estranha do nada – Kim diz

─ Tudo. Vamos a Dedosdemel? – pergunto forçando um sorriso

Se eu não entendi o que está acontecendo, a Kim vai entender menos ainda.

─ Essa é minha melhor amiga ─ ela diz e vamos em direção a minha loja preferida em Hogsmeade.